sábado, dezembro 29, 2007

Uma vaga lembrança.



Tudo está bem, tudo está certo.
Tudo corre como deve, as águas dos ribeiro correm como devem para outro,
Ou para um rio e daqui para um mar
Tudo estará então bem!
Nós estamos felizes.
Vamos vivendo os ciclos da vida e da natureza,
Afinal, sabemos que sol amanhã nos levantará,
Que a noite se seguirá ao dia,
Que a felicidade é mais importante que a miséria,
Que a dor por vezes é necessária para sabermos que existe,
Que vivemos e que sofremos como os outros seres vivos.
Imaginemos que é verdade tudo o que disse.
Imaginemos que a verdade é um bem, e que sabemos… o que é a verdade.
Mas saberemos?
Saberemos que é pouco, muito pouco, dizer que à verdade se opõe a mentira ?
O mal oposto ao bem, e que a oposição dos contrários é demasiado simples,
Para seres tão complexos como uma simples ameba
Porque no fundo tudo se resume à quantidade de organelos que temos
À quantidade de células de tecidos e de seres e de mundos e de universos.
Mas é apenas esta a verdade e a realidade?
O simples será mesmo simples?
Será que existimos todos com um propósito?
Será que apenas existimos porque…sim?
Será que a existência é um somatório de experiências.
Será que o nexo das coisas e o caos são uma só, e a mesma coisa?
Será melhor perguntar no silêncio da nossa consciência,
Ou no limiar do sono, onde estamos e o que somos?
Os olhos , que alguns dizem serem o espelho da alma,
São apenas um simples organelo como os da ameba.
A complexidade, não faz de nós nada de especial,
.Mas o essencial, a pedra de toque, é sabermos pensar.
É sabermos que estamos a pensar.
É podermos voar como os pássaros!
Já experimentaram?
Voar e repetir o sonho quando queremos?
Como os pássaros e as aves sabem a viagem não ensinada…
Nós saberemos o que nos espera?
Porque duvidamos do óbvio?
Porque apenas nos dizem para acreditar no que vemos?
Porque nos dizem que hoje a verdade é esta, para depois ser negada?
Destes sinto medo e pena,
São pássaros que perderam o fio e deixaram de sentir o destino.
Dantes, os homens procuravam o destino,
Hoje, apenas se limitam a esperar que algo lhes seja dado,
Que a vida seja um mar sem ondas.
Deixámos de procurar…
Assim, raramente, ainda encontro os que duvidam e procuram.
Que não se resignam com a verdade comprada nas prateleiras de uma dessas catedrais de hoje,
Catedrais das sociedades avançadas,
Que avanço digno de um rebanho é este?
Que pastores?
Que cães de maneio tornam a verdade redonda, como rebanho a reunir ao mínimo assobio?
Ecoa alguma coisa desta grande mentira?
Há muitos séculos um polidor de lentes dizia que a alma não existia.
Usou axiomas, deduções e concluiria que a alma não era.
Deus existia e era a Natureza, sem mais.
Mais tarde, outro mapeou o cérebro e mais não disse.
Apenas baseado em mapas e em pessoas tomadas de males,
Calculou que a matemática era uma ciência exacta,
Que a alma se existisse era efémera como o invólucro mortal,
Residia num pouco de cérebro mais aperfeiçoado, no homem,
Sempre o homem!
Tinha de ser!
Tinha de ser no homem, que esse bocado de cérebro,
Muito recente, localizado naquele pequeno local, nos dizia das emoções,
Das lembranças e dos estados de alma,
Que disparate!
Quero dizer da consciência de si , da consciência de nós.
Tudo fácil e sempre a partir de homens em agonia.
De homens incompletos pela desgraça, pela praga que os abatera,
Assim foi criada uma ciência,
A ciência da agonia, dos mapas orientados por nortes inexistentes.
Sim, porque se parte de premissas falsas e de homens incompletos,
De animais completos criados pelos novos evangelhos.
Pelos novos profetas que pregaram em campos de morte, a boa nova,
A nova luz e os novos deuses que devem servir o homem perfeito.
Num mundo perfeito de superfícies de mentira a cada palavra.
Temem o quê?
Temem o vaguear?
Temem o espírito que sabem que se desliga por vezes?
Nunca experimentaram?
Pretendem o quê?
Fazer de um deles um novo deus?
Que assembleia majestosa se aguarda dos secularistas!
Que novos evangelhos querem escrever?
Afinal hoje é fácil escrever, mas será fácil viver com a dúvida?
Por mim, fico satisfeito em ser triste, quando não posso andar alegre.
Contento-me com a revolta que trago vezes de mais comigo.
Mas que posso fazer?
Contento-me com os amigos porque a vida não me dá mais.
Contento-me com a ilusão.
Contento-me com o desespero.
Contento-me com a raiva que refreio até um dia.
Contento-me que um dia sou melhor que no outro,
E amanhã se o sol nascer para mim,
Posso pensar que sou apenas mais um, deste rebanho a que não posso fugir.
Porque as pedradas doem e os dentes dos cães são fortes e duros e nos rasgam a pele,
E acordam –nos do sonho com a dor de alma que afinal fica.
Sempre como uma vaga lembrança.
Porque é disso que se trata; de uma vaga lembrança.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Mais uma vêz, parabens Toupeira!!!

O mundo está realmente cheio de cegos funcionais!!

domingo, dezembro 30, 2007  

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