Vidas.
"Num dia normal seria uma manobra tolerada com a indiferença que se estende a um lugar-comum, um suspiro com que se brinda uma grosseria como tantas que vemos no dia-a-dia. Uma atrás das outras, atrás das outras. Seja.
Mas a alarvidade técnica do senhor que atravessou o seu BMW à frente do meu carro numa destas noites tinha algo de pérfido. Como um daqueles fulanos-víboras que têm o condão de trazer um ar gélido a uma sala, um bafo de discórdia, e que deixam, quando saem, amigos e amigas de longa data, namorados e namoradas, maridos e mulheres aos berros uns com os outros. Sem saberem porquê.
Há manobras que não se fazem. Ultrapassagens pela direita, manobras pela sombra, da esquerda para a direita e de volta à esquerda, que só nos fazem lembrar o que de pior tem a política cá do burgo. É isso! Tinha um qualquer travo a política, a manobra do BMW preto brilhante.
Algo de irresponsável. Inimputável. Um travo manipulativo, com um gosto a transgressão. Mas ao mesmo tempo subtil e servido com o ar mais natural do pequeno mundo de quem apanha a 2ª Circular todas as noites para ir para casa. E com a polícia ali a dois metros... Obviamente que, por esta altura, já estava de cabeça perdida com o condutor do carrão preto. Que obviamente vê mal, ou não se preocupa com a (gorda) multa que a Brigada de Trânsito lhe poderia passar, ali mesmo a dois metros...
Apitei, e recebi a indiferença dos quatro piscas e um acelerar, a soltar borracha de pneu para cima do Fiat Uno que costumo arrastar por aí. - Eu que até sou um cidadão que paga os seus impostos - . Pisei a fundo e passei ao lado do BMW preto (há alturas em que é preciso dizer basta...), só para ver se o tipo tinha cara de palhacinho. Só para confirmar se a condução de pato bravo se lhe confirmava na cara..."
Autor desconhecido
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