Como país mais pobre das Américas, o cotidiano do Haiti para grande parte das famílias é uma eterna busca por comida. Escrevi antes aqui sobre a reportagem “hit” sobre os biscoitos de terra, outros, como o Haiti Inovation, também repercutiram. Mas essa é uma pequena amostra do panorama de insegurança alimentar. O Haiti possui dificuldades para a garantia da alimentação das pessoas. Seja na capital Porto Príncipe ou no interior do país com o campesinato.
O interior do país foi um bom produtor agrícola, principalmente arroz. Sua produção foi esmagada com as suscessivas pressões dos norte-americanos. De exportador de arroz virou importador. A produção agrícola familiar foi acabando gradativamente desde o final da década de 80. Atualmente, a maioria dos produtos básicos são importados: carne bovina, arroz, feijão e trigo.
Hoje, li no site do Haitianalysis.com uma feroz crítica ao “rótulo” que pegou na imprensa mundial sobre a melhoria da situação dos haitianos pobres após a missão de paz. O editorial, redigido por Wadner Pierre, cita essa busca por comida como o mais brutal efeito da desigualdade social. Isso porque o custo de vida tem aumentado e os programas sociais continuam inexistindo.
Dizem-nos mais e mais que as coisas estão melhorando, que as Nações Unidas estão aqui, mas isto é hipocrisia. A situação está pior é claro para aqueles que moram nas favelas. (…) Vá até os bairros pobres ver onde a pobreza é grande e dizer ao mundo o que está acontecendo. É nosso dever. É uma necessidade da verdade. Temos de dizer às pessoas a verdade.
Geografia da Fome revela a associação harmoniosa da capacidade de argumentar com a segurança científica, um novo modo de pensar e de agir frente à realidade alimentar e nutricional e também uma abordagem pioneira no dimensionamento da fome coletiva como um fenômeno geograficamente universal. Admitiu, com base nas especificidades regionais, que as contribuições parciais poderiam compor um mapeamento caracterizador da universalidade do problema, permitindo construir uma imagem diferente do Brasil e do mundo, possibilitando a estruturação de um plano universal de combate à fome, abrindo novos caminhos para aqueles que buscam a correção de desequilíbrios regionais e a eliminação do subdesenvolvimento. Nesse livro-manifesto, Josué de Castro reinterpretou o papel da geografia clássica, incorporando uma das dimensões explicativas mais importantes, que é a da análise política, para desvendar a significação e conseqüências do desenvolvimento espacial desigual. A releitura de Geografia da Fome mostra que seus delineamentos conceituais e propositivos continuam vivos e constituem instrumentos indispensáveis para repensar criticamente a realidade brasileira e, em particular, a nordestina. Geografia da Fome, no seu cinqüentenário, torna-se um livro atual pela sua mensagem estimuladora e perturbadora.
Foi através da leitura deste livro [Geografia da Fome] que me tornei um militante das causas da população (...) Muitos, também através da leitura de Josué de Castro tornaram-se colegas de luta, companheiros de grande atividade profissional. Para se dar uma dimensão maior, tenho a impressão e não apenas aqui no Brasil, mas no mundo inteiro, esse livro foi traduzido em 26 idiomas e de que “fez a cabeça” de muita gente, revelando uma realidade, que até então, nunca havia sido mostrada de forma tão dramática
Escrever um livro que informe, ensine, descubra verdades encobertas ou controvertidas, isso sim, representa na realidade um mundo de honestidade, esfôrço, labuta, rigor - além do talento natural que exige em grandes doses. E é pois o sentimento da minha inidoneidade que me afeta ao tentar um comentário em tôrno do livro ilustre do Professor Josué de Castro: - Geografia da Fome".
