Morrer na estrada
"Às vezes é preciso acontecerem tragédias para abanar o sistema. Foi o que aconteceu nos últimos dias com o atropelamento mortal de duas pessoas no Terreiro do Paço e, sobretudo, com o acidente de autocarro que vitimou 15 pessoas e deixou mais duas dezenas no hospital. O Governo anunciou de imediato um pacote de dez medidas para combater a sinistralidade automóvel. No âmbito da campanha, a polícia vai aumentar o o controlo nas estradas, designadamente no que se refere aos limites de velocidade e aos índices de alcoolemia. A campanha passa ainda pela identificação de pontos negros nas estradas e o Governo vai disponibilizar dois milhões de euros para dotar as forças de segurança dos meios necessários, nomeadamente radares e alcoolímetros.
Só que esta campanha é um remake de uma outra a nível europeu segundo a qual os Governos da União Europeia se comprometiam a reduzir para metade a sinistralidade nas estradas até 2010, identificando e eliminando os pontos negros nas estradas.
Ora, segundo as contas da Estradas de Portugal, o Plano Nacional de Prevenção Rodoviária reduziu o número de mortos e de feridos graves nas estradas nacionais em 51,4% e 54,2% entre 2000 e 2006. Pelo que o objectivo fixado para 2010 foi ultrapassado em 2005 em todas as estradas portuguesas e na Rede Rodoviária Nacional em particular. Também no que se refere a atropelamentos, o número de mortos e feridos graves diminuiu 60,4% e 59,9% respectivamente até 2006, ou seja para além do objectivo estabelecido para 2010. Além disso, as estatísticas da Estradas de Portugal demonstram que também o número de vítimas mortais em pontos negros diminuiu para muito menos de metade entre 2000 e 2006.
No entanto, a realidade parece ser bem diferente e as estatísticas da Comissão Europeia apesar de mostrarem uma diminuição do número total de mortos nas estradas portuguesas entre 2000 e 2005 contabilizam-na em apenas 33,6%. Curiosamente, os números da Comissão Europeia não coincidem com os da Direcção-Geral de Viação. A Comissão Europeia regista 1247 mortos nas estradas portuguesas em 2005, ano em que a DGV contabiliza apenas 1094. E o cenário repete-se em todos os anos anteriores. Em 2007, a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, que substituiu a DGV, contabiliza, provisoriamente, até 4 de Novembro um total de 711 mortos e 2613 feridos graves, contra os 690 mortos e 2972 feridos graves registados em igual período do ano passado.
Só que, independentemente dos números, Portugal ainda ocupa os lugares cimeiros da mortalidade nas estradas europeias. Não se trata de um problema exclusivamente nacional, mas que requer medidas urgentes e enérgicas. Uma delas prende-se com a criminalização a sério dos condutores que provocam a morte de terceiros, nomeadamente peões, por incúria ou desrespeito. A condução agressiva de um veículo deveria ser equiparada à utilização de uma arma, com todas as consequências que daí adviriam em termos punitivos. O rol de vítimas mortais de atropelamentos é infindável, mas alguns nomes sobressaem pela exposição pública, casos da apresentadora de televisão Alice Cruz ou do economista Alfredo de Sousa.
É que, além do drama social, as mortes e estropiamentos nas estradas têm custos elevados. Segundo cálculos efectuados pela Comissão Europeia em 2005, estimava-se que os custos socioeconómicos da sinistralidade rodoviária em Portugal fossem equivalentes a 3% do PIB desse ano, ou seja cerca de 4200 milhões de euros. A importância da sinistralidade nas estradas é tal que levou a Organização Mundial de Saúde a aconselhar todos os países a tratarem-na como um verdadeiro problema de saúde pública e Portugal tem um grave problema"
Francisco Ferreira da Silva
Só que esta campanha é um remake de uma outra a nível europeu segundo a qual os Governos da União Europeia se comprometiam a reduzir para metade a sinistralidade nas estradas até 2010, identificando e eliminando os pontos negros nas estradas.
Ora, segundo as contas da Estradas de Portugal, o Plano Nacional de Prevenção Rodoviária reduziu o número de mortos e de feridos graves nas estradas nacionais em 51,4% e 54,2% entre 2000 e 2006. Pelo que o objectivo fixado para 2010 foi ultrapassado em 2005 em todas as estradas portuguesas e na Rede Rodoviária Nacional em particular. Também no que se refere a atropelamentos, o número de mortos e feridos graves diminuiu 60,4% e 59,9% respectivamente até 2006, ou seja para além do objectivo estabelecido para 2010. Além disso, as estatísticas da Estradas de Portugal demonstram que também o número de vítimas mortais em pontos negros diminuiu para muito menos de metade entre 2000 e 2006.
No entanto, a realidade parece ser bem diferente e as estatísticas da Comissão Europeia apesar de mostrarem uma diminuição do número total de mortos nas estradas portuguesas entre 2000 e 2005 contabilizam-na em apenas 33,6%. Curiosamente, os números da Comissão Europeia não coincidem com os da Direcção-Geral de Viação. A Comissão Europeia regista 1247 mortos nas estradas portuguesas em 2005, ano em que a DGV contabiliza apenas 1094. E o cenário repete-se em todos os anos anteriores. Em 2007, a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, que substituiu a DGV, contabiliza, provisoriamente, até 4 de Novembro um total de 711 mortos e 2613 feridos graves, contra os 690 mortos e 2972 feridos graves registados em igual período do ano passado.
Só que, independentemente dos números, Portugal ainda ocupa os lugares cimeiros da mortalidade nas estradas europeias. Não se trata de um problema exclusivamente nacional, mas que requer medidas urgentes e enérgicas. Uma delas prende-se com a criminalização a sério dos condutores que provocam a morte de terceiros, nomeadamente peões, por incúria ou desrespeito. A condução agressiva de um veículo deveria ser equiparada à utilização de uma arma, com todas as consequências que daí adviriam em termos punitivos. O rol de vítimas mortais de atropelamentos é infindável, mas alguns nomes sobressaem pela exposição pública, casos da apresentadora de televisão Alice Cruz ou do economista Alfredo de Sousa.
É que, além do drama social, as mortes e estropiamentos nas estradas têm custos elevados. Segundo cálculos efectuados pela Comissão Europeia em 2005, estimava-se que os custos socioeconómicos da sinistralidade rodoviária em Portugal fossem equivalentes a 3% do PIB desse ano, ou seja cerca de 4200 milhões de euros. A importância da sinistralidade nas estradas é tal que levou a Organização Mundial de Saúde a aconselhar todos os países a tratarem-na como um verdadeiro problema de saúde pública e Portugal tem um grave problema"
Francisco Ferreira da Silva
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home