Espectáculo rasca
"O regresso ao passado é exactamente igual ao regresso ao futuro, sem esperança de que algo mude. Até as moscas são as mesmas. O debate do Orçamento de Estado para 2008 não surpreendeu. Foi o que se esperava. Pior. Mostrou até que ponto se pode descer na discussão política neste sítio cada vez mais pobre, cada vez mais perigoso e cada vez mais mal frequentado. E nem o esperado combate de wrestling entre Santana Lopes e o senhor presidente do Conselho, José Sócrates, aqueceu as bancadas e as apinhadas galerias da Assembleia da República.
Foi uma decepção, uma frustração para os que se deram ao trabalho de ir a S. Bento e para os que, sentados no sofá ou no café do bairro, esperavam passar umas horas divertidas e animadas por aqueles senhores da política indígena. Não merecem os ordenados que recebem e que são pagos, sem atrasos, pelos impostos, muitos, que os cidadãos pagam religiosamente e à força aos cofres do Estado. Verdadeiramente, deviam ser despedidos. Com justa causa. Sem direito a qualquer indemnização. Mas se não servem para actores, podiam ao menos disfarçar as mentiras que atiram da boca para fora na chamada Casa da Democracia. Vê-se, ouve-se e não se consegue acreditar no descaramento.
Quem não conheça este sítio e as condições de vida de milhões de indígenas que ainda não conseguiram fugir imagina que a vidinha é razoável, que há progressos notáveis nas escolas, nas empresas, nas ruas, na administração pública e que o sítio caminha a passos largos para um futuro próspero, moderno e capaz de vencer todos os desafios económicos, sociais, ambientais e políticos.
Quem aterrar vindo de Marte nesta terrinha e ouvir as palavras de quem desgoverna este sítio há mais de trinta anos chama mentiroso a qualquer alma que lhe diga que as criancinhas portugueses não sabem a gramática da língua natal, têm imensas dificuldades com a geometria, o cálculo e os números em geral e que agora já podem faltar às aulas sem risco de chumbarem, ou melhor, para não ferir espíritos sensíveis, de ficarem retidos no mesmo ano ou na mesma disciplina.
E com certeza ficará indignado se alguém puxar dos números e lhe disser que o sítio tem o crescimento mais baixo da União Europeia, que se afasta há sete anos da média europeia, que tem o desemprego mais elevado e que o futuro em todas estas áreas continua a ser tão negro como o carvão. E ficará corado de vergonha se alguém lhe explicar que, afinal, os actores políticos são os mesmos, alternadamente, com as mesmas mentiras, os mesmos falhanços e igual descaramento. E que o regresso ao passado é exactamente igual ao regresso ao futuro, sem esperança de que algo mude. Até as moscas são as mesmas."
António Ribeiro Ferreira
Foi uma decepção, uma frustração para os que se deram ao trabalho de ir a S. Bento e para os que, sentados no sofá ou no café do bairro, esperavam passar umas horas divertidas e animadas por aqueles senhores da política indígena. Não merecem os ordenados que recebem e que são pagos, sem atrasos, pelos impostos, muitos, que os cidadãos pagam religiosamente e à força aos cofres do Estado. Verdadeiramente, deviam ser despedidos. Com justa causa. Sem direito a qualquer indemnização. Mas se não servem para actores, podiam ao menos disfarçar as mentiras que atiram da boca para fora na chamada Casa da Democracia. Vê-se, ouve-se e não se consegue acreditar no descaramento.
Quem não conheça este sítio e as condições de vida de milhões de indígenas que ainda não conseguiram fugir imagina que a vidinha é razoável, que há progressos notáveis nas escolas, nas empresas, nas ruas, na administração pública e que o sítio caminha a passos largos para um futuro próspero, moderno e capaz de vencer todos os desafios económicos, sociais, ambientais e políticos.
Quem aterrar vindo de Marte nesta terrinha e ouvir as palavras de quem desgoverna este sítio há mais de trinta anos chama mentiroso a qualquer alma que lhe diga que as criancinhas portugueses não sabem a gramática da língua natal, têm imensas dificuldades com a geometria, o cálculo e os números em geral e que agora já podem faltar às aulas sem risco de chumbarem, ou melhor, para não ferir espíritos sensíveis, de ficarem retidos no mesmo ano ou na mesma disciplina.
