quarta-feira, janeiro 30, 2008

INSUBMISSO AOS 60

"Nos anos pós-revolucionários, o sindicalismo indígena foi caso de estudo. Académicos europeus chegavam ao zoo local para constatar, ao vivo, uma anormalidade curiosa: no resto da Europa, os sindicatos subjugavam os partidos de esquerda; em Portugal, a CGTP era uma excrescência fiel do Partido Comunista. Aliás, só agora, mais de três décadas passadas, é que os seus líderes se preparam para arriscar de vez a emancipação. Os militantes de topo do PCP demoram sempre a suspeitar que o partido não é um modelo de tolerância e pluralismo. Por regra, uns vinte ou trinta anos. Ainda por cima, a epifania requer um estímulo adicional, geralmente uma carreira próspera na concorrência.

Os sindicalistas insurrectos, honra lhes seja feita, não entraram em colisão com o PCP para aderir à concorrência. Honra lhes seja desfeita, não precisam.z. E, por inerência, de que o lastro comunista facilita menos do que estorva as ambições pessoais de Carvalho da Silva, possivelmente insufladas pela ascensão de Lula.

Não sei quem ganhará o confronto entre o PCP e o nosso Lula pelo controlo da CGTP, nem isso é demasiado interessante. Mas sei que, no processo, Carvalho da Silva vai posar de símbolo de independência contra as amarras da ortodoxia. E isso, depois de uma vida assim obediente e comprometida, será uma delícia.
"

Alberto Gonçalves

Divulgue o seu blog!