quinta-feira, novembro 08, 2007

Pensamentos de um ignorante

No prefácio ao livro de Medina Carreira e Ricardo Costa, Manuela Ferreira Leite afirma:

“Só se a taxa de crescimento do produto for superior à que se tem verificado é que as conclusões poderão não ser tão sombrias.”
(…) É preciso trabalhar mais, inovar mais, ousar mais para conseguir crescer mais.(…)

No livro Medina Carreira fala de facto que não se deveria ter aderido ao Euro com o Escudo sobrevalorizado, apontando nomes que se opuseram, mas não apontando os culpados, dever para com uns apenas, portanto. É o país das falinhas mansas da voz grossa conforme se olhe para baixo ou para cima. Quem escreve sujeita-se.

Esquecendo o livro que me ofereceram, eu, que não sou economista e que abomino a postura desta gente ( economistas e gestores), pergunto-me muitas vezes porque carga de água este sítio continua a ser um sítio.
Repete-se o miserabilismo da I República e a arrogância dos políticos da III coincide com a arrogância dos da I, assim como a incompetência, para ser benévolo, porque noutros sítios se chamaria outra coisa, num ciclo poucas e raras vezes interrompido.
Criou-se o tabu que se não pode baixar os impostos. Porque sim.

Fala-se como se não se tivesse nada a ver com as coisas.

Faz-se um orçamento de estado fictício, criticado sem convicção, porque todos têm o seu quinhão, no poder e na culpa.

Para acabar com o regime e com o estado de direito democrático, coisa que não sei o que é, falta uma coisa que vem a caminho, a limitação da chamada liberdade.
Os resultados não vão ser bons atendendo aos detentores do poder que temos, dissimulados e medíocres.

Não resisto a falar de uma coisa que os economistas do sítio tanto falam: crescimento e desemprego.
Parece que se confunde crescimento com conjuntura.
De 1970 a 1994, em plena mutação tecnológica, o emprego passava, em França, de cerca de 21 milhões de trabalhadores para 22 milhões, e na Alemanha de 26,65 para 28 milhões. Mas, ao mesmo tempo, a duração de trabalho fornecido anualmente por cada indivíduo ocupado baixava, respectivamente, de 1900 para 1600 horas e de 1870 para 1580. De forma que o número total de horas de trabalho em cada um desses dois países regredia de 40 para 35 biliões no primeiro e de 50 para 44 biliões no segundo. Em ambos os casos, a máquina substituíra efectivamente a força de trabalho. Se o número de pessoas ocupadas, aumentava, num e noutro caso, não era devido ao crescimento, mas à redução das horas de trabalho: sem essa redução, a França contaria com mais 3 milhões de desempregados em 1994, e a Alemanha com mais 4 milhões.
Precisão que não implica, evidentemente, nenhum prejuízo pejorativo em relação à necessidade de uma política de crescimento ou de estimulação conjuntural.”

Em “A ilusão neoliberal de René Passet”

Não sei porquê fez-me pensar na questão do flexiemprego, na abolição do salário mínimo, substituído pela inspecção dos dentes como se faz aos burros nos mercados e a volta ao leilão na praça pública, como nos antigos mercados de escravos, acabar com o papel social das empresas e com a protecção social e milagre dos milagres, o emprego aparecerá, este é o fundamentalismo das associações patronais deste sítio e com quem os sindicatos moribundos tanto gostam de dialogar, depois de devidamente condicionados pelas respectivas células e dirigentes caducos mas muito democratas.

Para animar as hostes coloco mais umas informações sobre o amanhecer de uma nova era:

