terça-feira, junho 24, 2008

ESPERANÇA VÃ

"A pesquisa anual do Pew Global Attitudes Project apurou que os inquiridos de quase todos os 24 países em análise preferem Barack Obama a John McCain. As excepções são os inquiridos da Jordânia e, pasme-se, dos Estados Unidos. De facto, é uma pena que as eleições americanas sejam decididas por americanos. Se os cidadãos anónimos do resto da Terra mandassem nos EUA, o candidato da "mudança" e da "esperança" tinha a vitória garantida.

Os cidadãos anónimos e, diga-se, inúmeras figuras ilustres. O DN lembrou algumas. Fidel Castro, por exemplo, acha que Obama possui "inteligência, capacidade de debate e ética de trabalho". Chávez espera conversar com ele. Kadhafi chama-lhe "irmão queniano". A direcção do Hamas confessa simpatizar com "o sr. Obama" e, supõe-se que a título elogioso, compara-o a John Kennedy.

Psicopatas incluídos, portanto, o mundo está do lado de Obama. E, pelo menos por comparação com os EUA, Obama também dá indícios de estar do lado do mundo, sobretudo do terceiro. Citado pelo Wall Street Journal, o senador especificou o tipo de "mudança" e de "esperança" que defende: "A globalização e a tecnologia enfraquecem as posições dos trabalhadores." Leiam outra vez. Não há gralhas. Não houve desmentidos nem imputação de culpas a um conselheiro espiritual tresloucado. À primeira vista e em última instância, Obama acredita que os trabalhadores do Burkina Faso vivem em condições invejáveis e que a Birmânia é o modelo económico que os EUA deviam imitar com aprumo.

Mais do que riso ou escândalo, sentenças assim anedóticas promovem a popularidade de Obama no exterior. Não admira. Dado o antiamericanismo em voga, a evolução dos EUA rumo ao isolamento comercial, à manufacturação e à genérica miséria constituiria uma mudança de peso e uma esperança para a opinião pública internacional.

É, talvez, uma esperança infundada. Por cada disparate que produz num dia, no dia seguinte Obama produz o seu exacto inverso, de acordo com as audiências que o escutam. Erguer uma campanha sobre o eventual "carisma" e o rematado vazio facilita incongruências destas.

Mas só. Ainda que seja eleito em Novembro, os EUA não seguirão o caminho da desgraça que Obama inconscientemente anuncia e que boa parte da humanidade conscientemente aplaudiria. À semelhança do hábito, a Casa Branca faz o monge. Por mim, aposto que até arranjarei um ou dois motivos para gostar do homem. E tenho a certeza de que os que agora veneram a sua retórica oca e ocasionalmente assustadora arranjarão motivos de sobra para o odiar. Obama não pode ser tão mau quanto os seus admiradores o pintam. Os admiradores e, às vezes, ele próprio
. "
Alberto Gonçalves

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