quinta-feira, maio 31, 2007

Aferição.

"Parece que ninguém tinha percebido lá muito bem o quê ou quem se queria aferir com as provas de aferição de Português e Matemática dos 1º e 2º ciclos do Ensino Básico. Seriam os alunos? Seriam os professores? Os alunos não têm palavra. Os professores - cujos representantes sindicais são sempre contra tudo - desconfiavam que eram eles próprios que estariam a ser avaliados. O Ministério, pela voz do Gabinete de Avaliação Educacional, fez saber que se tratava de “avaliar o modo como os objectivos e as competências essenciais estão a ser alcançados”. Pois.

Ou seja: as provas de aferição, que mobilizaram 240 mil alunos e um Ministério que sofre de elefantíase, que custaram 300 mil euros a um Estado que fecha escolas e despede professores por alegada falta de dinheiro, não serviram para avaliar nem os professores nem os alunos. Com efeito, soube-se ontem que o Gabinete de Avaliação Educacional deu instruções para que nas provas de aferição de Língua Portuguesa não contassem os erros ortográficos.

Não se sabe se a orientação vem do tempo de um secretário de Estado do CDS que escrevia num ‘blogue’ com montes de erros de ortografia, desculpando-se com a falta de um corrector ortográfico. Não interessa. As políticas são as mesmas. E o mais provável é que as provas de aferição se destinem muito simplesmente a confirmar a excelência da política educativa, os méritos dos sucessivos ministérios e dos respectivos gabinetes de avaliação educacional. E, confirmado tudo isso, como aliás as provas de aferição queriam demonstrar, até se podem fechar mais umas tantas escolas. Portugal deixou de ter governantes para ter contabilistas. E na educação o que interessa são as operações de dividir e subtrair
."

João Paulo Guerra

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