Os produtos imobiliários britânicos voltaram a cair pela segunda vez consecutiva em Outubro. Tal não acontecia desde Maio de 2005. A subida das taxas de juro e a revisão em baixa do crescimento económico afastaram os compradores do mercado, informou a Holdind do Bank of Scotland (HBOS Plc). O custo médio de uma habitação caíu 0,5% para £ 197 248 (€ 282 815,79), após já ter registado uma quebra de 0,6% em Setembro. Em 2006, em Outubro, os preços atingiram os 8,9%. No mês anterior a subida fora de 10,7%. Após 10 anos de “boom” o imobiliário acabou por criar a inevitável bolha que, mais tarde ou mais cedo, o mercado acaba por “esvaziar” ou “secar” para reavaliar os activos para patamares sensatos. Com dinheiro barato, facilidade de criar dívidas, descurar a poupança e gastar mais do que se ganha são os ingredientes das crises financeiras. O Banco de Inglaterra (BOE) decidiu hoje manter as taxas de juro inalteradas (5,75%). A maioria de 61 economistas, integrantes de um painel organizado pela agência norte-americana Bloomberg, pensa que o BOE só baixará o preço do dinheiro em Fevereiro de 2008.
(pvc/HBOS/Bloomberg)

Os intercâmbios de risco de crédito (credit-default swaps) derivados de títulos do banco americano Citigroup atingiram os valores mais altos nos últimos cinco anos. Desta forma o mercado dá o sinal de que aguarda, para breve, uma nova onda de amortizações parciais de futuros prejuízos por incumprimentos em contratos de créditos hipotecários de alto risco, «subprime».Desde 31 de Outubro, os riscos do Citigroup subiram 30 pontos base(pb) para os 83 pb, informaram a corretora novaiorquina Phoenix Partners Group e os analistas do Credit Suisse Group. Um pb no contrato de protecção de risco de incumprimento no valor de USD 10 milhões, com maturidade de cinco anos, equivale a USD 1 000/ano. Situação idêntica afecta os bancos Wachovia Corp. e Morgan Stanley. (pvc/bloomberg)

A bolsa novaioquina teve hoje mais um dia negro. O índice financeiro S&P desvalorizou-se 2,6% até ao meio da sessão. Na segunda metade do dia, a Washington Mutual Inc (WaMu), a líder americana das caixas de poupança e de crédito foi portadora de más notícias antes da abertura do mercado: a quebra do imobiliário vai manter-se em 2008; os prejuízos com os incumprimentos dos empréstimos aumentarão; os créditos hipotecários poderão atingir o valor mais baixo desde 1998. As acções WaMu caíram 9% (USD 22,-) nas primeiras horas da sessão. Foi a maior desvalorização desde 11 de Setembro de 2001. O banco Morgan Stanley resvalou 4,2% (USD 52,21). A American Express perdeu 2,8% (USD 56,92). A American International Group Inc, líder mundial das seguradoras, desvalorizou-se 3,1% (USD 60,09), tendência seguida pela maioria das empresas de construção. O índice Dow Jones, que mede o comportamento das empresas do segmento imobiliário, caíu 2,3%. (pvc/agências)

15 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Bem, se o caminho passa por termos de despedir um exército de funcionários públicos é um instante enquanto endireitamos as contas públicas. Depois teríamos é uma taxa de desemprego de 20% e um ambiente social explosivo, mas isso que se dane. Quanto ás propostas de fiscalidade, parecem-me tão úteis como minúsculas. Esta argumentação elegante (que tem a vantagem de não se confundir nas percentagens reais e nominais) foi desmontada de forma racional poe Teixeira dos Santos. São 2 caminhos para o mesmo objectivo, o gradualista de T.dos Santos e o do choque fiscal de Mira Amaral. São dois homens honestos e de calibre intelectual bastante alargado. Mas soberano é o povo português. Este que escolha

quinta-feira, novembro 08, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Nem todos gostaríamos de alívio fiscal. A mim aflige-me que paguemos tão poucos impostos. A carga fiscal efectiva em Portugal não dá para os gastos do Estado. Logo há que pedir dinheiro emprestado ao estrangeiro para pagar o deficit de cada ano. E essa dívida fica para as gerações que aí vêm pagarem, e com juros! A mim isso não me parece nada bem. Os 3% de deficit anual é um mínimo dos mínimos; o desejável é cada país ter deficit nulo no conjunto de vários anos, digamos entre 3% de deficit no pior ano e 4% de superavit no melhor ano, para poder compensar a dívida e juros entretanto contraídos. Por cá, país de analfabetos matemáticos, isso não é compreendido, e os 3% de dívida actual parecem razoáveis. Até parece pouco, mas lá vem a matemática: se tivéssemos tido sempre 3% do deficit desde o 25 de Abril de 1974, hoje o país podia entregar toda a sua produção de riqueza durante um ano, que não chegaria para pagar a dívida acumulada! Baixar os impostos é um roubo às futuras gerações. (Quase) todos concordamos que o estado deve gastar menos. Que se reduza a despesa. Mas antes, entretanto e depois temos o dever de a pagar e não deixar a conta aos nossos filhos! Para já a dívida acumulada já vai em metade da riqueza produzida num ano e continua a aumentar: todos os anos somamos-lhe um deficit. Custa-me ver a ignorância e a demagogia aliadas para manter esta situação.

