Trabalhar para o dinheiro ou pôr o dinheiro a trabalhar para nós
"Hoje é dia mundial da poupança, uma data que importa marcar em Portugal.
A taxa de aforro no país está no nível mais baixo de sempre (8% do rendimento disponível), sendo também a mais reduzida no contexto da União Europeia. Os portugueses ganham menos que os alemães mas, em proporção do seu rendimento, gastam mais. O crescimento do endividamento tem sido feito principalmente pela via do crédito habitação, onde os bancos fazem de tudo para não perder novos clientes – o resto, cerca de 20%, é puro crédito para consumo. E as perspectivas para o futuro não são favoráveis: o Banco de Portugal esperava que a sangria na poupança estancasse em 2008, mas os economistas não alimentam prognósticos optimistas. A subida dos juros – que, ao significar uma maior remuneração da poupança deveriam levar mais portugueses a aforrar – não terá o impacto pretendido, pois muitas famílias de classe média têm o seu dinheiro refém das prestações dos empréstimos. Para muitos a situação é mesmo esta: trabalha-se para a dívida, quando o ideal seria o oposto, ou seja, pôr o dinheiro a trabalhar para os seus projectos. "
Bruno Faria Lopes
A taxa de aforro no país está no nível mais baixo de sempre (8% do rendimento disponível), sendo também a mais reduzida no contexto da União Europeia. Os portugueses ganham menos que os alemães mas, em proporção do seu rendimento, gastam mais. O crescimento do endividamento tem sido feito principalmente pela via do crédito habitação, onde os bancos fazem de tudo para não perder novos clientes – o resto, cerca de 20%, é puro crédito para consumo. E as perspectivas para o futuro não são favoráveis: o Banco de Portugal esperava que a sangria na poupança estancasse em 2008, mas os economistas não alimentam prognósticos optimistas. A subida dos juros – que, ao significar uma maior remuneração da poupança deveriam levar mais portugueses a aforrar – não terá o impacto pretendido, pois muitas famílias de classe média têm o seu dinheiro refém das prestações dos empréstimos. Para muitos a situação é mesmo esta: trabalha-se para a dívida, quando o ideal seria o oposto, ou seja, pôr o dinheiro a trabalhar para os seus projectos. "
Bruno Faria Lopes
3 Comments:
Continuo a acreditar que os consumidores portugueses são "vítimas" da sua iliteracia matemática e da sua jovem riqueza. Basicamente não sabem lidar com dinheiro e não conseguem entender conceitos básicos como a relação entre tempo e dinheiro. Tomam as suas decisões acreditando que com crédito conseguem consumir mais, quando na realidade o crédito compra tempo a troco de dinheiro: consome-se menos mas antes. Inebriados com o seu recém adquirido poder de compra, entram numa espiral consumista de status: para tudo há sempre um modelo acima que se deseja. Aí entra, a somar ao poder de compra, o poder do crédito. E no jogo de sedução do imediatismo, troca-se o poder de compra futuro pelo poder de crédito presente. Quando o futuro chega esgotou-se o poder de compra (há que pagar o crédito) e o poder de crédito (quem empresta deixou de acreditar que se possa contrair mais crédito). Junte-se a esta realidade uma taxa de juro variável que, nos últimos anos subiu consideravelmente, e temos as condições suficientes para sobre-endividamento.
Como poupar se os rendimentos vão sendo reduzidos de ano para ano. E para quê se os rendimentos obtidos com essas poupanças, para além de nem cobrirem a inflação, ainda têm de pagar impostos.
Para quê poupar se o dinheiro é um "out-source" oferecido em tudo o que é sítio(incluindo jornais de economia) ?
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