Ser or não ser?
"A partir do Portugal Profundo, António Caldeira, o mais polémico dos bloguistas, lançou dúvidas sobre o título de "engenheiro" do primeiro-ministro e conseguiu pôr o PSD a exigir esclarecimentos sobre o título universitário de José Sócrates (mais aqui)."Eis um exemplo de como os Blogues substituíram o jornalismo. Especialmente quando este se demitiu de informar devidamente os cidadãos e se limita a ler certos discursos. De qualquer forma, a "eventual desactualização” do título universitário de Sócrates não terá repercussões neste nosso Portugal.
Etiquetas: A voz do cidadão.
4 Comments:
Perante as surpreendentes e extraordinárias dúvidas colocadas pelo jornalista do PÚBLICO sobre a minha licenciatura em Engenharia Civil, que concluí na Universidade Independente, tive oportunidade de prestar todos os esclarecimentos necessários" - isto é a resposta de Sócrates em nota ao PÚBLICO.
Em primeiro lugar, ao contrário do que ele afirma, as dúvidas nada têm de extraordinário ou surpreendente: basta ver os sumarentos dados obtidos pelo PÚBLICO quanto ao processo da licenciatura, incluindo recadinhos pessoais, documentos sem eficácia porque não estão assinados, falta de numeração de folhas, etc.
Mas o "não Engenheiro Civil" José Sócrates refere ainda que "Não posso, porém, deixar de me indignar com mais uma campanha de insinuações, suspeitas e boatos que me pretende atingir na minha honra e consideração e que, à semelhança de outras de triste memória, assume uma dimensão difamatória e caluniosa. E têm sempre a mesma natureza - são veiculadas pelos mesmos meios, sob o anonimato dos blogues..."
O problema é que volta a mentir. Este blogue Do Portugal Profundo é que tem tratado deste dossiê e tem como responsável alguém que não se esconde em anonimatos: o António Balbino Caldeira.
Apesar de os blogues serem tão maus e mentirosos, a verdade é que Sócrates foge como o diabo da Cruz de outra questão que foi levantada (acompanhada de abundante prova) em "Do Portugal Profundo": ter andado a usar fraudulentamente o título de Engenheiro no Portal do Governo. Disso não fala ele!
Vamos ver se também isto será investigado pela Comunicação Social e como é que ele responderá.
A rasteirice dos nossos jornalistas fica, mais uma vez, demonstrada nos artigos do Público. Nem uma palavra em relação à fonte primordial de todo este imbróglio. "Corre na blogosfera" e nem uma só referência a este estimável blogue e ao seu vertical autor. Tal omissão conduz a outra conjectura: porquê só agora este jornaleco publica isto ? Não terá a ver com a falhada OPA da PT por parte do seu dono SONAE ? Não será, mais uma vez, manipulação da informação para atingir outros fins ? Se a engenharia socratiana para se fazer passar por aquilo que não é, é gravíssima, o uso chantagiador que transparece do Público é igualmente execrável. Assim decidi pôr ponto final na compra do pasquim ! A CS dita de referência "é uma vergonha" !
Homens e Mulheres como o A.B.C. são a última esperança deste Portugal apodrecido e moribundo.
Já li o que vem escrito no PÚBLICO, edição em papel.
O caso assume dimensões imprevistas.
*CASO LICENCIATURA:
- pautas não datas e não assinadas por quem tinha de atribuir as classificações e, portanto, sem qualquer valor jurídico;
- depoimentos de um docente que afirma que era regente de uma das disciplina e que nunca classificou José Sócrates;
- contradições na indicação (meramente verbal, claro) de quem teriam sido os professores das disciplinas em causa;
*CASO PÓS-GRADUAÇÃO:
-o PÚBLICO, afirma peremptorimente que a Pós-Graduação que Sócrates propagandeia no Portal do Governo afinal não existe!«José Sócrates admitiria ao PÚBLICO que o que frequentou foi uma "graduação nesta área", para engenheiros municipais, nos anos 80, quando tinha apenas o bacharelato». Tristemente, já depois da divulgação disto, as informações falsas continuavam a aparecer no Portal do Governo, no site do PS e no blogue de Sócrates.
