“Falar verdade a mentir”
"Três anos de Governo serviram para demonstrar que Sócrates é um primeiro-ministro de desgaste rápido.
A entrevista de José Sócrates foi um ‘flop’ político. Centrada na revisão da matéria dada, os portugueses assistiram a uma sessão íntima para o esclarecimento de ninguém. De acordo com o primeiro-ministro, Portugal não é um país, mas uma abstracção. Quanto ao país real, este é coberto por um espesso nevoeiro de palavras. À entrevista do primeiro-ministro faltou mundo, respiração, profundidade. Sócrates revelou-se previsível, superficial e cansativo. Três anos de Governo serviram para demonstrar que Sócrates é um primeiro-ministro de desgaste rápido.
A conferência do primeiro-ministro foi simplesmente a negação da política. Primeiro, é a ausência de uma visão global para o país. Depois, é a redução do Governo a uma equação linear dos vários sectores da governação. Em vez de política, Sócrates pratica uma tecnocracia de rosto pós-moderno e que serve para ocultar o espírito burocrático de um director-geral.
Da entrevista, ficam duas pérolas na vida nacional. Confrontado com um crescimento do PIB de 1.9%, o primeiro-ministro informa o país que, se não fosse o ‘deficit’ público acumulado, o crescimento teria sido de 2.5%. Politicamente, Sócrates remete para o Governo do PSD a responsabilidade do não crescimento, reivindicando para si a virtude do crescimento observado. O discurso político contra-factual pode ser uma ficção, mas confere ao primeiro-ministro a aparência infalível de um Midas das finanças.
Mas há ainda o número do “tabu”, ou a incerteza sobre o futuro político do primeiro-ministro. O “tabu” não passa de um artifício vulgar de modo a inflacionar o valor político. Mas será para levar a sério? Com o partido do Governo transformado em paisagem política, imagina-se um PS sem Sócrates, dividido por uma guerra-civil entre aspirantes ou entregue aos cuidados extremos de Manuel Alegre? Sinceramente, não. Perante a desmedida ambição do primeiro-ministro, será possível conceber a eleição de Luís Filipe Menezes para primeiro-ministro de Portugal por falta de comparência do PS? Sinceramente, não. A modéstia de Sócrates é ainda a arrogância de Sócrates.
O primeiro-ministro prepara-se para despir o fato de pai tirano e vestir a roupa do filho pródigo. A receita do diálogo e a bonança social são a resposta do Governo à crescente irritação do país. O primeiro-ministro pode estar “concentrado” na governação, mas Sócrates está preocupado com o poder."
A entrevista de José Sócrates foi um ‘flop’ político. Centrada na revisão da matéria dada, os portugueses assistiram a uma sessão íntima para o esclarecimento de ninguém. De acordo com o primeiro-ministro, Portugal não é um país, mas uma abstracção. Quanto ao país real, este é coberto por um espesso nevoeiro de palavras. À entrevista do primeiro-ministro faltou mundo, respiração, profundidade. Sócrates revelou-se previsível, superficial e cansativo. Três anos de Governo serviram para demonstrar que Sócrates é um primeiro-ministro de desgaste rápido.
A conferência do primeiro-ministro foi simplesmente a negação da política. Primeiro, é a ausência de uma visão global para o país. Depois, é a redução do Governo a uma equação linear dos vários sectores da governação. Em vez de política, Sócrates pratica uma tecnocracia de rosto pós-moderno e que serve para ocultar o espírito burocrático de um director-geral.
Da entrevista, ficam duas pérolas na vida nacional. Confrontado com um crescimento do PIB de 1.9%, o primeiro-ministro informa o país que, se não fosse o ‘deficit’ público acumulado, o crescimento teria sido de 2.5%. Politicamente, Sócrates remete para o Governo do PSD a responsabilidade do não crescimento, reivindicando para si a virtude do crescimento observado. O discurso político contra-factual pode ser uma ficção, mas confere ao primeiro-ministro a aparência infalível de um Midas das finanças.
Mas há ainda o número do “tabu”, ou a incerteza sobre o futuro político do primeiro-ministro. O “tabu” não passa de um artifício vulgar de modo a inflacionar o valor político. Mas será para levar a sério? Com o partido do Governo transformado em paisagem política, imagina-se um PS sem Sócrates, dividido por uma guerra-civil entre aspirantes ou entregue aos cuidados extremos de Manuel Alegre? Sinceramente, não. Perante a desmedida ambição do primeiro-ministro, será possível conceber a eleição de Luís Filipe Menezes para primeiro-ministro de Portugal por falta de comparência do PS? Sinceramente, não. A modéstia de Sócrates é ainda a arrogância de Sócrates.
O primeiro-ministro prepara-se para despir o fato de pai tirano e vestir a roupa do filho pródigo. A receita do diálogo e a bonança social são a resposta do Governo à crescente irritação do país. O primeiro-ministro pode estar “concentrado” na governação, mas Sócrates está preocupado com o poder."
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