terça-feira, setembro 25, 2007

Portugal pequenino

"Gordon Brown não vem a Lisboa participar na Cimeira entre a União Europeia e África.

Ou melhor, ele vem, mas para isso é preciso que o presidente do Zimbabué, Robert Mugabe, não apareça. Aí está a bomba: Portugal arrisca-se a privilegiar um louco (Mugabe) deixando de fora um amigo (Brown). Solução?

Como se conta nesta edição, o Governo português vai chutar o problema para canto. Em vez de tomar decisão de força, passa a bola para a Comissão da União Africana. Isto é, vai dizer a este órgão os países que deseja ver na cimeira e pedir-lhe, depois, que escolha os nomes que representam essas nações. Portanto, se esta União Africana convidar Mugabe, (já disseram que o querem presente) Gordon Brown não põe os pés em Portugal. O assunto importa.

O Zimbabué, antiga colónia britânica (Rodésia, na época), está à beira do colapso económico e social. A taxa de inflação está fixada em 3700%, a taxa de desemprego já chegou aos 80%, a esperança média de vida não ultrapassa os 37 anos e pelo menos três mil pessoas por dia cruzam a fronteira do Zimbabué para fugir à miséria.

Não é preciso ter lá estado, nem ser adepto de teorias da conspiração, para concluir que tudo isto se deve à desvairada reforma agrária de Mugabe. Ela começou no ano 2000 e tinha um guião simples: tirar a terra a todos os proprietários estrangeiros (maioria britânicos), entregando-a ao Estado. Os portugueses conhecem bem o que acontece nestes movimentos - basta ver o documentário da mais célebre das expropriações portuguesas (Torre Bela, no cinema King). Some-se repressão política, ausência absoluta de liberdade e o resultado dá um país sem emprego, sem economia, sem sociedade civil... sem nada, a não ser a palavra absoluta de Mugabe.

Ora, este é o homem que pode estar em Lisboa no lugar de Gordon Brown, primeiro-ministro britânico. Já se sabe que a real politik não privilegia sempre o que é bom - mas sim o que é útil. Mas preterir Brown é mais do que trair a Velha Aliança: é recusar um primeiro-ministro e um Governo que não temem sublinhar os valores das democracias ocidentais acima dos interesses. Não é ingenuidade: é assim mesmo.

Brown e o seu ministro David Milliband querem devolver aos britânicos aquilo que lhes é único: a dimensão da liberdade individual. É por ela que dão mais dinheiro às políticas sociais, ao ambiente, à segurança, à diversidade.

Portugal é um país pequeno que fala baixo entre os grandes. Se quando surgem oportunidades de se fazer ouvir passa a palavra aos outros (União Africana), então está certo - não merece ter voz entre os grandes
. "

Martim Avillez Figueiredo

7 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Discordo totalmente do que opina. Acho que o governo português não tem que condicionar a sua política pela posição britânica. Já chega de subserviência e constante seguidismo em nome da defesa de uma "Velha Aliança". Não dá para acreditar que o senhor director acredita que a situação é "recusar um primeiro-ministro e um Governo que não temem sublinhar os valores das democracias ocidentais acima dos interesses." A Grã-Bretanha persegue e realiza os seus interesses no mundo de que forma?? Defendendo que valores?? Os existentes nas contas bancárias ou os morais e éticos?? Faz favor... Como não o tomo por ingénuo director de um jornal especializado em economia...fico a pensar que se calhar trata-se de uma outra forma de bota-abaixismo militante e mais do mesmo e sempre visto "tão bons e bonitos que são os outros, tão maus e feios que nós somos", disfarçado de defesa da democracia liberal, ocidental, patatipatatá...

terça-feira, setembro 25, 2007  
Anonymous Anónimo said...

O artigo acima mostra quão pequeninos são os nossos jornalistas. Só conseguem pensar pela cabeça do poder dominante. Mugabe é um ditador-certo! Muito certo! Mas é o único que vai estar presente na cimeira? E os outros não afligem Gordon Brown? Ou a única questão que aflige de facto o Sr. Brown são os eleitores britanicos com familiares e com bens na ex-Rodésia a quem o Sr. Brown prometeu defender os seus bens? Quais as lições de democracia externa que a Inglaterra tem a dar ao mundo actualmente? A participação na guerra do Iraque? Que os politicos sejam cretinos e tenham uma moral publica e outra privada nós já sabíamos desde há largo tempo... Mas que os jornalistas tenham uma cabeça tão pequenina e tão formatada...não há pachorra.

terça-feira, setembro 25, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Lá que o Mugabe é um ditador já todos sabemos. Pior, é um ditador tarado. Mas não é por isso que Gordon Brown cá não vem. O PM inglês não vem cá porque não suporta (nem os ingleses o tolerariam) estar na mesma mesa que um individuo que tão mal tratou os seus conterrâneos post-coloniais. E ainda por cima numa cimeira que apenas serve para enfeitar, não há aqui nada onde a Grã-Bretanha possa arrecadar mais umas libras. Mas,quer se suporte ou não a arrogância boçal dos súbditos de Sua Majestade, é isto que fez do Reino Unido um grande país. É esta característica de não esquecer o mal que nos fazem, seja a nós seja aqueles que são dos nossos. Já o nosso pequenino Portugal permitiu que matassem os seus, que lhes destruíssem as vidas para depois, na primeira ocasião se oferecer aos anteriores carrascos sem qualquer contrapartida de vulto, ao contrário dos ingleses que - neste ponto sublinho a ironia do autor do artigo - nunca olharam para Portugal como amigo. Mas também para que serve um amigo tão banana.