*CASO DA FALSA INVOCAÇÃO DO TÍTULO DE ENGENHEIRO:
- "o gabinete do primeiro-ministro reconheceu que José Sócrates não era engenheiro mas desvalorizou o assunto".
«Na sequência da evidência de lacunas no currículo de José Sócrates (nomeadamente o seu grau de licenciatura) que tem sido demonstrada desde há tempo no Portugal Profundo (essa sim, uma investigação notável), o Público de 22 de Março publicou finalmente um trabalho jornalístico que pretendia o seu esclarecimento.
Se fosse outro país era estranho que só tanto tempo depois dos rumores algum jornal pegasse nisto, mas aqui nada espanta. É dado adquirido que o país não só desvaloriza a mentira como a premeia, e isso já disse neste blog até à exaustão neste últimos três anos e nem vale a pena dizê-lo de novo.
A mim o que me chocou profundamente no editorial do Público, apenso à notícia, foram estas palavras:
E, entre os seis membros da direcção do PÚBLICO, só um completou a licenciatura, e não é o director.
A inversão de valores é de tal ordem que esta gente parece ter orgulho em não ser licenciada. O que devia ser uma excepção, um indíviduo de grande capacidade intelectual chegar, sem estudos superiores, a cargos de grande responsabilidade, devido ao seu mérito excepcional (sublinho a palavra excepcional), parece ser a norma, norma essa de que a elite que dirige o Público se orgulha.
É também esta a elite que nos governa. Uma elite que despreza a Educação, que caga nela, que se gaba de não a ter.
O que nos leva a outra questão, ainda mais importante: se a Educação em Portugal não serve para aprender, serve para quê?
O que me leva à competência do primeiro ministro. Há quem não ponha em dúvida a sua competência, dando exemplos de outros não licenciados bem sucedidos em cargos de responsabilidade, mas sim o seu carácter, a sua vaidade, em bom português, a sua cagança saloia de querer ser "sr. dr." quando não o é.
A mim, parece-me que a falta de educação superior põe em causa também a competência do profissional, a começar pela gente que dirige o Público. Se os directores do jornal da elite intelectual bem pensante não valorizam um curso superior, quem o fará? E porque não o faz? Porque a Educação em Portugal não presta e um curso superior não ensina? Muito bem, que a elite intelectual e bem pensante tenha a iniciativa de o denunciar. É para isso que serve o jornalismo. Mas esta gente não sabe, e não sabe porque, suspeito, não esteve na faculdade tempo suficiente para o aprender, se é que por lá andou (são eles os próprios que o dizem).
Num outro país, um caso de um indíviduo excepcional não licenciado chegar a cargos de responsabilidade não seria grave por ser uma excepção. Em Portugal, a excepção tornou-se a regra. Isso é que é grave, a crescente desvalorização dada à educação.
Com uma elite destas a reger o país, quem é que se admira que os licenciados sejam na prática preteridos em relação às pessoas com o 12º ano? Certamente que ninguém gosta de ter como subordinado alguém com mais qualificações. Cagança oblige. Nem é de surpreender que universidades polulem como cogumelos a ministrar cursos aos que tem notas para ingressar e a vender cursos aos que não têm. O denominador comum destes cursos é a total falta de qualidade, por isso põe-se a questão do que vale realmente um curso superior em Portugal? E se tirarmos os cursos de vertente científica, em que não há critérios de avaliação subjectivos, o que valem lá fora? Nada.
Como tenho dito muitas vezes, só há um cancro pior do que a educação em Portugal, que é a Justiça. Se a Justiça funcionasse, um aluno ludibriado poderia pôr essa faculdade em tribunal e processá-la. Como tal não acontece, a impunidade continua. A Educação é para os ricos, lá fora.»
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