SOL NASCENTE, TIMOR NEM TANTO
"Leio num blogue que o reboliço em Timor-Leste é motivado por "alguma coisa" que os portugueses "lá deixaram". O blogue não especifica se se refere a um vírus, a um gene, a uma simples inclinação cultural. Mas já é um favorito ao prémio de originalidade no concurso "Invente Uma Razão para as Regulares Chacinas entre Timorenses".
É que as demais justificações são um bocadinho monótonas. Para o Bloco de Esquerda, a balbúrdia resulta de "interferências externas" e da "instabilidade" perversamente causada pela Austrália. Para o PCP, os timorenses matam-se devido a uma vaga "acção de ingerência externa". Com jeito, isto acaba na típica acusação dos EUA, que mesmo sem tossirem fomentam todos os males da Terra. A dra. Ana Gomes, aliás, comparou o major Reinado (visto pela juventude local enquanto uma espécie de "Che" Guevara) a John Rambo, o que é meio caminho andado.
Confesso: ainda não me decidi se a culpa de o tiroteio ser o passatempo timorense é dos EUA, da Austrália, de Portugal, da Indonésia, do Vaticano ou da Disneylândia. A verdade é uma: a culpa não é dos timorenses. Os timorenses, conforme fomos ensinados desde que os descobrimos, aí por 1991, são umas coisinhas meigas e carinhosas, que gostam de nós e que, espantosamente, chegam a comunicar em português. Não é a tese do Bom Selvagem: apesar de tudo, Rousseau considerava os selvagens gente. E não, não é mero paternalismo: apesar de tudo, Kofi Annan chamou a Timor um "filhinho da comunidade internacional". Portugal, pelo contrário, olha os timorenses como caniches de estimação, tão prontos a seguir estranhos quanto a abanar a cauda se lhes atiramos com retórica oca e boas intenções. Portugal não aprende.
No referendo de 1999, a retórica e as intenções acabaram em massacre. Na festiva independência de 2002, a "mais jovem nação da Terra" comemorou com arruaças, incêndios e o ocasional abatimento do transeunte. Para quem não levita numa nuvem de prosápia, os acontecimentos de 2008 limitam-se a confirmar o peculiar estilo de vida de Timor, repleto de violência e determinado pela miséria, por velhos e internos ódios, pela radical incapacidade de se afirmar um estado de direito e de facto. Se não são características meritórias, são pelo menos características humanas. E se este pormenor não consola nem recomenda os timorenses, pelo menos deveria servir de lição a Portugal. Ao que se vê e ao que certamente se voltará a ver, não serve."
Dias contados
É que as demais justificações são um bocadinho monótonas. Para o Bloco de Esquerda, a balbúrdia resulta de "interferências externas" e da "instabilidade" perversamente causada pela Austrália. Para o PCP, os timorenses matam-se devido a uma vaga "acção de ingerência externa". Com jeito, isto acaba na típica acusação dos EUA, que mesmo sem tossirem fomentam todos os males da Terra. A dra. Ana Gomes, aliás, comparou o major Reinado (visto pela juventude local enquanto uma espécie de "Che" Guevara) a John Rambo, o que é meio caminho andado.
Confesso: ainda não me decidi se a culpa de o tiroteio ser o passatempo timorense é dos EUA, da Austrália, de Portugal, da Indonésia, do Vaticano ou da Disneylândia. A verdade é uma: a culpa não é dos timorenses. Os timorenses, conforme fomos ensinados desde que os descobrimos, aí por 1991, são umas coisinhas meigas e carinhosas, que gostam de nós e que, espantosamente, chegam a comunicar em português. Não é a tese do Bom Selvagem: apesar de tudo, Rousseau considerava os selvagens gente. E não, não é mero paternalismo: apesar de tudo, Kofi Annan chamou a Timor um "filhinho da comunidade internacional". Portugal, pelo contrário, olha os timorenses como caniches de estimação, tão prontos a seguir estranhos quanto a abanar a cauda se lhes atiramos com retórica oca e boas intenções. Portugal não aprende.
No referendo de 1999, a retórica e as intenções acabaram em massacre. Na festiva independência de 2002, a "mais jovem nação da Terra" comemorou com arruaças, incêndios e o ocasional abatimento do transeunte. Para quem não levita numa nuvem de prosápia, os acontecimentos de 2008 limitam-se a confirmar o peculiar estilo de vida de Timor, repleto de violência e determinado pela miséria, por velhos e internos ódios, pela radical incapacidade de se afirmar um estado de direito e de facto. Se não são características meritórias, são pelo menos características humanas. E se este pormenor não consola nem recomenda os timorenses, pelo menos deveria servir de lição a Portugal. Ao que se vê e ao que certamente se voltará a ver, não serve."
Dias contados
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