Josué de Castro foi um homem que viveu um amor intenso por esse país. E a forma de mostrar esse amor foi denunciar através da sua imensa capacidade, da sua enorme compreensão social, a fome que sempre grafou nesse país e que as elites descompromissadas com o que há de mais importante no Brasil, sempre ignoraram e fizeram questão de ignorar e que agora o destino está aí, exatamente mostrando e repetindo, seguindo os passos de seu mestre e mostrando exatamente que a fome está aí. No momento em que o país tem a 8ª ou 9ª economia mundial, já teria condições de dar a essas pessoas uma vida melhor, escola, cultura e sobretudo o que comer e nada se faz de concreto. Um país rico, um país que tem as potencialidades do Brasil e que hoje continua da mesma forma como Josué denunciou e mostrou, analisou, pesquisou, continua ainda com essa enorme gama, com esse enorme número de excluídos sociais
A palavra proletariado, como indicador de prole, de muitos filhos, para indicar as camadas mais pobres é a indicação exata da tese de Josué, que nações mais populosas do mundo não são pobres porque são populosas ou porque têm fome, são populosas porque têm fome e porque são pobres. A coragem de pensar isso diante do mundo, a coragem de levantar essa tese, era alguma coisa de extraordinária, que teria colocado qualquer pessoa tímida com certo receio. Eu me lembro de muitos falsos cientistas, desses que só sabem ler o já escrito, só sabem pensar o já pensado, a perplexidade deles, e a raiva e o ódio de Josué, a perguntar, mas onde, em que autor, onde, onde ele se baseia para dizer isso? (...) Josué foi este homem, este pensador que nós tivemos, que nasceu entre nós, que cresceu, que amadureceu aqui e que não foi um homem, um intelectual, mais um dos que lêem o que os outros escreveram. Foi o mais lido dos intelectuais brasileiros. Nenhum de nós conseguiu publicar mais livros, em tantas edições, com tantas tiragens como Josué
Josué fala de uma humanidade entregue a instintos primitivos porque se de um lado se justificava, perfeitamente, a falta de sono daqueles que não tinham alimento, de outro lado, não se podia compreender a atitude impassível daqueles que tendo sobra demais no seu bem estar, não desejavam atender e ajudar a atenuar a situação de miséria daqueles que se achavam dentro dos ¾ de famintos. E no mundo, hoje, sobram cada vez mais as verbas para armamentos e cada vez minguam mais as verbas para a assistência social. Enquanto homens do Nordeste se vêem obrigados a consumir a sua dieta de lagartos e cobras, outros realizam banquetes requintados
O PROF. JOSUÉ DE CASTRO bem poderia ter dado ao seu livro de alcance mundial "Geopolítica da Fome", o título de "Fome e Política" por que, nesta obra, surgem perspectivas políticas de primeira grandeza. Mas, como salienta o próprio Autor, sempre foi considerado pouco conveniente, entre os povos bem alimentados, discutir-se a fome dos menos afortunados- fome que nunca foi assunto muito popular em matéria de política. E, no entanto, a fome tem sido, através dos tempos, a mais perigosa das forças políticas. Foi a fome que precipitou a Revolução Francesa. Uma multidão de mulheres dos cortiços de Paris marchou até a sede do Parlamento, bradando por pão. Os políticos fugiram. As mulheres, com suas hostes reforçadas pelos homens, rumaram para a Bastilha. A queda da Bastilha foi o golpe de morte contra o sistema feudal na França, iniciando uma nova era. Na atual crise mundial, livro como a "Geopolítica da Fome" é de vital importância. Se os políticos de todas as nações do mundo pudessem esquecer por um momento os seus conflitos políticos e lessem "Geopolítica da Fome", sem idéias preconcebidas, adquiririam certamente uma visão mais sadia dos problemas universais e teriam, assim, maior possibilidade de salvar nossa civilização de perecer numa terceira guerra mundial
O livro de JOSUÉ DE CASTRO, em que são estudadas, em seu quadro geográfico, as insuficiências de alimentação dos grupos humanos vem, de certo modo, ao encontro de várias ordens de preocupações. Primeiro, uma angústia despertada em todas as almas pela lembrança de misérias recentes e pela consciência que temos, agora, de sua persistência em várias regiões. Depois, o sentimento de uma contradição entre duas séries de fatos, o crescimento demográfico atual da espécie humana e a possibilidade de aceleração deste crescimento pela generalização dos cuidados higiênicos, dum lado, e de outro lado, o balanço dos recursos alimentares. A velha fórmula de Malthus já não é aceitável, mas a inquietação que a inspira ainda perdura. Enfim, os progressos da fisiologia da alimentação orientaram para esses problemas todos aqueles que, a um título ou outro, se têm interessado pela ecologia humana. Seja permitido dizer que este é o meu caso. O movimento natural do pensamento do ecologista o conduz para o estudo das condições de nutrição dos grupos humanos no seu quadro geográfico, independentemente de toda preocupação de atualidade
