sexta-feira, agosto 31, 2007

Islão e Liberdade

"Para alem de um destino turístico excelente, qualquer que seja a nacionalidade do viajante, a Tunísia representa, para os Portugueses, um País amigo a uma distancia de voo de 2h e 40min. Não impressiona, por isso, que uma parte dos nossos compatriotas já lá tenha passado as suas ferias e muitos de entre eles, por mais que uma vez. O pós 11 de Setembro criou, compreensivelmente, na quase totalidade da população mundial, uma rejeição dos destinos turísticos situados em Países Árabes e (ou) Muçulmanos. Ninguém quer correr riscos em ferias e os atentados, os raptos e outras acções de sinal terrorista mantêm afastados dos destinos turísticos do Norte de África os cidadãos de outros Países. Isto deve-se, fundamentalmente, à generalização feita por nós, da hostilidade aos valores do mundo não Muçulmano. Países há onde a hostilidade se verifica. Mas, a Tunísia é completamente diferente. A Tunísia, orgulhosa, com razão, da sua cultura e das suas tradições, é a Europa do Norte de África em tudo que concerne ao respeito pelos valores das culturas que são diferentes, das diferentes religiões, entre as quais a cristã, que nela coabitam e na ausência absoluta de extremismo, fundamentalismo ou insegurança ; na Tunísia, homens e mulheres, que detêm direitos e deveres iguais, onde a poligamia é proibida e onde, apesar de um aumento, que se vai notando, no uso de véus, por um lado por afirmação natural da condição islâmica, mas fundamentalmente porque as telenovelas libanesas, muito vistas, têm constituído o véu como uma moda, circula-se por todo o território a qualquer hora, do dia ou da noite, sem receio e sem risco.

A pergunta que imediatamente nos acode à mente é a de saber o que é diferente neste País que o faça ser tão claramente distinto da maioria dos outros Países Islâmicos. Não nascem, na Tunísia, extremistas ? Não há, na Tunísia, tentativa de formação de grupos radicais ? Claro que ambas as hipóteses são verdadeiras. O que não existe, na Tunísia, é nenhuma parte do território que seja propicio à formação, ou à alimentação e muito menos, ao desenvolvimento dessas tendências ou da sua endoutrinação. E como o Governo não permite que o território são propícios a qualquer extremismo, a população não sofre do síndrome do medo de que os extremistas os possam retaliar por serem afáveis com os estrangeiros nem por manterem em pratica aberta aquilo que foi sempre uma característica dos povos muçulmanos : uma hospitalidade perfeita, um saber receber os seus hospedes que tem pouco paralelo em todo o mundo. Isto é, na Tunísia não há extremistas que possam aterrorizar os Tunisinos , por isso, mantém-se a atitude fraterna e hospitaleira do mundo Arabe-Muculmano.

Surge, ao longo do escrito, uma pergunta incomoda. Quais são as condições que impedem que, como aconteceu em outros Países Muçulmanos, a hospitalidade se transforme em intolerância ou mesmo hostilidade ? A resposta é clara : a visão do anterior Chefe de Estado, Bourgiba, que, durante décadas ensinou e praticou a tolerância e a mão-de-ferro do actual Chefe de Estado, Ben Ali, que tem sabiamente gerido uma democracia, necessariamente musculada e a tem conduzido em segurança e em Paz ao longo do período conturbado que o mundo continua a atravessar. Muito poderá custar aos críticos do regime, dos dois lados da barricada, mas a democracia musculada da Tunísia tem provado ser o melhor regime, praticamente sem paralelo no mundo Islâmico, para manter a Paz, a Estabilidade e o Progresso para a Modernização. Se há um exemplo a seguir é este. Isto leva-nos a uma conclusão que os puristas das democracias rejeitariam, cegos por padrões indiscutíveis que lhes dêem segurança face á sua inflexibilidade mental para compreender que o mundo não é igual em todo o lado nem os regimes mais adequados em uns Países são os mesmos que em outros, onde as realidades sociais sejam drasticamente diferentes. Essa conclusão é a de que democracias musculadas são os regimes inevitavelmente melhores em países onde a teocracia possa, por endoutrinação ou pelo terror, tomar conta do poder. O que é fundamental, sob pena de sucumbirem, é que as democracias musculadas permitam o desenvolvimento da media e da pequena burguesia e não fiquem reféns das famílias dominantes. Essa é uma condição ‘sine qua non’ da sua própria segurança e longevidade.
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António Neto da Silva

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