A escola e a família
"Perante o vídeo que indignou o país, houve quem afirmasse que a indisciplina que se vive nas escolas tem que ver com a democratização do ensino – que, nos anos 80 e princípios de 90, trouxe toda a gente para dentro do sistema escolar: gente bem educada e gente mal educada, gente com princípios e gente sem princípios.
Na opinião dos que assim pensam, como a escola não pode substituir-se à família na educação dos jovens, enquanto o país não evoluir não podem esperar-se melhorias sensíveis no ambiente escolar.
Ora isto é um disparate.
Pensando assim, caímos num ciclo vicioso: as famílias não educam os filhos e portanto os meninos comportam-se mal na escola; estes meninos mal comportados serão amanhã maus educadores – que por sua vez produzirão nova geração de alunos mal comportados; e assim sucessivamente.
A questão tem de pôr-se, pois, exactamente ao contrário: a função da escola é dar a toda a gente uma formação mínima para viver em sociedade, independentemente da sua origem social.
A escola tem de estar preparada para receber alunos vindos de proveniências diferentes e colocá-los em pé de igualdade, formando-os de modo a poderem ter iguais oportunidades na vida.
É este o princípio da escola democrática.
A escola não deve ser esmagada pela sociedade – antes deve dar condições aos jovens para ultrapassarem as diferenças sociais e culturais resultantes das diferentes origens familiares.
Dentro da escola, o pobre, o rico e o remediado devem ser iguais – devem reger-se pelas mesmas regras e aprender as mesmas matérias.
Era por isso, aliás, que se usava bata: para os alunos não se distinguirem uns dos outros pelo vestuário; a bata torna iguais o filho do banqueiro e o filho do padeiro.
Assim, a escola deve ser, tanto quanto possível, um universo isolado.
Um universo estanque – como se estivesse dentro de uma redoma.
Claro que se trata de uma utopia, de um ideal – mas é esse ideal que nos deve nortear para conseguirmos ter uma escola cada vez melhor.
Na escola temos de nos aproximar de um modelo perfeito.
Nela a influência do exterior deve ser mínima, incluindo a influência da família.
Até porque a intervenção das famílias na escola, além de acentuar as desigualdades sociais, tem outro efeito pernicioso: regra geral, não visa melhorar o ensino mas sim facilitá-lo.
A tendência natural dos pais é para defenderem os filhos, independentemente de serem bons ou maus alunos, disciplinados ou indisciplinados.
A democratização e massificação do ensino foi um passo inevitável e necessário – que traria sempre problemas.
Mas não confundamos os planos.
Uma coisa é aceitarmos problemas temporários – outra, diferente, é resignarmo--nos ao caos.
Não podemos fazê-lo.
Por definição, a escola tem por função preparar as crianças e os jovens para a vida.
E preparar significa fornecer conhecimentos – mas também inculcar regras de comportamento e de conduta que permitam aos jovens virem a integrar-se bem na sociedade.
A escola não pode desculpar-se com a família.
Venha de onde vier, pertença a que família pertencer, o aluno tem de saber as regras a que deve obedecer dentro da escola – e cumpri-las.
Só assim o ensino pode contribuir para melhorar progressiva e efectivamente a sociedade.
Não esqueçamos que a disciplina que se adquire (ou não se adquire) na escola vai modelar o nosso comportamento pela vida fora"
JAS
Na opinião dos que assim pensam, como a escola não pode substituir-se à família na educação dos jovens, enquanto o país não evoluir não podem esperar-se melhorias sensíveis no ambiente escolar.
Ora isto é um disparate.
Pensando assim, caímos num ciclo vicioso: as famílias não educam os filhos e portanto os meninos comportam-se mal na escola; estes meninos mal comportados serão amanhã maus educadores – que por sua vez produzirão nova geração de alunos mal comportados; e assim sucessivamente.
A questão tem de pôr-se, pois, exactamente ao contrário: a função da escola é dar a toda a gente uma formação mínima para viver em sociedade, independentemente da sua origem social.
A escola tem de estar preparada para receber alunos vindos de proveniências diferentes e colocá-los em pé de igualdade, formando-os de modo a poderem ter iguais oportunidades na vida.
É este o princípio da escola democrática.
A escola não deve ser esmagada pela sociedade – antes deve dar condições aos jovens para ultrapassarem as diferenças sociais e culturais resultantes das diferentes origens familiares.
Dentro da escola, o pobre, o rico e o remediado devem ser iguais – devem reger-se pelas mesmas regras e aprender as mesmas matérias.
Era por isso, aliás, que se usava bata: para os alunos não se distinguirem uns dos outros pelo vestuário; a bata torna iguais o filho do banqueiro e o filho do padeiro.
Assim, a escola deve ser, tanto quanto possível, um universo isolado.
Um universo estanque – como se estivesse dentro de uma redoma.
Claro que se trata de uma utopia, de um ideal – mas é esse ideal que nos deve nortear para conseguirmos ter uma escola cada vez melhor.
Na escola temos de nos aproximar de um modelo perfeito.
Nela a influência do exterior deve ser mínima, incluindo a influência da família.
Até porque a intervenção das famílias na escola, além de acentuar as desigualdades sociais, tem outro efeito pernicioso: regra geral, não visa melhorar o ensino mas sim facilitá-lo.
A tendência natural dos pais é para defenderem os filhos, independentemente de serem bons ou maus alunos, disciplinados ou indisciplinados.
A democratização e massificação do ensino foi um passo inevitável e necessário – que traria sempre problemas.
Mas não confundamos os planos.
Uma coisa é aceitarmos problemas temporários – outra, diferente, é resignarmo--nos ao caos.
Não podemos fazê-lo.
Por definição, a escola tem por função preparar as crianças e os jovens para a vida.
E preparar significa fornecer conhecimentos – mas também inculcar regras de comportamento e de conduta que permitam aos jovens virem a integrar-se bem na sociedade.
A escola não pode desculpar-se com a família.
Venha de onde vier, pertença a que família pertencer, o aluno tem de saber as regras a que deve obedecer dentro da escola – e cumpri-las.
Só assim o ensino pode contribuir para melhorar progressiva e efectivamente a sociedade.
Não esqueçamos que a disciplina que se adquire (ou não se adquire) na escola vai modelar o nosso comportamento pela vida fora"
JAS
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