E com certeza ficará indignado se alguém puxar dos números e lhe disser que o sítio tem o crescimento mais baixo da União Europeia, que se afasta há sete anos da média europeia, que tem o desemprego mais elevado e que o futuro em todas estas áreas continua a ser tão negro como o carvão. E ficará corado de vergonha se alguém lhe explicar que, afinal, os actores políticos são os mesmos, alternadamente, com as mesmas mentiras, os mesmos falhanços e igual descaramento. E que o regresso ao passado é exactamente igual ao regresso ao futuro, sem esperança de que algo mude. Até as moscas são as mesmas."
António Ribeiro Ferreira
17 Comments:
Dos poucos que ainda escreve o que acontece no sítio.
Mas servirá de alguma coisa? Duvido.
Estes crápulas, todos eles sem excepção, governam-se, empobrecem o país e o povo, a classe média e empobrecem até o estado de espírito, porque sabem o que fazem.
Mas o mal não está só ali, está ali ao lado e ao pé do Tejo e em todas as sedes de concelho e freguesia.
O veneno alastra e nem já o ódio provoca. Enquanto aqui vejo alguém falar em rapaziada que se faz explodir como que por gosto, e à procura do paraíso das mil virgens, pelos jeitos aqui não fazem a ponta de um corno, nem que seja por mil caralhos neste inferno.
Excelente artigo. A verdade nua e crua sobre os 33 anos de desmandos ditos democráticos, que vêem minando o Sítio e o seu povo.
Muito bem escrito. Felizmente que há gente neste país que tem os olhos abertos! E quem está no Parlamento também já os teve, mas fechou-os assim que lá entrou e o poder o acomodou. Enquanto não houver "remédio" que faça este país acordar, vamos continuar a virar-nos para o lado...
O Governo baixará o IVA ...um pouco antes do acto eleitoral. Não para 20 mas sim para 19% ! Já cá andamos há una anitos e a vontade de manter o poder...ultrapassa fatalmente a racionalidade lusa. Assim, os 2 líderes do PSD ficarão a falar sòzinhos. Só falta é a descoberta de poços de petróleo para pagar "a pronto" o TGV e o Aeroporto ! Aguardemos...
Bem ,o tema é um pouco mais complexo.Os básicos da economia mantêm-se, desde há vários anos.Estamos fora da corrida e limitamo-nos a resistir ,de conjuntura em conjuntura.Pressionaram as despesas,não as alteraram(colocando os funcionários sob o ódio da população e com isso poupando milhões)Aumentaram as receitas com métodos policiais ,mas deixando a imoralidade na mesma.Sócrates é assertivo ,mas não pedagógico.Tem a sorte dos portugueses gostarem de mentores, que "se ocupem desta coisa".O unico imposto a reduzir com impacto interessante na população e na economia ,seria o IVA.Será que há dinheiro que chegue? Duvido..
E mesmo que baixem os impostos as coisas não vão ficar mais baratas na prateleira do supermercado, essa diferença metem as grandes superficies ao bolso, lembram-se da descida do IVA das fraldas de 19% para 5%, pois é, uma grande superficie que não interessa citar, baixou o preço das mesmas ditas fraldas 0.03€. Se os Impostos baixarem, sempre querover essa da fiscalização da já tão famosa A.S.A.E.
Vejo com dificuldade esse "ratio" entre impostos e votos ,num eleitorado como o nosso.Só se for a oposição a oferecer o "bacalhau a pataco" mas isso é mais o estilo PS.Tambem pode ser que Cavaco tenha uma palavra a dizer.É que, afinal, foi como o argumento da falta de disciplina, perante as contas, que Sampaio despachou Santana(para além do objectivo de empregar os amigos...)
A consolidação só existiu porque se aumentaram os impostos......não houve consolidação do lado das despesas. Isto não se diz. Os impostos elevados são inimigos dos negócios e do aumento da produção.
O Ministro é, como é óbvio, um politico no seu todo, se não o fosse seria descabido ser Ministro. A posição que assumiu é clara, se tudo correr bem será possivel reduzir impostos mais depressa, se isso não acontecer demorará mais tempo. Não há aqui nenhum tabu (expressão muito do agrado os jornalistas). Interpretações ou ilações diferentes será da autoria e responsabilidade de cada um.
