Fedor
"Os magistrados do Ministério Público detectaram na “nossa sociedade” um “demasiado forte cheiro a podre”.
De onde virá a pestilência? Do pântano? Da decomposição e putrefacção de interesses, da corrupção de proveitos mal digeridos? Não se sabe e cheira mesmo que nem saberá. Desta vez, nenhuma instituição cuidou de convocar os denunciantes para que se explicassem e apontassem de onde vem o cheirete, a fedentina, talvez fedor.
E a verdade é que seria de todo o interesse que o fizessem pois o carácter translato do discurso do Sindicato dos magistrados não dá pistas seguras. Quando o Bastonário da Ordem dos Advogados denunciou a corrupção no Estado as suas meias palavras liam-se como um livro aberto, com enredo, personagens e intérpretes. Mas falar só de “cheirum” não basta. Com efeito, em matéria de pivete, é indiscutível que ele tanto poderá vir da janela, lá de fora, como da própria sola dos sapatos de quem dá pelo fartum. Ninguém está livre de pisar uma fonte de fetidez das muitas que há por aí e, assim, se constituir, contra sua vontade, em hospedeiro fedorento de terceiros.
Depois seria de verdadeiro interesse nacional que os magistrados trocassem por miúdos os dados da sua sensibilidade olfáctica. Ninguém duvida que os magistrados sabem bem mais do que aquilo que cheira ao comum dos cidadãos. E ouvi-los falar sobre fontes de podridão, decomposição, putrefacção, devassidão, suborno, prevaricação seria um inestimável contributo para conhecer melhor o sítio que frequentamos e a que chamamos país.
Assim, apesar do cheiro intenso a podre, ficámos uma vez mais por meias palavras. E meias palavras, pese embora todo o respeito que mereça quem as profere, constituem apenas mais barulho. . ."
João Paulo Guerra
De onde virá a pestilência? Do pântano? Da decomposição e putrefacção de interesses, da corrupção de proveitos mal digeridos? Não se sabe e cheira mesmo que nem saberá. Desta vez, nenhuma instituição cuidou de convocar os denunciantes para que se explicassem e apontassem de onde vem o cheirete, a fedentina, talvez fedor.
E a verdade é que seria de todo o interesse que o fizessem pois o carácter translato do discurso do Sindicato dos magistrados não dá pistas seguras. Quando o Bastonário da Ordem dos Advogados denunciou a corrupção no Estado as suas meias palavras liam-se como um livro aberto, com enredo, personagens e intérpretes. Mas falar só de “cheirum” não basta. Com efeito, em matéria de pivete, é indiscutível que ele tanto poderá vir da janela, lá de fora, como da própria sola dos sapatos de quem dá pelo fartum. Ninguém está livre de pisar uma fonte de fetidez das muitas que há por aí e, assim, se constituir, contra sua vontade, em hospedeiro fedorento de terceiros.
Depois seria de verdadeiro interesse nacional que os magistrados trocassem por miúdos os dados da sua sensibilidade olfáctica. Ninguém duvida que os magistrados sabem bem mais do que aquilo que cheira ao comum dos cidadãos. E ouvi-los falar sobre fontes de podridão, decomposição, putrefacção, devassidão, suborno, prevaricação seria um inestimável contributo para conhecer melhor o sítio que frequentamos e a que chamamos país.
Assim, apesar do cheiro intenso a podre, ficámos uma vez mais por meias palavras. E meias palavras, pese embora todo o respeito que mereça quem as profere, constituem apenas mais barulho. . ."
João Paulo Guerra
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