sábado, abril 26, 2008

O efeito Berardo

"Que quer Joe Berardo do Benfica? É bom que o empresário clarifique a sua posição, porque uns dias são de críticas, outros de elogios, outros de tentativas de consensos. Que quer, afinal, Berardo?

Não parece que queira ser presidente, porque já disse mais do que uma vez da sua intenção (“desinteressada”) de “ajudar o Benfica”.

Se é protagonismo à custa do futebol e do clube, já o teve em demasia e, depois de o ter, já não precisa dele para alavancar outros negócios. Ou será que o hábito faz o monge?!

O Benfica necessita, de facto, de ajuda. Longe vão os tempos dos mecenas e da peregrina ideia de que havia, em Portugal, pelo “ismo” do amor em chamas, pessoas interessadas em oferecer parte das suas fortunas ao clube do coração.

Muitos foram comidos por lorpas porque, se o futebol não deu dinheiro a ganhar directamente a muitos dirigentes desportivos, a exposição mediática, a ideia de poder, a representação popular de grandes instituições com milhões de adeptos, permitiram – e ainda permitem –, pelo menos, benefícios indirectos.

Não há almoços grátis e, no futebol, por muita paixão que se ponha na fornalha do clubismo mais exacerbado, desviando as atenções do essencial, também não os há.

Se, como parece óbvio, Berardo não quer oferecer um generoso donativo ao Benfica e se não parece estar iminente mais nenhuma “Operação Coração”, seria importante o comendador definir as condições em que aparece disponível para “ajudar o Benfica”.

Dêem-lhe, no fundo, o nome que quiserem, na linguagem do “economês”, mas parece-me redutor que a ideia seja abrir uma “caixa de esmolas” – como as que existem nas igrejas – para, voluntariamente, os benfiquistas fazerem o depósito dos seus donativos. É uma técnica demasiado simples, ao alcance de qualquer “Manel das Iscas”.

Bem sei que, das bases mais telúricas a uma certa elite, a imprensa descobriu a série de plumitivos que dizem a sua graça. Berardo é bom para ouvir e, certamente, deve ser uma boa companhia para almoçar.

É tempo de passar das palavras e dos almoços aos actos
."

Rui Santos

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