terça-feira, novembro 20, 2007

Um cenário terrível e catastrófico para a Europa

O Irão, definitivamente, está a transformar-se numa influente potência regional com capacidade para redesenhar o mapa dos poderes geopolíticos e geoestratégicos no Golfo Pérsico e na Eurásia, independentemente da evolução das crescentes tensões com Washington, e respectivos aliados, sobre o seu programa nuclear, com a discreta anuência de Moscovo e de Pequim.
A poderosa NATO euroasiática - Shangai Cooperation Organization/SCO - dominada pela China e pela Rússia, discretamente assume um papel instrumental. A SCO foi formalmente fundada, em 2001, pela China, Rússia, Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, e Usbequistão.
A Mongólia, em 2004, e no ano seguinte, os arqui-inimigos Paquistão e Índia, juntamente com o Irão, foram admitidos com o estatuto de “observadores”.
Dos quatro, apenas a Índia, ainda não solicitou formalmente a elevação ao estatuto de membro de pleno direito.
A génese desta poderosa organização, remonta a 1996, com a finalidade de promover a boa vizinhança e a cooperação nas áreas da defesa, segurança, protecção territorial e reforço da soberania entre todos os fundadores.
Com a admissão do Usbequistão, cinco anos mais tarde, em 15 de Junho de 2001, o grupo inicial - Os Cinco de Xangai - rebaptizou a organização com o seu nome actual. Três meses depois, após o 11 de Setembro, a SCO expandiu a cooperação à luta contra o terrorismo, o separatismo e a todo o tipo de ameaças extremistas - políticas, religiosas ou étnicas.
Paralelamente avançou no estreitamento dos laços económicos, comerciais e culturais. Neste momento os dez estados, para além da realização regular de gigantescos exercícios militares, discutem a possibilidade de criarem uma União Euroasiática, que funcione como contra-poder à União Europeia e à NATO.
É neste quadro que a estratégia de Teerão passa pelo reforço da cooperação política, económica, energética e militar com a Rússia e a China e, na América Latina, com a Venezuela.
Na Eurásia e no Mar Cáspio estão os centros nevrálgicos da geopolítica iraniana que assusta as monarquias moderadas do Médio Oriente.
A política externa iraniana é vista pelos analistas ocidentais como uma clara ameaça aos interesses das multinacionais americanas e europeias naquelas regiões.
Por outro lado, receiam as relações privilegiadas que, consistentemente, tem vindo a aprofundar com Moscovo e Pequim.
Este é, provavelmente, o mais ousado e sério desafio ao controlo dos recursos energéticos, e respectivo transporte e distribuição para os mercados ocidentais, durante a próxima década.
Os acordos recentemente celebrados com os países costeiros do Mar Cáspio, o pacto de não-agressão, a cooperação económica e comercial e o reforço dos contactos entre as lideranças militares dos países em causa, com destaque particular para a Rússia, ajudam a entender melhor a geopolítica do Kremlin, os papéis de Vladimir Putin e do ideólogo xiíta iraniano Mahmoud Ahmadinejad, nestas discretas, mas eficazes, movimentações e realinhamentos geopolíticos.
Fragilizar ainda mais a posição da Europa dos 27 na dependência do petróleo e gás natural do Leste Europeu e da Ásia Central é um dos objectivos.
Um eventual ataque militar americano a Teerão, com o pretexto de aniquilar o programa nuclear iraniano, atiraria a Europa, os Balcãs, designadamente a Sérvia/Kosovo, a Eurásia e o Médio Oriente para o epicentro de um terramoto político, económico e, muito provavelmente, militar.
Entre os neoconservadores americanos, sob o discreto comando do vice-presidente Dick Cheney, há quem pense que esta será a única saída possível para salvar os Estados Unidos de perderem o controlo financeiro e energético global que ainda pensam deter.
Um cenário catastrófico deste tipo, nos mesmos teatros de operações do século XX, bem longe do solo americano, seria um excelente negócio para o complexo industrial-militar anglo-americano e para os respectivos conglomerados financeiros.
Apertos militares (Afeganistão e Iraque) e financeiros (colapso dos mercados hipotecário e da dívida) não costumam ser bons conselheiros. (pvc)

