quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Deputar.

"Há uma casta de portugueses que decide a seu respeito. São os deputados: atribuem-se o próprio vencimento, mais senhas de presença quando vão ao trabalho, subsídios e ajudas disto e daquilo, horas de trabalho no hemiciclo, nas comissões e em “contactos com o eleitorado”, regime de compatibilidades, viagens, tempo de trabalho, idade para a reforma e respectivo quantitativo, etc.

Se cada português pudesse puxar assim a brasa à respectiva sardinha havia de ser bonito. Mas não é assim porque os senhores deputados entendem, e bem, que não se deve julgar em causa própria, salvo no que lhes diz respeito.

Agora, porque o Bastonário da Ordem dos Advogados levantou a questão da possível incompatibilidade entre o exercício da advocacia e o mandato de deputado, responde-lhe um coro afinado e uníssono, que vai da extrema-direita parlamentar ao PCP, clamando que a proposta constitui um disparate e uma falta de seriedade. Um parlamentar chega mesmo a alegar que o Bastonário quer submeter os parlamentares à miséria, dependentes do partido para viver. Ou seja: os senhores deputados, que aprovam para terceiros programas e legislação que condena milhares de cidadãos à penúria, entendem que não podem viver com o salário do Parlamento, pelo que necessitam de uma profissão suplementar e mais rendosa.

Clamam alguns que o Bastonário não quererá que os advogados exerçam um qualquer cargo público. Não foi nada disso que defendeu o Bastonário. O que disse, e muito bem, é que ser político e simultaneamente exercer advocacia torna possível o risco de tomar os interesses do cliente pelo serviço do povo e da Nação. É certo que muito deputado advoga assim como muito advogado deputa. Mas tem que haver limites
. "

João Paulo Guerra

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