Génio político
"A capacidade que uma sociedade tem de criar riqueza depende sobretudo da inteligência das pessoas que a compõem.
Há alturas em que me convenço que as pessoas à minha volta não são particularmente brilhantes. Se há algo cuja produção me parece manifestamente escassa é a inteligência. Não só tenho a impressão de que seria desejável que fossemos mais inteligentes como admito que tal seria perfeitamente possível. O problema é que tendemos a usar os nossos recursos intelectuais para produzir outras coisas, como se fosse impossível encontrar maneiras inteligentes de produzir inteligência. Isso é estúpido.
Em primeiro lugar, há qualquer coisa de absurdo em escolher princípios políticos para organizar uma sociedade sem primeiro garantir que podemos ter uma discussão esclarecida sobre estes princípios. Faziamos melhor em escolher a inteligência como princípio. Segundo, a capacidade que uma sociedade tem de criar riqueza depende sobretudo da inteligência das pessoas que a compõem.
Um mero ponto em testes de admissão à faculdade é responsável por uma perda ou um ganho de aproximadamente mil milhões de dólares numa economia como a americana. Não há nada com um efeito semelhante. Estudos com alguma qualidade mostram que a correlação entre o coeficiente médio de inteligência num país e o seu produto per capita ou crescimento económico nas últimas décadas é extraordinariamente elevada. Hong Kong ilustra bem a relação estreita entre inteligência e crescimento. Portugal não é excepção.
O grande segredo é que a inteligência, tal como é medida nos testes que estas regressões utilizam, não é uma propriedade inata mas uma técnica que pode ser extraordinariamente desenvolvida. Como explica o cientista James Flynn num livro acabado de publicar, aquilo a que chamamos inteligência é a capacidade de resolver um problema inesperado com rapidez. É isso que fazemos num teste e é por isso que estes testes revelam uma significativa melhoria de resultados em trinta países ocidentais nas últimas décadas, ao contrário do que seria de esperar se a inteligência fosse uma qualidade inata. Se nalguns países podemos encontrar uma diferença de trinta pontos no coeficiente médio de inteligência entre avós e netos, a explicação reside no efeito multiplicador de um sistema político e económico que premeia a capacidade de raciocínio em vez da obediência a regras. Um ambiente adequado desenvolve habilidades que por sua vez permitem desenvolver um ambiente ainda mais vantajoso, e assim sucessivamente. Se a inteligência é um bem escasso a razão pode muito bem ser a nossa convicção de que ela não pode ser produzida como qualquer outro bem."
Bruno Maçães
Há alturas em que me convenço que as pessoas à minha volta não são particularmente brilhantes. Se há algo cuja produção me parece manifestamente escassa é a inteligência. Não só tenho a impressão de que seria desejável que fossemos mais inteligentes como admito que tal seria perfeitamente possível. O problema é que tendemos a usar os nossos recursos intelectuais para produzir outras coisas, como se fosse impossível encontrar maneiras inteligentes de produzir inteligência. Isso é estúpido.
Em primeiro lugar, há qualquer coisa de absurdo em escolher princípios políticos para organizar uma sociedade sem primeiro garantir que podemos ter uma discussão esclarecida sobre estes princípios. Faziamos melhor em escolher a inteligência como princípio. Segundo, a capacidade que uma sociedade tem de criar riqueza depende sobretudo da inteligência das pessoas que a compõem.
Um mero ponto em testes de admissão à faculdade é responsável por uma perda ou um ganho de aproximadamente mil milhões de dólares numa economia como a americana. Não há nada com um efeito semelhante. Estudos com alguma qualidade mostram que a correlação entre o coeficiente médio de inteligência num país e o seu produto per capita ou crescimento económico nas últimas décadas é extraordinariamente elevada. Hong Kong ilustra bem a relação estreita entre inteligência e crescimento. Portugal não é excepção.
O grande segredo é que a inteligência, tal como é medida nos testes que estas regressões utilizam, não é uma propriedade inata mas uma técnica que pode ser extraordinariamente desenvolvida. Como explica o cientista James Flynn num livro acabado de publicar, aquilo a que chamamos inteligência é a capacidade de resolver um problema inesperado com rapidez. É isso que fazemos num teste e é por isso que estes testes revelam uma significativa melhoria de resultados em trinta países ocidentais nas últimas décadas, ao contrário do que seria de esperar se a inteligência fosse uma qualidade inata. Se nalguns países podemos encontrar uma diferença de trinta pontos no coeficiente médio de inteligência entre avós e netos, a explicação reside no efeito multiplicador de um sistema político e económico que premeia a capacidade de raciocínio em vez da obediência a regras. Um ambiente adequado desenvolve habilidades que por sua vez permitem desenvolver um ambiente ainda mais vantajoso, e assim sucessivamente. Se a inteligência é um bem escasso a razão pode muito bem ser a nossa convicção de que ela não pode ser produzida como qualquer outro bem."
Bruno Maçães
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