O alegre capital social

"Terça-feira à noite em Lisboa, Manuel Alegre, o Bloco de Esquerda e outros dissidentes do PCP fizeram um comício contra o Governo. As centenas de pessoas que encheram as salas do Teatro da Trindade vibraram com os excelentes dotes oratórios do poeta que já há 40 anos, em pleno Estado Novo, dizia que "há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não".

Alegre criticou a política económica do Governo por não ter resolvido o défice social e aconselhou "humildade" para solucionar os problemas do País. Quinta-feira, Sócrates foi alvo de outro forte protesto de esquerda com a manifestação de 200 mil pessoas contra a reforma do Código Laboral. A crise económica agrava a insatisfação social, mas Alegre e companheiros não são verdadeira alternativa ao Governo.

- Protestar é fácil, governar com um Estado em crise estrutural é mais difícil. A esquerda de Alegre contesta o esforço contra o défice, mas esquece-se de que sem Finanças saudáveis o Estado é inviável. Se não houver equilíbrio nas contas públicas, não há nada para distribuir e os pobres é que sofrem mais.

- Sócrates tem tentado manter o Estado social possível. Alegre pede o que a globalização tornou impossível, não só em Portugal mas em toda a Europa."

Armando Esteves Pereira