A sociedade de opulência, em que nos encontramos por direito ou como satélite, institucionalizou a fome. Neste momento queria render minha homenagem e lembrança à memória de Josué de Castro um brasileiro universal. Josué de Castro, que foi Presidente do Conselho da FAO e o primeiro também a prever os problemas que hoje enfrentamos. Josué de Castro sintetizou sua análise sociológica e cultural em seu livro intitulado “Geografia da Fome”, que depois de um quarto de século continua atual, partindo de um modelo crítico da sociedade imperialista.Nesta hora decisiva para a FAO, momento em que é indispensável investir no homem assegurando seu pleno desenvolvimento, o México se inclina respeitosamente diante de Josué de Castro, homem que, do Nordeste do Brasil, ergueu, movido por sua angústia de médico e sociólogo do Terceiro Mundo, sua experiência em teoria e sua teoria em conhecimentos antropológicos e objetivos do mundo, onde o problema do futuro ameaça, pelas realidades imediatas, o que há de mais premente, a saber, a alimentação e a agricultura. Pela memória e pelo coração, nós nos rejubilamos por este brasileiro extraordinário que conosco lutou para fazer reinar a justiça e a solidariedade internacionais, Josué de Castro não é mais um de nós. Poderíamos dizer como os Romanos “Ele viveu” e dizer como ele “somente solucionando os problemas atuais poderemos tentar resolver os do futuro. A vida do homem está em marcha para uma nova sociedade. Ou nós a construiremos com as nossa mãos e nossa inteligência, ou assistiremos, inevitavelmente, à sua destruição violenta do sistema que impede sua realização pelo egoísmo e particularismo
Fredéric Joliot Curie, grande sábio e grande homem, falecido recentemente, costumava dizer, ao falar da América Latina, ter lido nos últimos anos poucos livros tão importantes quanto a “Geopolítica da Fome” e sua voz era veemente ao fazer o elogio da obra e do autor. De Josué de Castro e de sua obra de escritor e cientista, sobretudo da Geografia e da Geopolítica da Fome ouvi falar, tanto em Paris, como em Moscou, tanto em Viena e Berlim, quanto em Pequim e Ulan Bator, cidade encravada nas Montanhas da Mongólia. Por toda parte onde se lê e onde o trabalho da inteligência é respeitado e amado.Possuímos um pequeno grupo de homens de ressonância universal: o político Oswaldo Aranha, o arquiteto Oscar Niemeyer, os pintores Portinari e Di Cavalcanti, o compositor Villa-Lobos, uns poucos. O nome mais conhecido de todos, no sentido da extensão desse conhecimento pelas fronteiras do mundo, é, no campo científico e social, o de Josué de Castro. As traduções dos seus livros, o eco despertado por sua obra sobre os problemas da fome, no mundo moderno, fizeram dele um dos grandes nomes, dos mais célebres e dos mais respeitados da cultura contemporânea. Seus admiradores chamam-se Pearl Buck, Ann Seguers, Vercors e Joliot-Curie, Kuo-Ko-Jo e Lisenko, para citar apenas meia dúzia entre centenas de milhares
Fredéric Joliot Curie, grande sábio e grande homem, falecido recentemente, costumava dizer, ao falar da América Latina, ter lido nos últimos anos poucos livros tão importantes quanto a “Geopolítica da Fome” e sua voz era veemente ao fazer o elogio da obra e do autor. De Josué de Castro e de sua obra de escritor e cientista, sobretudo da Geografia e da Geopolítica da Fome ouvi falar, tanto em Paris, como em Moscou, tanto em Viena e Berlim, quanto em Pequim e Ulan Bator, cidade encravada nas Montanhas da Mongólia. Por toda parte onde se lê e onde o trabalho da inteligência é respeitado e amado.Possuímos um pequeno grupo de homens de ressonância universal: o político Oswaldo Aranha, o arquiteto Oscar Niemeyer, os pintores Portinari e Di Cavalcanti, o compositor Villa-Lobos, uns poucos. O nome mais conhecido de todos, no sentido da extensão desse conhecimento pelas fronteiras do mundo, é, no campo científico e social, o de Josué de Castro. As traduções dos seus livros, o eco despertado por sua obra sobre os problemas da fome, no mundo moderno, fizeram dele um dos grandes nomes, dos mais célebres e dos mais respeitados da cultura contemporânea. Seus admiradores chamam-se Pearl Buck, Ann Seguers, Vercors e Joliot-Curie, Kuo-Ko-Jo e Lisenko, para citar apenas meia dúzia entre centenas de milhares