Depois do Iraque e do Afeganistão, o Irão irá desencadear aquilo que os americanos nunca perdoaram ao enforcado líder iraquiano, a venda de petróleo em Euros.
A criação do Euro e a indexação do petróleo ao Euro, embora já esteja a ser comprado em cestos de divisas, a questão fulcral é esta.
Os que sempre negaram a existência de uma Europa com umas forças armadas autónomas, são aqueles que nunca quiseram uma Europa.
Depois de todos os envolvidos confessarem que foram enganados, como se de meninas virgens se tratassem, (a figura mais ridícula veio do homem que temia ficar sem emprego) e abandonou a piolheira e foi colocado em Bruxelas, graças aos bons serviços a Washington.
Toda a política da EU nunca foi independente.
Os impérios à beira da ruptura fazem de tudo e tudo arrastam.
Espero estar enganado, mas depois da questão da política agrícola feita para a Europa ficar dependente, com a Inglaterra sempre pronta a morder a mão do continente, com a crise financeira ainda não apurada, revelando que as perdas foram originadas pela exposição de empresas europeias a instrumentos derivativos de crédito assumidos nos Estados Unidos pela suas participadas, e a dependência do petróleo, farão o resto.
Como sempre haverá um pequeno conflito como justificação, por exemplo o Kosovo.
Espero estar enganado e que Deus nos livre de todo o tipo de traidores nesta velha Europa.

18 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Mais do que uma organização económica, a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) tem sido utilizada como arma política pelos seus membros que, juntos, controlam mais de um terço da produção mundial de petróleo. Dentro do cartel, a Venezuela e o Irão são os países que mais exploram o cariz político da OPEP para proteger os seus interesses e combater o “imperialismo norte-americano”.

terça-feira, novembro 20, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Irão não vai utilizar petróleo como arma, nem pode! Tal como muitos outros países é o que lhe dá devisas e reservas para poder transacionar com o exterior. De facto, se se chegar a extremos, com razões, desta vez objectivas, o cerco passa para além das medidas militares apropriadas a um convénio internacional alargado - Rússia, Índia e China de forma a se conseguir um embargo "fechado" às importações de petróleo do Irão. Nem sequer a figura do "petróleo por comida"...... Mas isto é uma opinião para extremos. Penso que a questão Irão passa por muitas outras vertentes e facetas que, bloqueios, invasões, etc. Outro Iraque-Gate e a diplomacia ocidental, a ONU os EUA, a própria UE perde toda a credibilidade e legitimidade de fazer seja o que for na cena diplomática, de defesa ou militar internacional.

terça-feira, novembro 20, 2007  
Anonymous Anónimo said...

É preciso notar que, a confirmar-se o cenário caótico de um ataque militar dos Estados Unidos contra o Irão, já na Primavera de 2008, os vizinhos Emiratos Árabes Unidos (EAU) não terão grandes dificuldades em tomar partido na eventualidade de mais uma Guerra do Golfo. Velhos aliados de Washington, os sete pequenos emiratos da península arábica, a escassos quilómetros da fronteira marítima com o Irão, já escolheram de que lado querem ficar no mapa geopolítico internacional.

terça-feira, novembro 20, 2007  
Anonymous Anónimo said...

No caso de um ataque americano contra o Irão, e de retaliação imediata dos iranianos com o encerramento do Estreito de Ormuz, que liga o Golfo Pérsico ao Oceano Índico, e por onde passam 17 milhões de barris de petróleo por dia, em direcção a todo o mundo, caberá aos EAU a responsabilidade de continuar a manter a segurança daquele ponto estratégico, recorrendo a um exército de 65 mil soldados, apoiados por caças F-16 comprados aos EUA, os Mirage 2000 negociados com os britânicos e os helicópteros de guerra franceses.

terça-feira, novembro 20, 2007  
Anonymous Anónimo said...

De Londres, Teerão pode esperar mais “cacetes” e menos “cenouras”, ou seja, pode esperar que Londres se assemelhe mais a um falcão que a uma pomba. O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, assumiu que o Reino Unido “irá liderar” uma campanha internacional com um objectivo claro: colocar um ponto final nas ambições nucleares

terça-feira, novembro 20, 2007  
Anonymous Anónimo said...

