domingo, junho 29, 2008

A podridão

"A recente aparição de Vale e Azevedo nas fotografias dos jornais e nos ecrãs de televisão constitui mais um golpe duro na justiça portuguesa, se a ela juntarmos o conteúdo dos seus argumentos em contraponto com as condenações já produzidas.

Nem é normal que um cidadão condenado se coloque numa posição provocatória em relação à justiça portuguesa nem é normal o sistema judiciário construir dentro de si próprio as contradições que o põem a jeito para se tornar num alvo fácil das armas de arremesso.

Está na moda: fugir da justiça e dos efeitos da crise económica que assola o País. Está-se bem melhor em Londres ou em Bruxelas.

No que diz respeito ao futebol, continuo a perceber uma coisa: por que razão não se vai mais a fundo no negócio das transferências de jogadores? Não é um trabalho que caiba apenas às polícias e ao Ministério Público. É preciso que haja vontade política. E, nesse contexto, embora em planos diferentes, vai acontecer à Casa das Transferências (ou dos Contratos) o mesmo que aconteceu à Casa das Selecções?

Não basta apregoar o combate à corrupção. Seria importante passar das palavras aos actos e este Governo, nessa matéria, também vem alinhando muito com as “bandeiras às janelas”. Talvez porque lhe dê jeito. Para combater a corrupção, no terreno, é necessário começar porventura pelo aparelho do Estado. E esse é um problema acrescido, para além de dar um trabalhão. E, em Portugal, tudo o que dá trabalho fica para segundo plano.

Se a justiça portuguesa necessita de ser ajudada para sair do limbo, a justiça desportiva é a sua bastarda e parece querer dispensar a ajuda seja de quem for. Porque age como uma corporação em defesa de interesses clubísticos e de quem os apoiar. O que representa, hoje, para o Apito Dourado e para o Apito Final, o Conselho de Justiça da FPF é uma vergonha. Desde logo, a significação da sua presidência.

Um vereador da Câmara de Gondomar acha que, em sede de Apito Final e estando o Boavista em causa (é bom lembrar que, neste processo, não estão em causa escutas telefónicas mas testemunhos documentados), está em condições de emitir opinião com decisão.

O Conselho de Justiça da FPF é bem a imagem do futebol português
."

Rui Santos

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