Fredéric Joliot Curie, grande sábio e grande homem, falecido recentemente, costumava dizer, ao falar da América Latina, ter lido nos últimos anos poucos livros tão importantes quanto a “Geopolítica da Fome” e sua voz era veemente ao fazer o elogio da obra e do autor. De Josué de Castro e de sua obra de escritor e cientista, sobretudo da Geografia e da Geopolítica da Fome ouvi falar, tanto em Paris, como em Moscou, tanto em Viena e Berlim, quanto em Pequim e Ulan Bator, cidade encravada nas Montanhas da Mongólia. Por toda parte onde se lê e onde o trabalho da inteligência é respeitado e amado.Possuímos um pequeno grupo de homens de ressonância universal: o político Oswaldo Aranha, o arquiteto Oscar Niemeyer, os pintores Portinari e Di Cavalcanti, o compositor Villa-Lobos, uns poucos. O nome mais conhecido de todos, no sentido da extensão desse conhecimento pelas fronteiras do mundo, é, no campo científico e social, o de Josué de Castro. As traduções dos seus livros, o eco despertado por sua obra sobre os problemas da fome, no mundo moderno, fizeram dele um dos grandes nomes, dos mais célebres e dos mais respeitados da cultura contemporânea. Seus admiradores chamam-se Pearl Buck, Ann Seguers, Vercors e Joliot-Curie, Kuo-Ko-Jo e Lisenko, para citar apenas meia dúzia entre centenas de milhares
Quantos professores, jovens e militantes do Brasil conhecem ou ouviram falar de nossos queridos Josué de Castro, Paulo Freire, Darcy Ribeiro, João do Vale, Patativa do Assaré, Câmara Cascudo, Caio Prado Junior, Nelson Wernek Sodré e tantos outros.Esses pensadores foram “esquecidos” pela classe dominante, para que as gerações atuais não pudessem se apropriar de seu pensamento, de seu exemplo, de suas reflexões. E nos proibiram de conhecê-los porque sabem que seu pensamento e ação são revolucionários. Revolucionários não numa retórica agitadora de gritar loas à mudança. Revolucionários no verdadeiro sentido de Marx e de Caio Prado Júnior: de revolucionar as estruturas econômicas e sociais, para que o povo possa se apropriar coletiva e socialmente dos bens da natureza e das formas de produzir os bens, utilizando-os em favor da melhoria de vida material e cultural de todos e não apenas de uma minoria, como sempre aconteceu nestes 500 anos.Nossa obrigação, como militantes estudiosos e dedicados que devemos ser, se quisermos honrar a memória de Josué de Castro, é estudar suas obras, compreendê-las, utilizá-las para transformar nossa realidade. Recuperar seu pensamento e ação para que todos os estudantes e militantes o conheçam
Quantos professores, jovens e militantes do Brasil conhecem ou ouviram falar de nossos queridos Josué de Castro, Paulo Freire, Darcy Ribeiro, João do Vale, Patativa do Assaré, Câmara Cascudo, Caio Prado Junior, Nelson Wernek Sodré e tantos outros.Esses pensadores foram “esquecidos” pela classe dominante, para que as gerações atuais não pudessem se apropriar de seu pensamento, de seu exemplo, de suas reflexões. E nos proibiram de conhecê-los porque sabem que seu pensamento e ação são revolucionários. Revolucionários não numa retórica agitadora de gritar loas à mudança. Revolucionários no verdadeiro sentido de Marx e de Caio Prado Júnior: de revolucionar as estruturas econômicas e sociais, para que o povo possa se apropriar coletiva e socialmente dos bens da natureza e das formas de produzir os bens, utilizando-os em favor da melhoria de vida material e cultural de todos e não apenas de uma minoria, como sempre aconteceu nestes 500 anos.Nossa obrigação, como militantes estudiosos e dedicados que devemos ser, se quisermos honrar a memória de Josué de Castro, é estudar suas obras, compreendê-las, utilizá-las para transformar nossa realidade. Recuperar seu pensamento e ação para que todos os estudantes e militantes o conheçam
15 Comments:
Como país mais pobre das Américas, o cotidiano do Haiti para grande parte das famílias é uma eterna busca por comida. Escrevi antes aqui sobre a reportagem “hit” sobre os biscoitos de terra, outros, como o Haiti Inovation, também repercutiram. Mas essa é uma pequena amostra do panorama de insegurança alimentar. O Haiti possui dificuldades para a garantia da alimentação das pessoas. Seja na capital Porto Príncipe ou no interior do país com o campesinato.