Meu caro,eu não voto há mais de duas décadas, porque não estou disposto a sancionar o que os grupos politicos(de díscutivel democraticidade interna)nos impõem e que estragaram o belo sonho "abrilista" de uma sociedade diferente(sonho naturalmente delirante..)Mas, como há 65 a 75 porcento dos meus concidadãos que os avalizam,tenho que aceitar o facto,tal com acontece com os programas televisivos de grande audiencia ,onde aí o meu veto é o controle manual(como no voto).Pode ser que um dia, a indignação deles os leve a grande abstençaõ e então talvez apareça gente menos má na politica.
também já não voto há bastante tempo e não quero perder tempo com este bando de pseudo humanos que nos governa há 30 anos. Contudo, a culpa disto tudo será dos médicos e parteiras que de uma forma sistemática andam a CAPAR os portugas para que dessa forma se mantenham calmos e mais mansos. TALVEZ UM DIA QUEM SABE ISTO IRÁ MUDAR..
Que pena ver aqui pessoas que abdicam da cidadania, mas não abdicam de mandar postas de pescada sobre a má qualidade dos políticos e dos demais... não votando, põe-se ao mesmo (baixo nível) e, como sempre, não têm nem mais nem menos do que aquilo que merecem...
Ao contrário, sempre votei, porque sou cidadão, sou português, pago impostos e, portanto, não me demito do direito de dar a minha opinião, votando. Assim, sinto que tenho mais direito de apoiar ou criticar, porque intervi e não me acomodei no sofá a ver as eleições pela televisão. Há pessoas que único contributo critico para a sociedade é assumir a regra do bota-a-abaixo. Na Assembleia da República, julgo inevitável (e natural) o surgimento de quezilias verbais e picardias entre os intervenientes na discussão do OE, mas isso é humano (os pseudo humanos nunca erram, porque nada fazem), mas é um contudo será importante que as pessoas, os contribuintes, os portugueses interessados pelo País, estejam atentos à discussão, retenham o essencial, possam aperceber-se e compreender o porquê e o senão das propostas em discussão. Depois disso, sim, emitam juízo.
Não estou com vocês nessa de não votar. Eu tambem não quero avalisar com o meu voto a incompetência quase geral dos nossos governates, desde há muito. mas eu vou sempre votar! Em BRANCO! Quanto ao orçamento, com o aproximar das eleições, é o que se esperava! Previsível! Valha-nos Deus!!
Quando me apercebi que viviamos em merdocracia também deixei de votar, porque votar é sancionar um sistema que assenta na mentira, na mediocridade, no amiguismo e na corrupção. Como é que os portugueses eram tão criticos para com o Estado Novo e agora são tão bananas e cobardes?
Os comentadores abstiveram-se de dar um contributo crítico ao OE, e passaram a tecer juizos sobre a sua posição face ao regime político que nos governa. Como analisei o OE 2008, aqui vai a minha achega: na Despesa há umas migalhas para o Funcionalismo e para o Investimento Público no Conhecimento. Mas é na Receita que há muitas incongruências: a Receita Corrente aumenta em termos nominais 5,8% (mais 1 ponto percentual do que o PIB), mas os Impostos (+ 3,8%!) e as Contribuiç. para a SS (+ 5,1%) têm aumentos inferiores. Para além destas receitas, não conheço na Receita algo mais que tena expressão. Ou seja, o Governo para disfarçar mais um aumento da carga fiscal, atira com um aumento dos Impostos abaixo do crescimento nominal do PIB. E ao longo de 2008 virá com a habitual "lenga-lenga" da "boa cobrança e do combate à fraude e evasão fiscal". As previsões económicas do OE 2008 poderão vir a sair furadas e esse é talvez o principal obstáculo para o cumprimento das metas orçamentais.
Subscrevo o que escreve o comentador "vão dar banho ao cão". Merdocracia é o termo e a designação de "bananas" apropriada para a passividade de gente que, em tempo de ditadura, era tão "revolucionária", cantava a revolução, ia para o exílio, enfim, romantismos!! Agora o que importa é facturar (para o próprio bolso, claro, ter estatuto de deputado ou fazer parte dos governos, ser reformado ao fim de 12 anos ou menos, ter privilégios que mais ninguem tem e não fazer muitas ondas para manter o tacho... Merdocracia mesmo!!
Enviar um comentário
<< Home