quinta-feira, novembro 08, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Quando é que os senhores das grandes consultoras param de dizer disparates sobre a tributação em irs dos reformados? Mesmo considerando que o reformado nao tem despesas de saude nem qualquer outra dedutivel o que sera um caso raro beneficiara sempre da deduçao à colecta prevista no artigo 79º do CIRS para o ano 2007 será de € 241,80 logo só que tenha rendimentos superiores a 8500 ano 610 euros mês é que poderao pagar irs no caso limite de nao terem qualquer despesa a apresentar. Há para ai um grande lobi dos reformados... Quem infelizmente paga irs logo a partir dos 460 euros sao os trabalhadores do activo esses sim são discriminados é pagam mais de irs. De qualquer forma niguem reformado ou activo deveria pagar imposto se tivesse rendimentos anuais inferiores a € 10.000, pois quem tem salarios reformas de € 715 euros por mes apenas sobrevive não devia contribuir dos seus parcos rendimentos com qualquer valor para o irs. Tributar esses rendimentos chega a ser imoral.

quinta-feira, novembro 08, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Gostaria de saber qual a razão pela qual, numa conjuntura particularmente difícil para o país, não são pedidos sacrifícios às grandes fortunas, aos negócios especulativos da bolsa e aos lucros vertiginosos das grandes empresas. Não é retórica, é qq coisa de muito sério que o Governo teima em não esclarecer, impondo pesados sacrifícios a pobres e classes médias. Se o não fizer, o Governo estará condenado ao fracasso. Com os recibos de Janeiro de 2008 nas mãos, os cidadãos não terão duvidas sobre o aumento de imposto de que voltam a ser vítimas. Custa ver tanta injustiça por parte de um Governo apoiado por um partido dito socialista.

quinta-feira, novembro 08, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Realmente a consultora enganou-se relativamente aos reformados,mas o sr FP, foi atraz da mentira do ministro das finanças, e entende que os reformados devem pagar a mesma taxa dos trabalhadores por conta de outrem, esquece, o ministro omite, provavelmende de forma deliberada, que um reformado que ganhae 750 euros, ganhava no activo 1000 euros, ou seja já está a ser penalizado em 250 euros por mês, foi por isso que, quando foi criado o IRS em 1989, se criaram duas categorias de IRS, a A para trabalhadores por conta de outrem e a H para pensionistas. O maior defeito dos políticos e de alguns aprendises é não saberem nem conhecerem a história

quinta-feira, novembro 08, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Só à guisa de achega: o imposto que o Estado deverá prioritáriamente baixar é o IVA. A previsão de receita de IVA para 2008 é de + 8% do que em 2007. Continua a ser o principal suporte, com o IRS, da receita fiscal. Se baixar o IVA, ou o IRS (menos provável), o Défice será abalado.

sexta-feira, novembro 09, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Vejo com dificuldade esse "ratio" entre impostos e votos ,num eleitorado como o nosso.Só se for a oposição a oferecer o "bacalhau a pataco" mas isso é mais o estilo PS.Tambem pode ser que Cavaco tenha uma palavra a dizer.É que, afinal, foi como o argumento da falta de disciplina, perante as contas, que Sampaio despachou Santana(para além do objectivo de empregar os amigos...)

sexta-feira, novembro 09, 2007  
Anonymous Anónimo said...