O interior do país foi um bom produtor agrícola, principalmente arroz. Sua produção foi esmagada com as suscessivas pressões dos norte-americanos. De exportador de arroz virou importador. A produção agrícola familiar foi acabando gradativamente desde o final da década de 80. Atualmente, a maioria dos produtos básicos são importados: carne bovina, arroz, feijão e trigo.
Hoje, li no site do Haitianalysis.com uma feroz crítica ao “rótulo” que pegou na imprensa mundial sobre a melhoria da situação dos haitianos pobres após a missão de paz. O editorial, redigido por Wadner Pierre, cita essa busca por comida como o mais brutal efeito da desigualdade social. Isso porque o custo de vida tem aumentado e os programas sociais continuam inexistindo.
Dizem-nos mais e mais que as coisas estão melhorando, que as Nações Unidas estão aqui, mas isto é hipocrisia. A situação está pior é claro para aqueles que moram nas favelas. (…) Vá até os bairros pobres ver onde a pobreza é grande e dizer ao mundo o que está acontecendo. É nosso dever. É uma necessidade da verdade. Temos de dizer às pessoas a verdade.
Geografia da Fome revela a associação harmoniosa da capacidade de argumentar com a segurança científica, um novo modo de pensar e de agir frente à realidade alimentar e nutricional e também uma abordagem pioneira no dimensionamento da fome coletiva como um fenômeno geograficamente universal. Admitiu, com base nas especificidades regionais, que as contribuições parciais poderiam compor um mapeamento caracterizador da universalidade do problema, permitindo construir uma imagem diferente do Brasil e do mundo, possibilitando a estruturação de um plano universal de combate à fome, abrindo novos caminhos para aqueles que buscam a correção de desequilíbrios regionais e a eliminação do subdesenvolvimento. Nesse livro-manifesto, Josué de Castro reinterpretou o papel da geografia clássica, incorporando uma das dimensões explicativas mais importantes, que é a da análise política, para desvendar a significação e conseqüências do desenvolvimento espacial desigual. A releitura de Geografia da Fome mostra que seus delineamentos conceituais e propositivos continuam vivos e constituem instrumentos indispensáveis para repensar criticamente a realidade brasileira e, em particular, a nordestina. Geografia da Fome, no seu cinqüentenário, torna-se um livro atual pela sua mensagem estimuladora e perturbadora.
Foi através da leitura deste livro [Geografia da Fome] que me tornei um militante das causas da população (...) Muitos, também através da leitura de Josué de Castro tornaram-se colegas de luta, companheiros de grande atividade profissional. Para se dar uma dimensão maior, tenho a impressão e não apenas aqui no Brasil, mas no mundo inteiro, esse livro foi traduzido em 26 idiomas e de que “fez a cabeça” de muita gente, revelando uma realidade, que até então, nunca havia sido mostrada de forma tão dramática
Escrever um livro que informe, ensine, descubra verdades encobertas ou controvertidas, isso sim, representa na realidade um mundo de honestidade, esfôrço, labuta, rigor - além do talento natural que exige em grandes doses. E é pois o sentimento da minha inidoneidade que me afeta ao tentar um comentário em tôrno do livro ilustre do Professor Josué de Castro: - Geografia da Fome".
