segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Números.

1/ "Em declarações à 'Rádio Renascença', o ministro disse que pela primeira vez nos últimos dez anos o número de processos pendentes em tribunal diminuiu, com uma descida de 0,4 por cento num universo de 1,7 milhões existentes. O Governo divulgou esta segunda-feira no Centro Cultural de Belém os benefícios surgidos com a alteração do regime jurídico das férias judiciais, que entrou em vigor no Verão passado. "Vivo com a realidade dos tribunais e não com a frieza dos números", disse o dirigente sindical Fernando Jorge afirmando que a falta de funcionários continua a fazer com que os tribunais estejam "saturados". Também Rogério Alves, o bastonário da Ordem dos Advogados, se mostrou surpreendido e referiu que "não há justificação" para a diminuição anunciada por Alberto Costa (mais aqui)."
As férias judiciais são aproveitadas pelos juízes para despachar os processos mais complexos. Evidentemente que o facto de se despacharem mais processos não é sinonimo de mais trabalho. É que existe sempre a possibilidade dos processos mais difíceis se arrastarem ainda mais tempo.

2/ "Segundo o Ministério, «o número de processos findos, durante os meses d e Julho, Agosto e Setembro de 2006, foi de 128.445, o que representa uma subida de 57,3 por cento». Em 2005, quando ainda estava em vigor o antigo regime de férias judiciais, «o número de processos findos durante Julho, Agosto e Setembro foi de 81.654».

Significa isto que os tribunais sempre trabalhavam nas férias judicias. Certo?

É sabido que os números e as estatísticas são fáceis de manobrar e de moldar de acordo com a vontade. Brevemente vão aparecer os números referentes à saúde, demonstrando a diminuição do tempo de espera, das filas de espera à porta dos Centros de Saúde, etc. E esta última até nem é difícil. Os centros estão todos a fechar…

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7 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Não pondo em causa a verdade dos números, sejam eles quais forem, das duas uma: ou mentem os magistrados ou os políticos.
Por mim aposto que são os políticos que mentem. Aliás, o mesmo se passa em praticamente todas as áreas de intervenção política. Creio até que as sondagens são uma farsa. Isto para não falar nos números do desemprego.
Já alguém se deu ao trabalho de analisar os números do desemprego dos ultimos 3 anos. Cresceram assustadoramente de 300.000 para 460.000 e o número mítico do meio milhão nunca foi alcançado?. Não é estranho? nos ultimos três anos quase chega ao meio milhão de desempregados e a fasquia nunca é ultrapassada, apesar do encerramento constante de empresas de toda a ordem?

Já agora uma palavra ao Sr. Vieira. Não entre na onda do desporto nacional que é a inveja colectiva.

Se há classe que não me parece previligiada em relação a outras áreas do poder, é de facto a magistratura. Se não se cuspir pró lado, é só olhar para as casas que são atribuidos para residência quando deslocados aos magistrados nas comarcas. Em certas zonas, são só as mais degradadas da região.

Não é com esse tipo de inveja que se ajuda o País.

Se você dissese que não compreende o porque de comitivas de secretários de estado com 6 8 ou mais carros top de gama com custos de 100.000 a 150.000 euros, com motorista e tudo, isso sim, estaria de acordo consigo.

Um Procurador da República, mal ganha para sustentar uma família, com um agregado de 4 pessoas. Não pertenço a nenhuma classe pública, mas conheço de perto a situação e não é assim.

Também não embarco na falta de justiça. Há bons juíses, o que não há é bons políticos metidos na justiça.

terça-feira, fevereiro 27, 2007  
Anonymous Anónimo said...

O senhor ministro da Justiça é comediante num circo que existe apenas na sua imaginação. Ao mesmo tempo, é publicitário desse mesmo circo. No entanto, engana os portugueses não dizendo a verdade completa. Que tal se dissesse que a pendência judicial diminuíu por via de expedientes que, em nada, abonam ao Estado, tais como o incentivo à desistência?
O Estado, cada vez mais, abre mão das suas responsabilidades, tendo-se iniciado com a despenalização dos cheques, por não se achar capaz de punir e reprimir a mesma, prosseguido com a política de incentivo à desistência processual, que já vai na segunda (Lei 73/2000 e Lei 66/2006) e, por último, despenalização do aborto, por não conseguir evitar que algumas mulheres abortem.
Até quando a falta de responsabilidade dos nossos políticas? Não tardará deixar de punir o crime em geral porque, até esse, nunca poderá deixar de existir. Pela mesma lógica...

terça-feira, fevereiro 27, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Mas estes desgovernantes acreditam mesmo no «realidade virtual» onde parecem viver (seriam então de uma estupidez incomensurável) ou são mentirosos relapsos e contumazes que apenas fazem a «gestão da mentira» que caracteriza a política deste descalabro civilizacional? Infelizmente parece-me que é esta a verdade. Destroem todas as infraestruturas e depois dizem que «funcionou». Sim, realmente «funcionou»... A Justiça está mais lenta e emperrada que nunca, se era esse o «objectivo», o de «rebentar com tudo».
Assim, a mentirosos (relapsos e contumazes), teremos de acrescentar hipócritas. Ao mais alto grau.

terça-feira, fevereiro 27, 2007  
Anonymous Anónimo said...

A questão é sempre a mesma, uma coisa é a propaganda, outra a realidade.
É óbvio que todos sabemos que os números e as estatísticas são fáceis de manobrar e de moldar de acordo com a vontade do artista.
Qualquer dia aparecerão os números referentes à saúde, dizendo que baixou o tempo de espera, que não há filas à porta dos Centros de Saúde desde as 5h. da manhã. De facto, em relação a muitos é verdade, já que têm as portas encerradas.
Porque não se pergunta aos utentes

terça-feira, fevereiro 27, 2007  
Anonymous Anónimo said...

A verdade é que os juizes sempre trabalharam durante as férias judiciais. Os juizes apresentavam o seu trabalho de ferias a 15 de Setembro, isto é, fora do período de férias judiciais. Logo, estes processos concluídos durante as férias nao contavam para a estatística oficial do muito trabalho produzido no Verão.

terça-feira, fevereiro 27, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Se esta notícia for tão verdadeira como aquela de que os professores estão a faltar menos então eu não acredito.
Já era tempo de a comunicação social começar a verificar a veracidade das informações que a máquina de marketing do governo vomita cá para fora.
Demagogia fácil e engana o tolo.
Já lá dizia a minha avó, o papel aceita tudo o que lhe põe...

terça-feira, fevereiro 27, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Os numeros são enganosos, porque os juizes sempre trabalharam nas férias. Esse período era frequentemente aproveitado para despachar os processos mais complexos, que requeriam mais estudo.

O facto de se despachar mais processos, não é sinonimo de mais trabalho, porque provavelmente despachou-se mais processos de menor complexidade. Enquanto que os processos mais dificeis, que são se calhar o que envolvem os interesses mais poderosos, vao-se arrastando.

terça-feira, fevereiro 27, 2007  

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