sexta-feira, maio 09, 2008

Aldo Moro



No dia 9 de Maio de 1978, o corpo de Aldo Moro, executado pelas Brigadas Vermelhas com onze tiros, é encontrado na Via Cartani, uma rua localizada entre a sede central dos Democratas Cristãos e do Partido Comunista Italiano.
A Itália viveu em suspense durante 55 dias. O grupo terrorista tentou realizar um "julgamento popular", e ao mesmo tempo prometia sua liberação através de uma troca com militantes presos.
Apesar dos numerosos e dramáticos pedidos de Moro para que se negociasse com os captores, documentados em quase cem cartas escritas do cativeiro, o Estado Italiano foi inflexível .
A figura de Moro, arquitecto do histórico e controverso acordo que previa a participação do Partido Comunista, que representava então 30% do eleitorado, em um governo democrata-cristão em plena Guerra Fria, era de extrema relevância.
"Era a personalidade mais eminente de sua geração", afirma Marco Tarchi, professor da Universidade de Florença, que reconhece que "não houve vontade política para encontrar uma solução" para o sequestro.
Moro, que foi duas vezes primeiro-ministro da Itália, era considerado um intelectual e um hábil negociador, qualidades que demonstrou em inúmeras ocasiões para lidar com conflitos internos.
Católico praticante, suas comoventes cartas para a família, para Andreotti e até mesmo para o Papa Paulo VI, amigo pessoal, constituem actualmente uma espécie de denúncia contra os chamados poderes fortes e os lobbies que dominam a península.
A família de Moro, e em particular sua esposa, Eleonora, não perdoaram a linha adoptada pelos dirigentes do DC. : "O Estado queria a morte de Aldo Moro. Aqueles que ocupavam os cargos importantes queriam eliminá-lo porque ele incomodava. Tinham muito medo porque ele sabia tudo de todos", disse a viúva de Moro, citada no livro do ex-magistrado Ferdinando Imposimato.
Para os partidários de Moro, a hierarquia da Igreja e mesmo o Papa não se mobilizaram nem pressionaram o suficiente para salvá-lo."Sua política de abertura aos comunistas gerava hostilidade dentro de seu partido, nos serviços secretos, nos Estados Unidos e na União Soviética", explicou, por sua vez, o presidente da Comissão Parlamentar sobre o caso Moro, Giovanni Pellegrino.
"Estou convencido de que aqueles que se incomodavam com ele se mobilizaram para que fracassassem as negociações para sua libertação", comentou.

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