Josué de Castro foi um homem que viveu um amor intenso por esse país. E a forma de mostrar esse amor foi denunciar através da sua imensa capacidade, da sua enorme compreensão social, a fome que sempre grafou nesse país e que as elites descompromissadas com o que há de mais importante no Brasil, sempre ignoraram e fizeram questão de ignorar e que agora o destino está aí, exatamente mostrando e repetindo, seguindo os passos de seu mestre e mostrando exatamente que a fome está aí. No momento em que o país tem a 8ª ou 9ª economia mundial, já teria condições de dar a essas pessoas uma vida melhor, escola, cultura e sobretudo o que comer e nada se faz de concreto. Um país rico, um país que tem as potencialidades do Brasil e que hoje continua da mesma forma como Josué denunciou e mostrou, analisou, pesquisou, continua ainda com essa enorme gama, com esse enorme número de excluídos sociais
A palavra proletariado, como indicador de prole, de muitos filhos, para indicar as camadas mais pobres é a indicação exata da tese de Josué, que nações mais populosas do mundo não são pobres porque são populosas ou porque têm fome, são populosas porque têm fome e porque são pobres. A coragem de pensar isso diante do mundo, a coragem de levantar essa tese, era alguma coisa de extraordinária, que teria colocado qualquer pessoa tímida com certo receio. Eu me lembro de muitos falsos cientistas, desses que só sabem ler o já escrito, só sabem pensar o já pensado, a perplexidade deles, e a raiva e o ódio de Josué, a perguntar, mas onde, em que autor, onde, onde ele se baseia para dizer isso? (...) Josué foi este homem, este pensador que nós tivemos, que nasceu entre nós, que cresceu, que amadureceu aqui e que não foi um homem, um intelectual, mais um dos que lêem o que os outros escreveram. Foi o mais lido dos intelectuais brasileiros. Nenhum de nós conseguiu publicar mais livros, em tantas edições, com tantas tiragens como Josué
Josué fala de uma humanidade entregue a instintos primitivos porque se de um lado se justificava, perfeitamente, a falta de sono daqueles que não tinham alimento, de outro lado, não se podia compreender a atitude impassível daqueles que tendo sobra demais no seu bem estar, não desejavam atender e ajudar a atenuar a situação de miséria daqueles que se achavam dentro dos ¾ de famintos. E no mundo, hoje, sobram cada vez mais as verbas para armamentos e cada vez minguam mais as verbas para a assistência social. Enquanto homens do Nordeste se vêem obrigados a consumir a sua dieta de lagartos e cobras, outros realizam banquetes requintados
O PROF. JOSUÉ DE CASTRO bem poderia ter dado ao seu livro de alcance mundial "Geopolítica da Fome", o título de "Fome e Política" por que, nesta obra, surgem perspectivas políticas de primeira grandeza. Mas, como salienta o próprio Autor, sempre foi considerado pouco conveniente, entre os povos bem alimentados, discutir-se a fome dos menos afortunados- fome que nunca foi assunto muito popular em matéria de política. E, no entanto, a fome tem sido, através dos tempos, a mais perigosa das forças políticas. Foi a fome que precipitou a Revolução Francesa. Uma multidão de mulheres dos cortiços de Paris marchou até a sede do Parlamento, bradando por pão. Os políticos fugiram. As mulheres, com suas hostes reforçadas pelos homens, rumaram para a Bastilha. A queda da Bastilha foi o golpe de morte contra o sistema feudal na França, iniciando uma nova era. Na atual crise mundial, livro como a "Geopolítica da Fome" é de vital importância. Se os políticos de todas as nações do mundo pudessem esquecer por um momento os seus conflitos políticos e lessem "Geopolítica da Fome", sem idéias preconcebidas, adquiririam certamente uma visão mais sadia dos problemas universais e teriam, assim, maior possibilidade de salvar nossa civilização de perecer numa terceira guerra mundial
