Televisão nacional.
Composição:
1 - Telejornal - para contar o acontecido, com a colaboração de uma criatura qualquer para fazer uns comentários manhosos e directos efectuados ao segundo, em todos os ângulos possível, recorrendo ao satélite, com uma duração mínima de 5 horas;
2 – Debate – versando sobre intelectualidades da actualidade como o Canal Parlamento, com o habitual entrevistador mal educado que não deixa ninguém acabar o seu raciocínio, porque informar demais tem consequências perigosas;
3 – Casos de "bófia" – desculpabilização do criminoso e acusação das forças da ordem a todo o custo, aonde o crime é o que menos interessa;
4 – Novo debate – desta vez para analisar o sexo dos Anjos, com outro jornalista que nunca deixe os imbecis que ainda aceitam aparecer, acabarem de concluir as frases;
5 – Um documentário - sobre a vida em Marte com "peritos" de qualquer coisa (não interessa o quê, interessa é que se chamem peritos), que afirmam terem relação diária com ela;
6 – Novo telejornal - com reportagem em directo de um jornalista saltitante de entusiasmo, arfando um esforço imenso num trabalho assaz cansativo, na tentativa de contactar um trabalhador (de preferência barrigudo e com a barba por fazer – o "povo" gosta de dizer mal dos que tem mau aspecto ) – como não convém que haja conversas, antes o jornalista pergunta off-record "olhe lá, eu sou jornalista e queria que me dissesse como é que as suas obras causaram tanto dano, originando a que o pobre homem barrigudo ofendido e desconcertado, diga uma boa meia dúzia de nomes à mãe do jornalistas e o manda... "divertir-se" para outro lado!!!
Depois disto, ligam a câmara e o jornalista, depois de recompor a madeixa trabalhadora e reflectora de grande azáfama laboral, informa em directo, "estamos aqui à porta do responsável da obra para tentar entrevistá-lo", toca a uma campainha daquelas tipo dinga-dong, e lá de dentro sem que a porta se abra ouve-se "vá-se embora seu filho da ...., c.. de m..., " e demais adjectivação sinónima.
Com sorte ainda lhe solta um daqueles cães "arraçados" de rinoceronte com muitos dentes e o jornalista ainda pode dar mas rendimento à brincadeira;
7 – Um programa infantil - sobre como brincar em Marte, onde se viam uns fedelhos, filhos dos jornalistas que assim até poupavam umas coroas na creche;
8 – Um programa cómico – com um apresentador pouco inteligente e grosseiro, dizendo meia dúzia de imbecilidades que todos os jovens imberbes e pouco dotados pudessem no dia seguinte imitar na escola e nos empregos;
9 – Um programa de casos médicos – um dia no bloco da traumatologia de um desses hospitais dos arredores de uma grande cidade, onde todos os dias aparecem meio milhão de indivíduos de baixo QI, com o tema a versar sobre os tratamentos que são ministrados em clínica geral, com muitos doutos engenheiros de saúde a falarem, com muita linguagem técnica e bata vestida para melhor impressionar o povo;
10 – Um programa daqueles sobre a vida dos inúteis – para mostrarem como foram as filmagens dos filhos dos jornalistas no programa infantil, onde o Zé da Fisga torceu o pé quando tentava saltar por cima da câmara de filmar, enquanto a Nelinho berrava como uma cabra desmamada, porque o telemóvel de futura geração não tinha rede para mandar mensagens às coleguinhas da 5ª classe, quando tentava contar o que estava a fazer naquele preciso segundo;
11 – Um programa sobre o sofrimento dos jornalistas nos directos - , aonde se propõe que os acontecimentos sejam planeados conforme sua vontade ( jornalistas );
12 – Noticiário especial - sobre o senhor Zé dos Anzóis, personagem desconhecida até para a própria mãe, de preferência afogado em sofrimento corriqueiro e com um guião capaz de deixar meio país afogado em lágrimas;
13 – Programa sobre a Justiça - aonde o interesse maior é deitar abaixo o sistema judiciário que incomoda alguns tubarões e não explicar o seu funcionamento;
14 – Desenhos animados violentos - aonde as crianças aprendem a “amar” o próximo e cuja demonstração desse “amor” recorre ao uso de golpes de Karaté nos amigos, professores, pais e restantes seres civilizados, ficando de for a, evidentemente, os inimigos e para que os psicólogos/psiquiatras e afins possam ganhar mais clientes ( criancinhas );
15 – Programas de cultura- cuja apresentadora, personagem “culta e inteligente” escolhida no povo profundo, fala do que não sabe e fabrica status que não possui.
2 Comments:
Excelente texto.
É que é mesmo isso.
Já diziam os outros "quem vê TV sofre mais que no WC"
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