NOS CÉUS SÓ VIRGENS NÃO HOSPEDEIRAS
"Um dia, saía de Argel (que vivia tempos de goelas cortadas), e reparei na azáfama da cabina. O avião acabara de descolar para Paris e a maioria das senhoras tirava lenços e véus, abanando com gosto a cabeleira. Confirmei o óbvio: sociedades cosmopolitas como Argel e Paris (de onde eram as minhas companheiras de viagem) podiam engendrar algumas adeptas de ver o mundo pelo periscópio do hidjab, mas essas seriam sempre só algumas. Quer dizer, poderes facínoras poderiam durante algum tempo convencer todas, ou algumas durante todo o tempo, mas não todas todo o tempo, a praticar a tolice da visão estreita entre panos. Ontem, a companhia aérea da Arábia Saudita anunciou que as sauditas estão proibidas de ser hospedeiras. Em terra, onde o trabalho permite separar os sexos, pode haver funcionárias. Mas nas coxias estreitas de um avião, não. Não é uma notícia, é o estertor de um mundo. Deixai-a pousar, à Saudi Arabian Airlines. Um dia, ela aterrará na realidade."
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