O livro de JOSUÉ DE CASTRO, em que são estudadas, em seu quadro geográfico, as insuficiências de alimentação dos grupos humanos vem, de certo modo, ao encontro de várias ordens de preocupações. Primeiro, uma angústia despertada em todas as almas pela lembrança de misérias recentes e pela consciência que temos, agora, de sua persistência em várias regiões. Depois, o sentimento de uma contradição entre duas séries de fatos, o crescimento demográfico atual da espécie humana e a possibilidade de aceleração deste crescimento pela generalização dos cuidados higiênicos, dum lado, e de outro lado, o balanço dos recursos alimentares. A velha fórmula de Malthus já não é aceitável, mas a inquietação que a inspira ainda perdura. Enfim, os progressos da fisiologia da alimentação orientaram para esses problemas todos aqueles que, a um título ou outro, se têm interessado pela ecologia humana. Seja permitido dizer que este é o meu caso. O movimento natural do pensamento do ecologista o conduz para o estudo das condições de nutrição dos grupos humanos no seu quadro geográfico, independentemente de toda preocupação de atualidade
A sociedade de opulência, em que nos encontramos por direito ou como satélite, institucionalizou a fome. Neste momento queria render minha homenagem e lembrança à memória de Josué de Castro um brasileiro universal. Josué de Castro, que foi Presidente do Conselho da FAO e o primeiro também a prever os problemas que hoje enfrentamos. Josué de Castro sintetizou sua análise sociológica e cultural em seu livro intitulado “Geografia da Fome”, que depois de um quarto de século continua atual, partindo de um modelo crítico da sociedade imperialista.Nesta hora decisiva para a FAO, momento em que é indispensável investir no homem assegurando seu pleno desenvolvimento, o México se inclina respeitosamente diante de Josué de Castro, homem que, do Nordeste do Brasil, ergueu, movido por sua angústia de médico e sociólogo do Terceiro Mundo, sua experiência em teoria e sua teoria em conhecimentos antropológicos e objetivos do mundo, onde o problema do futuro ameaça, pelas realidades imediatas, o que há de mais premente, a saber, a alimentação e a agricultura. Pela memória e pelo coração, nós nos rejubilamos por este brasileiro extraordinário que conosco lutou para fazer reinar a justiça e a solidariedade internacionais, Josué de Castro não é mais um de nós. Poderíamos dizer como os Romanos “Ele viveu” e dizer como ele “somente solucionando os problemas atuais poderemos tentar resolver os do futuro. A vida do homem está em marcha para uma nova sociedade. Ou nós a construiremos com as nossa mãos e nossa inteligência, ou assistiremos, inevitavelmente, à sua destruição violenta do sistema que impede sua realização pelo egoísmo e particularismo
Fredéric Joliot Curie, grande sábio e grande homem, falecido recentemente, costumava dizer, ao falar da América Latina, ter lido nos últimos anos poucos livros tão importantes quanto a “Geopolítica da Fome” e sua voz era veemente ao fazer o elogio da obra e do autor. De Josué de Castro e de sua obra de escritor e cientista, sobretudo da Geografia e da Geopolítica da Fome ouvi falar, tanto em Paris, como em Moscou, tanto em Viena e Berlim, quanto em Pequim e Ulan Bator, cidade encravada nas Montanhas da Mongólia. Por toda parte onde se lê e onde o trabalho da inteligência é respeitado e amado.Possuímos um pequeno grupo de homens de ressonância universal: o político Oswaldo Aranha, o arquiteto Oscar Niemeyer, os pintores Portinari e Di Cavalcanti, o compositor Villa-Lobos, uns poucos. O nome mais conhecido de todos, no sentido da extensão desse conhecimento pelas fronteiras do mundo, é, no campo científico e social, o de Josué de Castro. As traduções dos seus livros, o eco despertado por sua obra sobre os problemas da fome, no mundo moderno, fizeram dele um dos grandes nomes, dos mais célebres e dos mais respeitados da cultura contemporânea. Seus admiradores chamam-se Pearl Buck, Ann Seguers, Vercors e Joliot-Curie, Kuo-Ko-Jo e Lisenko, para citar apenas meia dúzia entre centenas de milhares
Fredéric Joliot Curie, grande sábio e grande homem, falecido recentemente, costumava dizer, ao falar da América Latina, ter lido nos últimos anos poucos livros tão importantes quanto a “Geopolítica da Fome” e sua voz era veemente ao fazer o elogio da obra e do autor. De Josué de Castro e de sua obra de escritor e cientista, sobretudo da Geografia e da Geopolítica da Fome ouvi falar, tanto em Paris, como em Moscou, tanto em Viena e Berlim, quanto em Pequim e Ulan Bator, cidade encravada nas Montanhas da Mongólia. Por toda parte onde se lê e onde o trabalho da inteligência é respeitado e amado.Possuímos um pequeno grupo de homens de ressonância universal: o político Oswaldo Aranha, o arquiteto Oscar Niemeyer, os pintores Portinari e Di Cavalcanti, o compositor Villa-Lobos, uns poucos. O nome mais conhecido de todos, no sentido da extensão desse conhecimento pelas fronteiras do mundo, é, no campo científico e social, o de Josué de Castro. As traduções dos seus livros, o eco despertado por sua obra sobre os problemas da fome, no mundo moderno, fizeram dele um dos grandes nomes, dos mais célebres e dos mais respeitados da cultura contemporânea. Seus admiradores chamam-se Pearl Buck, Ann Seguers, Vercors e Joliot-Curie, Kuo-Ko-Jo e Lisenko, para citar apenas meia dúzia entre centenas de milhares