terça-feira, setembro 25, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Porque e que estes comentadores falam do que nao sabem?? Ja alguma vez viveu em africa? conhece as mentalidades dos Africanos? Eu nasci e vivi muitos anos em Africa, e conviviamos tambem com os britanicos das colonias britanicas. Para comecar, essa sua subserviencia aos britanicos nem devia existir, pois se existe povo no mundo mais reles, sabujo, com interesses perfidos em Africa nao obstante os crimes cometidos sobre os proprios africanos, e o povo britanico!! Falar que o gordon brown nao quer vir porque se sente muito ofendido com o Soba Mobutu so mostra a sua ingenuidade ou entao, acredito mais nesta, o seu completo desconhecimento do que fala. Os britanicos apoiam quem lhes mais convem, sejam assassinos ou terroristas, mas quando nao lhes interessa poem a pelo do cordeiro. Os Africanos querem ser eles a decidir se o mobutu vem ou nao, querem mostrar que teem forca e decidem os seus proprios destinos...pois seja assim. Portugal esta a agir muito bem, eh muito melhor termos bons relacionamentos em Africa e na CPLP que nos compram os nossos produtos e pela primeira vez em muitos anos ja estao a esquecer o passado colonial e a aceitarem-nos, do que esse lixo da perfida Albion que a primeira oportunidade nos espetam uma faca nas costas. Oh Martim, leia um bocado de historia e pergunte a qualquer pessoa que viveu em Angola ou Mocambique como e que os britanicos tratavam o povo africano, ok?

terça-feira, setembro 25, 2007  
Anonymous Anónimo said...

"Portugal é um País com um passado grande e glorioso. Os políticos do 25 é que são/têm sido pequeninos, incompetentes e corruptos."...eu leio cada piada por aqui!!! Os Portugueses que realmente se meteram nas caravelas e atravessaram oceanos merecem respeito sim mas dai para a frente foi um enxurrada de borradas, Portugal se à pelo menos 50 ou 60 anos (após o termino da 2ª grande guerra) tivesse tido visão e inteligência para gerir seus interesses no continente africano e apanhar o comboio da comunidade europeia, estaria hoje numa posição diferente. Claro que já não estou a falar da forma com conduziu as coisas quando ainda tinha o Brasil...que por falta de investimento em frotas, armamento, e formação da população preferio fazer palácios por todas as cidades do pais requisitando o que de melhor havia na Europa da altura...curiosamente algo parecido com o que fez com os fundos da CEE que muita casita e muito bom carro e barco foi comprado com estes fundos...enfim coisas de “pato bravo” e vem falar de Portugal pais com passado glorioso... Será que isso é para nos fazer esquecer que no ano passado o numero de famílias que entrou em falência aumentou em torno 74% e que uma parte disso se deve ao facto do fisco estar mais eficiente na extorsão que realiza ao cidadão? Isto para não falar dos bancos que continuam a banquetear-se com os juros dos empréstimos concedidos ao consumo... Da forma como as coisas vão está na hora de bater em retirada e deixar essa “barcaça” podre e cheia de buracos naufragar de vez, caso continuemos a olhar para esta e a lembrar os mares e terras prósperos que ela já visitou, estamos sujeitos a naufragar com ela também...pelo que falei atrás isso já está acontecer com muitas famílias.

terça-feira, setembro 25, 2007  
Anonymous Anónimo said...

O assunto Mugabe está estafado desde há uns meses.. É TV's, é Jornais, é análises.. é Mugabe em todo o lado..!! Afinal, o articulista só tem razão ao afirmar que tudo se despoletou com o ataque a fazendeiros em 2000.. Os fazendeiros eram maioritariamente de origem britânica.. Esse o cerne da questão.. Londres tomou calores pelos seus súbditos.. O resto é hipocrisia.. O decano dos chefes de Estado da francofonia era o presidente Eyadema do Togo que governou 30 e tal anos até morrer com abusos terriveis de direitos humanos e saque dos dinheiros públicos. Eyadema era recebido com honras em todos os aeropagos internacionais..Mas, isso é prática generalizada em Africa com rarissimas excepções (como C.Verde ou Botsawna..) O parti pris do mundo anglo saxónico (UK) com Mugabe não deveria interessar-nos assim tanto.. afinal, milhares (centenas de milhar) de portugueses sairam de África após a descolonização.. Milhares de indianos deixaram o Uganda com Idi Amin.. Variadissimos países de África ficaram destruídos pelas práticas dos governos.. Nunca os governos europeus fizeram este bruá que agora acontece com Mugabe.. É caso para se desvalorizar um pouco o que vem do UK.. Os diferentes governos ingleses já têm trabalhado bem o assunto.. A Nova Zelândia e a Austrália têm proporcionado entradas e acolhimento aos ex-rodesianos e a sul-africanos devido ao lobby discreto da diplomacia inglesa..

terça-feira, setembro 25, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Este PS segue a linha definida desde 1974 de traidor á pátria. Rejeitou Salazar e a sua política de estar bem com Deus e o Diabo durante a 2ª grande guerra para passados 60 anos a aplicar magistralmente! Com uma diferença: Salazar aproveitou os negócios com a Alemanha para cuidar das riquezas do país através da venda de Volfrâmio com pagamento do mesmo em ouro: E no caso de Mugabe chegar a pisar terra lusitana, o que vai lucrar a família PS com o seu chefe Soares á cabeça? Como ele está sempre na frente em negócios que dêem contrapartidas, e tendo já dito que não é intermediário porque não recebe contrapartidas, para que cofres é que elas seguirão e através de que banco? BCP? E de que teor serão elas? De batatas e alfaces não serão certamente, mas será que há petróleo, diamantes ou marfim lá para aquelas bandas?

terça-feira, setembro 25, 2007  

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