"O clube do meu bairro".
"Na minha infância, ia-se ao futebol porque se gostava, e era-se do Benfica ou do Sporting, do Porto ou dos outros, por causa do futebol. Os presidentes dos clubes eram conhecidos na alta-roda, como uma espécie de gente de moldura, ao lado dos governadores civis, dos bispos e dos comandantes da polícia. Mas não faziam parte da “cultura popular”, não eram arrastados pelos tribunais, não substituíam os políticos. Era o tempo em que os jogadores jogavam, os sócios pagavam quotas, os adeptos iam aos estádios, os simpatizantes expandiam a fé e o império. Coleccionavam-se cromos dos astros”que comiam a relva”, os jornais “da bola” esgotavam (sobretudo às segundas-feiras e quintas), e em todo o adolescente havia um Eusébio, um Manuel Fernandes, um Futre, um Chalana, um Nené, um “homem golo”. Bem sei que hoje é diferente. O tempo é de crise, de empresa, de globalização. O tempo é de escândalo, e de Opa. Só peço aos mecenas que poupem os dedos e os anéis.”
Nuno Rogeiro
Nuno Rogeiro
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