Fredéric Joliot Curie, grande sábio e grande homem, falecido recentemente, costumava dizer, ao falar da América Latina, ter lido nos últimos anos poucos livros tão importantes quanto a “Geopolítica da Fome” e sua voz era veemente ao fazer o elogio da obra e do autor. De Josué de Castro e de sua obra de escritor e cientista, sobretudo da Geografia e da Geopolítica da Fome ouvi falar, tanto em Paris, como em Moscou, tanto em Viena e Berlim, quanto em Pequim e Ulan Bator, cidade encravada nas Montanhas da Mongólia. Por toda parte onde se lê e onde o trabalho da inteligência é respeitado e amado.Possuímos um pequeno grupo de homens de ressonância universal: o político Oswaldo Aranha, o arquiteto Oscar Niemeyer, os pintores Portinari e Di Cavalcanti, o compositor Villa-Lobos, uns poucos. O nome mais conhecido de todos, no sentido da extensão desse conhecimento pelas fronteiras do mundo, é, no campo científico e social, o de Josué de Castro. As traduções dos seus livros, o eco despertado por sua obra sobre os problemas da fome, no mundo moderno, fizeram dele um dos grandes nomes, dos mais célebres e dos mais respeitados da cultura contemporânea. Seus admiradores chamam-se Pearl Buck, Ann Seguers, Vercors e Joliot-Curie, Kuo-Ko-Jo e Lisenko, para citar apenas meia dúzia entre centenas de milhares
Quantos professores, jovens e militantes do Brasil conhecem ou ouviram falar de nossos queridos Josué de Castro, Paulo Freire, Darcy Ribeiro, João do Vale, Patativa do Assaré, Câmara Cascudo, Caio Prado Junior, Nelson Wernek Sodré e tantos outros.Esses pensadores foram “esquecidos” pela classe dominante, para que as gerações atuais não pudessem se apropriar de seu pensamento, de seu exemplo, de suas reflexões. E nos proibiram de conhecê-los porque sabem que seu pensamento e ação são revolucionários. Revolucionários não numa retórica agitadora de gritar loas à mudança. Revolucionários no verdadeiro sentido de Marx e de Caio Prado Júnior: de revolucionar as estruturas econômicas e sociais, para que o povo possa se apropriar coletiva e socialmente dos bens da natureza e das formas de produzir os bens, utilizando-os em favor da melhoria de vida material e cultural de todos e não apenas de uma minoria, como sempre aconteceu nestes 500 anos.Nossa obrigação, como militantes estudiosos e dedicados que devemos ser, se quisermos honrar a memória de Josué de Castro, é estudar suas obras, compreendê-las, utilizá-las para transformar nossa realidade. Recuperar seu pensamento e ação para que todos os estudantes e militantes o conheçam
Quantos professores, jovens e militantes do Brasil conhecem ou ouviram falar de nossos queridos Josué de Castro, Paulo Freire, Darcy Ribeiro, João do Vale, Patativa do Assaré, Câmara Cascudo, Caio Prado Junior, Nelson Wernek Sodré e tantos outros.Esses pensadores foram “esquecidos” pela classe dominante, para que as gerações atuais não pudessem se apropriar de seu pensamento, de seu exemplo, de suas reflexões. E nos proibiram de conhecê-los porque sabem que seu pensamento e ação são revolucionários. Revolucionários não numa retórica agitadora de gritar loas à mudança. Revolucionários no verdadeiro sentido de Marx e de Caio Prado Júnior: de revolucionar as estruturas econômicas e sociais, para que o povo possa se apropriar coletiva e socialmente dos bens da natureza e das formas de produzir os bens, utilizando-os em favor da melhoria de vida material e cultural de todos e não apenas de uma minoria, como sempre aconteceu nestes 500 anos.Nossa obrigação, como militantes estudiosos e dedicados que devemos ser, se quisermos honrar a memória de Josué de Castro, é estudar suas obras, compreendê-las, utilizá-las para transformar nossa realidade. Recuperar seu pensamento e ação para que todos os estudantes e militantes o conheçam
Enviar um comentário
<< Home