Abanão petrolífero
"Os custos com petróleo são uma bola de chumbo e os portugueses estão a ir ao fundo.
Esta impressão que se tem quando se coloca gasolina no carro é confirmada pelo último relatório da BP. Portugal está a enfrentar um abanão petrolífero. Os gastos do país com o crude deverão subir 30% este ano relativamente a 2007, superando os 4% do PIB, o valor mais alto desde 1985 – data do último choque petrolífero oficial. Tudo em resultado da subida do preço do barril porque os níveis de consumo até devem descer, devido também ao arrefecimento da economia.
A situação ainda não tem a gravidade de 1985 mas para lá caminha se nada for feito. Essa é a questão: o que fazer? A resposta parece óbvia: moderar o apetite pelo crude. O peso do petróleo no conjunto dos gastos com energia primária – combustíveis fósseis mais barragens – é em Portugal o sexto mais alto do mundo. Ou seja, os portugueses são campeões a consumir vinho, bacalhau e petróleo.
É preciso mudar a dieta da economia portuguesa, diversificando as fontes de energia. Menos combustíveis fósseis e mais renováveis. Há um caminho iniciado e que foi intensificado por este Governo, mas que agora precisa de ser acelerado. Portugal já é uma referência mundial na energia eólica e na solar com a central de Moura. Na energia das ondas e na biomassa deve fazer tudo para estar na linha da frente. Estão reunidas as condições para que se distinga a nível internacional num sector que marcará o futuro.
Com o fim do petróleo barato, a viabilidade financeira deste tipo de energia parece assegurado. Exige ainda investimentos avultados porque há muita tecnologia por desenvolver, mas interessados não faltam. Quem chegar primeiro, vai ficar em vantagem.
As energias renováveis resolvem o problema do vício do petróleo, porém não acabam com a elevada factura energética. Até porque o custo da energia verde é ainda elevado, em muitos casos mais caro e menos fiável do que o petróleo. Este problema – o mais urgente – resolve-se com dieta. Da mesma maneira que não se deve misturar pão e batatas na mesma refeição, as empresas e as pessoas têm de ser mais eficientes a usar a energia. Do que é consumido, 60% é desperdício.
É aqui que o Governo tem falhado por omissão. Todos estão a sentir o abanão petrolífero mas o Executivo tem reagido apenas às reclamações dos grupos que têm poder de bloqueio. Além das medidas para os mais afectados, é preciso um programa de dieta intensiva. Quem não poupa energia, deve ser penalizado. É isto que o ministro Manuel Pinho ainda não disse e esta é a única medida que pode tomar para atacar a crise energética no curto prazo. O resto não está nas suas mãos."
Bruno Proença
Esta impressão que se tem quando se coloca gasolina no carro é confirmada pelo último relatório da BP. Portugal está a enfrentar um abanão petrolífero. Os gastos do país com o crude deverão subir 30% este ano relativamente a 2007, superando os 4% do PIB, o valor mais alto desde 1985 – data do último choque petrolífero oficial. Tudo em resultado da subida do preço do barril porque os níveis de consumo até devem descer, devido também ao arrefecimento da economia.
A situação ainda não tem a gravidade de 1985 mas para lá caminha se nada for feito. Essa é a questão: o que fazer? A resposta parece óbvia: moderar o apetite pelo crude. O peso do petróleo no conjunto dos gastos com energia primária – combustíveis fósseis mais barragens – é em Portugal o sexto mais alto do mundo. Ou seja, os portugueses são campeões a consumir vinho, bacalhau e petróleo.
É preciso mudar a dieta da economia portuguesa, diversificando as fontes de energia. Menos combustíveis fósseis e mais renováveis. Há um caminho iniciado e que foi intensificado por este Governo, mas que agora precisa de ser acelerado. Portugal já é uma referência mundial na energia eólica e na solar com a central de Moura. Na energia das ondas e na biomassa deve fazer tudo para estar na linha da frente. Estão reunidas as condições para que se distinga a nível internacional num sector que marcará o futuro.
Com o fim do petróleo barato, a viabilidade financeira deste tipo de energia parece assegurado. Exige ainda investimentos avultados porque há muita tecnologia por desenvolver, mas interessados não faltam. Quem chegar primeiro, vai ficar em vantagem.
As energias renováveis resolvem o problema do vício do petróleo, porém não acabam com a elevada factura energética. Até porque o custo da energia verde é ainda elevado, em muitos casos mais caro e menos fiável do que o petróleo. Este problema – o mais urgente – resolve-se com dieta. Da mesma maneira que não se deve misturar pão e batatas na mesma refeição, as empresas e as pessoas têm de ser mais eficientes a usar a energia. Do que é consumido, 60% é desperdício.
É aqui que o Governo tem falhado por omissão. Todos estão a sentir o abanão petrolífero mas o Executivo tem reagido apenas às reclamações dos grupos que têm poder de bloqueio. Além das medidas para os mais afectados, é preciso um programa de dieta intensiva. Quem não poupa energia, deve ser penalizado. É isto que o ministro Manuel Pinho ainda não disse e esta é a única medida que pode tomar para atacar a crise energética no curto prazo. O resto não está nas suas mãos."
Bruno Proença
1 Comments:
A abordagem deve ser na positiva, ou seja, quem poupar energia é premiado. Penalizar corresponde a criar apenas mais um imposto que vai entrar no bolo dos impostos, mais um e será muito mal recebido. Pelo contrário, um prémio, como um benefício fiscal, um benefício a longo prazo ou algo semelhante costumam funcionar memlhor
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