A consolidação só existiu porque se aumentaram os impostos......não houve consolidação do lado das despesas. Isto não se diz. Os impostos elevados são inimigos dos negócios e do aumento da produção

sexta-feira, novembro 09, 2007  
Anonymous Anónimo said...

eu não voto há mais de duas décadas, porque não estou disposto a sancionar o que os grupos politicos(de díscutivel democraticidade interna)nos impõem e que estragaram o belo sonho "abrilista" de uma sociedade diferente(sonho naturalmente delirante..)Mas, como há 65 a 75 porcento dos meus concidadãos que os avalizam,tenho que aceitar o facto,tal com acontece com os programas televisivos de grande audiencia ,onde aí o meu veto é o controle manual(como no voto).Pode ser que um dia, a indignação deles os leve a grande abstençaõ e então talvez apareça gente menos má na politica.

sexta-feira, novembro 09, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Estou de acordo e também já não voto há bastante tempo e não quero perder tempo com este bando de pseudo humanos que nos governa há 30 anos. Contudo, a culpa disto tudo será dos médicos e parteiras que de uma forma sistemática andam a CAPAR os portugas para que dessa forma se mantenham calmos e mais mansos. TALVEZ UM DIA QUEM SABE ISTO IRÁ MUDAR..

sexta-feira, novembro 09, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Ao contrário, sempre votei, porque sou cidadão, sou português, pago impostos e, portanto, não me demito do direito de dar a minha opinião, votando. Assim, sinto que tenho mais direito de apoiar ou criticar, porque intervi e não me acomodei no sofá a ver as eleições pela televisão. Há pessoas que único contributo critico para a sociedade é assumir a regra do bota-a-abaixo. Na Assembleia da República, julgo inevitável (e natural) o surgimento de quezilias verbais e picardias entre os intervenientes na discussão do OE, mas isso é humano (os pseudo humanos nunca erram, porque nada fazem), mas é um contudo será importante que as pessoas, os contribuintes, os portugueses interessados pelo País, estejam atentos à discussão, retenham o essencial, possam aperceber-se e compreender o porquê e o senão das propostas em discussão. Depois disso, sim, emitam juízo.

sexta-feira, novembro 09, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Eu tambem não quero avalisar com o meu voto a incompetência quase geral dos nossos governates, desde há muito. mas eu vou sempre votar! Em BRANCO! Quanto ao orçamento, com o aproximar das eleições, é o que se esperava! Previsível! Valha-nos Deus!!

sexta-feira, novembro 09, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Merdocracia é o termo e a designação de "bananas" apropriada para a passividade de gente que, em tempo de ditadura, era tão "revolucionária", cantava a revolução, ia para o exílio, enfim, romantismos!! Agora o que importa é facturar (para o próprio bolso, claro, ter estatuto de deputado ou fazer parte dos governos, ser reformado ao fim de 12 anos ou menos, ter privilégios que mais ninguem tem e não fazer muitas ondas para manter o tacho... Merdocracia mesmo!!

sexta-feira, novembro 09, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Os comentadores abstiveram-se de dar um contributo crítico ao OE, e passaram a tecer juizos sobre a sua posição face ao regime político que nos governa. Como analisei o OE 2008, aqui vai a minha achega: na Despesa há umas migalhas para o Funcionalismo e para o Investimento Público no Conhecimento. Mas é na Receita que há muitas incongruências: a Receita Corrente aumenta em termos nominais 5,8% (mais 1 ponto percentual do que o PIB), mas os Impostos (+ 3,8%!) e as Contribuiç. para a SS (+ 5,1%) têm aumentos inferiores. Para além destas receitas, não conheço na Receita algo mais que tena expressão. Ou seja, o Governo para disfarçar mais um aumento da carga fiscal, atira com um aumento dos Impostos abaixo do crescimento nominal do PIB. E ao longo de 2008 virá com a habitual "lenga-lenga" da "boa cobrança e do combate à fraude e evasão fiscal". As previsões económicas do OE 2008 poderão vir a sair furadas e esse é talvez o principal obstáculo para o cumprimento das metas orçamentais.

sexta-feira, novembro 09, 2007  
Anonymous Anónimo said...

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sexta-feira, novembro 09, 2007  

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