A VERDADE A PRETO E BRANCO.

"A América, muitos nos lembram, come pretinhos ao pequeno-almoço. Leia-se isso com, ao fundo, Strange Fruit de Billie Holiday - um blues inspirado numa foto dos anos 30, com negros enforcados numa árvore, pendendo como frutos estranhos. A América, como muitos nos lembram, é ainda essa, dos linchamentos no Sul profundo. E, no entanto, o filho de Nyanza, negro do Quénia, e Ann, branca do Kansas, esse Barak Obama, meio negro, meio branco, pode vir a ser presidente da América. Com a generalização com que se trata estas coisas, o primeiro presidente negro da América. Fica assim desmentido o que tanto nos lembram, a América boçal, racista. Lembro-me agora de outra coisa. Esse meio branco, meio negro, com a generalização com que estas coisas se tratam, pode passar por branco no Quénia. A questão é: está o Quénia, ou outro país africano, preparado para o seu primeiro presidente branco? A resposta leva-nos ao facto: a América é grande e forte. E não falo de canhões."

Ferreira Fernandes