terça-feira, outubro 09, 2007

Eu e tu

Eu, és tu ou sou eu, o que pode fazer diferença ou ser indiferente.
Eu, é um estado que nunca compreendi,
Porque de Eu fazem parte todas as coisas boas e más de que me recordo
Ou que por vezes faço por me esquecer,
Porque estão guardadas naquele bocadinho de alma que alguns dizem existir no cérebro,
Mas eu, não acredito que exista apenas ali,
Que desapareça quando os vermes comerem o meu pobre corpo,
Porque a alma só pode ser do ar, ou filha do vento.
Os árabes do Al Andaluz, diziam que Alá criara o cavalo como um ser filho do vento;
Porque não cavalgava, voava e voa,

Porque já os vi voar no grande deserto do Saara, às suas portas.
As lágrimas que ninguém viu corriam pela minha face,
De raiva,

Porque este meu corpo não me permitiu cavalgar aquele ser que não nasceu do pó da terra,
Por isso:
Abomino tudo o que é só ciência e saber, sem mais;
Abomino pensar que a sabedoria e a paz da alma não possam caminhar juntas;
Porque já vi, moribundos a sorrir para mim antes de dar o suspiro final,

porque tinham que partir;
Não tem segredo, mas não sei explicar;
Já vi moribundos que deixaram de o ser porque quis que assim fosse;
Para mim,

Que sou um pobre ser humano que não tenho a capacidade de sorrir quando os outros querem;
Porque sorrir sempre, é próprio dos bobos que são seres tristes por natureza,
Para mim, que por vezes me não consigo suportar,
Que acordo porque o mundo não sou só Eu,
Porque o Eu que quero, é um Eu que inclui tudo o que me atormenta,
O Eu que quero para mim é um Eu que me deveria fazer sorrir e sentir feliz, coisa rara,

Porque será?
Assim, todos os pensamentos, os bons e os maus, são a minha companhia,
Fazem parte de uma multidão que ninguém vê, mas que sei que me acompanha silenciosamente,
O Eu que eu queria, não posso ser e não o posso ter.
É que são coisas demasiadas para um homem só.
Assim, caminho sempre direito por um caminho torto ou será o contrário?
Mas de tudo, o que gostava, era ser livre como o cavalo puro sangue árabe, filho do vento e que não cavalga, voa…
Quase como uma divindade e o quase, aqui é tudo…

Eu, das raras vezes que quero ser Eu…



José Lopes Correia

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