O pântano sem ondas

O pensamento e a filosofia tiveram ao longo dos tempos discussões acerca de saber por exemplo, se o homem está ou é o centro de tudo.

A ciência funciona como um modo de reforçar o antropocentrismo.

Sócrates, o filósofo, acreditava que a vida racional era a melhor, porque para ele, a verdade e o bem eram a mesma coisa.

Infelizmente o bem estar humano é uma coisa, o conhecimento outra.

Conhece a verdade e serás livre.

Ora aqui está um pensamento que os defensores de Darwin, se a teoria for verdadeira, desmontam.

Utilizando um argumento cínico, para os humanistas, a teoria diz que o interesse na verdade não é necessário para a sobrevivência.

As pêgas e os corvos usam o logro para esconder os alimentos. Entre os humanos os melhores enganadores, são os que se conseguem enganar a si próprios.

Assim um político que promete tudo, este mundo e o outro e que acredita na sua promessa terá mais crédito, mas o mais provável é que não cumpra o que prometeu, porque desenvolveu a capacidade de auto engano. Sabe, no entanto, que os humanos não podem viver sem ilusão. Assim é preferível viver a modorra do engano, saber que se está a ser enganado e que a realidade e o seu frio contacto e a angústia que ela provoca, é demasiado pesado para a existência, daí os humanos gostarem mais do logro e nos raros contactos com o mundo real, podem manifestar indignação que rapidamente passa a indiferença. Como o corvo que usa do engano, para enganar os seus semelhantes ou outros predadores, assim os humanos usam o autoengano para não carregarem o fardo da verdade e do real, porque são de facto predadores, os melhores e destes, os mais bem treinados no autoengano, são os mais bem sucedidos, porque melhor enganam os outros.

Os maquilhadores de imagem, ou assessores de imagem modernos e comunicação sabem estes preceitos. São treinadores de predadores. Falo dos políticos.

Assim aconselho que mantenhamos algumas ilusões e que nos desfaçamos das que escolhemos para tal, as que podem amanhã ser empecilhos.

A sorte Sócrates, segundo o CM, ( e a nossa sorte?...):
A sorte de Sócrates nesta situação embaraçosa é que em Belém está um Presidente que preza a estabilidade política. Na história dos 30 anos da actual Constituição Portuguesa, os dois primeiros presidentes (Eanes e Soares, no segundo mandato) destacaram-se pela instabilidade e conflitos com os governos. E Sampaio não resistiu a destituir o Executivo de Santana Lopes.

Cavaco Silva escreveu no prefácio do livro que faz o balanço do seu primeiro ano de magistério que deseja ser um factor de estabilidade das instituições.E é isso que está a acontecer. O Presidente já desvalorizou o caso do diploma e avisou que os principais problemas do País são outros. Tem razão: o marasmo económico e as profundas desigualdades sociais são os problemas que o País tem de resolver com urgência.

José Sócrates terminou a licenciatura em Engenharia Civil na Universidade Independente (UnI) a 8 de Setembro de 1996, um domingo. Das cinco pautas que constituem o processo do primeiro-ministro, as quatro que são assinadas por António José Morais não têm número de aluno, nem semestre, nem ano lectivo. A pauta de Inglês Técnico, assinada por Luís Arouca, não tem data. Nos últimos dias a Inspecção-Geral da Ciência e Ensino Superior (IGCES) exigiu o acesso aos documentos originais do processo do primeiro-ministro.

A estabilidade política é um argumento velho, neste velho sítio. Em nome dela, este sítio, nunca deixou de ser um sítio, para se tornar um país a sério.

Em nome da estabilidade fazem-se habilidades nas contas públicas, para os que vêm a seguir dizer que os anteriores é que não cumpriram os chamados ditames de Bruxelas.
Entretanto, o problema deste país estaria resolvido se os impostos não fossem a rapace duma coisa que se chama estado.

O país não estaria como está se o Euro não tivesse sido negociado como foi, com escudo altíssimo e objectivamente ao serviço de estranhos.

O garrote do impostos e as trapalhadas dos economistas que ditam a lei neste sítio, entre os quais muitos dos que falam sempre em nome da estabilidade, ou seja, a paz podre de um sistema político levaram a um regime morto, por enterrar. A alternância é a causa, a partidocracia e as oligarquias o sopro que o mantém.

A estabilidade, chama-se manutenção no poder, não tem nada a ver com os portugueses que cada vez mais voltam a emigrar, em todo o tipo de profissões. Os imigrantes, a quem se reclama inclusão, os bons, esses voltam às suas terras, ou vão para onde possam ter melhor qualidade de vida. Digo os bons, porque também os há de má índole e que trazem para cá o crime violento que desde o sequestro, ao roubo violento e assassínio frio, lembram, à escala, o que se passa por exemplo no Brasil ou na África do Sul.

O politicamente correcto e a estabilidade não podem ser um pântano.

“As ideologias não têm alma própria. São as prostitutas e os anjos das nossas próprias lutas.” John Le Carré