De Londres, Teerão pode esperar mais “cacetes” e menos “cenouras”, ou seja, pode esperar que Londres se assemelhe mais a um falcão que a uma pomba. O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, assumiu que o Reino Unido “irá liderar” uma campanha internacional com um objectivo claro: colocar um ponto final nas ambições nucleares

terça-feira, novembro 20, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Para o bom "chefe de família" daquela região, ser anti-americano é básico.Eles tambem nunca foram defendidos pelas tropas americanas.Na própria Europa ,onde ao contrário,muito se deve aos americanos ,a moda é mesma e o anti-Bush o pretexto.Mas, dada a importancia da região ,ainda havemos de ver todo o mundo a pedir aos americanos que ,como é habitual,ocupem aquilo e deixem lá os milhõess e as vidas.Os curdos não têm qualquer possibilidade e como são traiçoeiros têm de levar no toutiço.A autonomia que têm no Iraque é já um avanço extraordinário

terça-feira, novembro 20, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Continuamos a ser coniventes com uma política de especulação petrolífera, que condena as economias munediais e por outro lado financia o belicismo evidente dos países produtores de petróleo. Porque não falar de uma verdadeira política de energias renováveis? Tentem só imaginar as vantagens!

terça-feira, novembro 20, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Quando tiver a ambicionada bomba,o Irão ficará como o ocidente refèm dos terroristas e radicais internos,porque tentarão assaltar o poder,seja porque via for!Os actuais governantes apenas estão a ser usados,e serão destituídos e destruidos pelo braço de Binladen!

quarta-feira, novembro 21, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Saddam, no Iraque Tinha centrais para fabricar bombas nucleares, e também não existiam provas...! Mas quando em 19etal Israel atacou o que não havia provas de existir, logo se viu que provas haviam...E muitas! O Irão ainda é pior... Eles não são árabes...São a pior corja que existe os Persas... Os ayatolahs querem desde sempre impôr uma revolução islamica no mundo todo...!

quarta-feira, novembro 21, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Depois da "produção" estar a bom recato, será fácil deixar a AIEA investigar quanto queira, embora possa haver alguma surpresa, será extremamente difícil enganar o IRÃO. Haverá algumas restrições? Decerto que sim, é de prever.

quarta-feira, novembro 21, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Isto é assim:só eu é que posso ter casa.O meu vizinho não pode ter casa nem outra coisa qualquer.Só eu posso ter a bomba.Você não!Só eu posso matar, roubar, explorar, mentir, invadir outros países e por aí fora.É esta a democraCIA. ONDE ESTÁ A JUSTIÇA PARA OS DEFENSORES DOS DIREITOS HUMANOS? Eu não gosto desta comida, por isso, passo mal mas bem de consciência.

quarta-feira, novembro 21, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Agora ficamos todos a saber que existem bombas "boas" e bombas "más".As "boas" são aquelas que permitem manter certas políticas injustas de controle sobre populações e países(caso do estado sionista e amiguinhos).As "más" são aquelas que supostamente possam estragar o regabofe dos autoproclamados "civilizados"na sua missão "libertadora"...

quarta-feira, novembro 21, 2007  
Anonymous Anónimo said...

evidentemente, porque há a possibilidade de o poder, fanatizado, utilizar a energia nuclear contra Israel ou outros países, não é?

quarta-feira, novembro 21, 2007  
Anonymous Anónimo said...

É claro que os chineses são contra sanções ao Irão. Chatear o seu maior fornecedor de petróleo, bem como um dos seus maiores clientes é sempre de evitar. E nisso, os comunistas chineses são como os capitalistas ocidentais. Põem os interesses económicos à frente de tudo.

quarta-feira, novembro 21, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Como o mundo não se rege pelas ideias hipócritas dos anti-americanos, é óbvio que o Irão irá sofrer sanções do mundo civilizado. E se o programa nuclear é pacífico, então porque foi secreto durante 20 anos? Esta história está muito mal contada...

quarta-feira, novembro 21, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Para quem nao saiba a grande maioria é anti americana, ou melhor ainda, anti bush. Mas por engraçado que seja, tb já me revi nas opçoes dos eua, mas como tenho 2 olhinhos (que a terra ha-de comer) e um cerebro que pensa, ao contrario de alguns, nao posso em consciencia aceitar actos terroristas e criminosos, e nao tem nada a ver com comunas ou nao, tem a ver com consciencia civica.

quarta-feira, novembro 21, 2007  
Anonymous Anónimo said...

Se são tropas americanas, já são contra o seu estacionamento em "países soberanos e independentes", mas se forem tropas russas já está tudo bem? Se isto não é hipocrisia, é o quê? E se os iranianos quiserem fazer um ataque nuclear contra Israel, será que a Russia impedirá os iranianos? Putin anda a brincar com o fogo...

quarta-feira, novembro 21, 2007  

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