quinta-feira, março 27, 2008

Crime

"Mas afinal de contas a criminalidade em Portugal tem vindo a descer ou a subir? Tem dias.

Em 2007 foram participados às forças policiais portuguesas 391.611 casos criminais. Mais de mil crimes por dia. Mas para o Poder o que importa sublinhar é uma leitura estatística que contraria as páginas dos jornais e os sentimentos de insegurança dos cidadãos ao anunciar uma descida de 10,5 por cento da criminalidade grave e violenta. O que é que estes 10 virgula 5 por cento querem dizer? Querem dizer um simples número, com uma casa decimal para dar maior aparência de rigor. A leitura das estatísticas dá para tudo. Por exemplo: a criminalidade participada à PJ aumentou mais de 30 por cento. Mas o Governo tem uma explicação: trata-se dos efeitos de uma “mudança de metodologia”.

A apresentação das estatísticas é de geometria variável. Quando se trata de apresentar serviço ou de desculpar a inércia, o Poder apresenta os dados que descem. Quando a questão é justificar mais milhões para equipamentos e mais restrições à liberdade e privacidade dos cidadãos, exibem-se as estatísticas que sobem.

Para fazer frente ao aumento da criminalidade, que aliás diminuiu surpreendentemente nas estatísticas, o Governo diz que vai apostar no policiamento de proximidade e na cooperação com as autarquias. O primeiro item é um chavão repetido por quase todos os governos excepto por aqueles que defendem o chavão de sentido contrário. O segundo tresanda a “mudança de metodologia” para aligeirar futuras estatísticas.

De maneira que o cidadão comum que se veja ameaçado numa rua do País dos Brandos Costumes só tem que arremessar uma estatística aos assaltantes. Ou refugiar-se atrás de uma “mudança de metodologia”
."

João Paulo Guerra

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