FÓSSEIS
"A propósito dos senhores das FARC, de que eu não gosto e o PCP gosta, a penúltima edição do Avante! chamou-me "fóssil" em editorial. Quer dizer, chamou-me a mim ou a Ferreira Fernandes, que, cito, "aos domingos usa ocupar uma página" do DN e igualmente abordou o tema sem obedecer à linha definida pelo Comité Central. Dado que na semana em causa vergonhosamente perdi esse vital semanário, soube da presuntiva honra com atraso e justamente através da crónica diária de Ferreira Fernandes, que resumiu o essencial sobre a matéria, ou seja, que é estranho uma relíquia como o PCP chamar fóssil a alguém.
Permitam-me acrescentar o acessório e confortar os camaradas. Coitados. Para o PCP, deve ser frustrante ouvir o que não quer e só poder reagir com qualificativos num panfleto obscuro. Não importa se o qualificativo é "fóssil", "biltre" ou "bandalho". E não importa se o destinatário sou eu, Ferreira Fernandes ou um piquete dos bombeiros voluntários de Vizela. Responder a uma crítica com outra crítica, mesmo que um nadinha oca, é participar de um jogo demasiado democrático e inconsequente para as aspirações comunistas.
Nos radiosos lugares em que os amigos do PCP mandavam, havia forças especializadas em vingar as insolências, cujos autores curiosamente sumiam logo a seguir por tempo indeterminado ou vitalício. Até por cá, durante a ditadura salazarista, o PCP arranjava forma de castigar a blasfémia. Os dissidentes, por exemplo, eram denunciados à PIDE mediante notícias no Avante! que, na aparência, os saudavam e, na prática, entregavam o seu paradeiro. Bela época, belos costumes. Em democracia, com a circulação restrita a devotos e a influência de rastos, o Avante! bem esperneia, mas apenas tosse resmungos inócuos.
Para nosso constrangimento, o PCP propriamente dito ainda não chegou a tamanha agonia. Para nossa sorte, também não chega a mais lado nenhum. Avante, camaradas! Ou paciência, camaradas."
Alberto Gonçalves
Permitam-me acrescentar o acessório e confortar os camaradas. Coitados. Para o PCP, deve ser frustrante ouvir o que não quer e só poder reagir com qualificativos num panfleto obscuro. Não importa se o qualificativo é "fóssil", "biltre" ou "bandalho". E não importa se o destinatário sou eu, Ferreira Fernandes ou um piquete dos bombeiros voluntários de Vizela. Responder a uma crítica com outra crítica, mesmo que um nadinha oca, é participar de um jogo demasiado democrático e inconsequente para as aspirações comunistas.
Nos radiosos lugares em que os amigos do PCP mandavam, havia forças especializadas em vingar as insolências, cujos autores curiosamente sumiam logo a seguir por tempo indeterminado ou vitalício. Até por cá, durante a ditadura salazarista, o PCP arranjava forma de castigar a blasfémia. Os dissidentes, por exemplo, eram denunciados à PIDE mediante notícias no Avante! que, na aparência, os saudavam e, na prática, entregavam o seu paradeiro. Bela época, belos costumes. Em democracia, com a circulação restrita a devotos e a influência de rastos, o Avante! bem esperneia, mas apenas tosse resmungos inócuos.
Para nosso constrangimento, o PCP propriamente dito ainda não chegou a tamanha agonia. Para nossa sorte, também não chega a mais lado nenhum. Avante, camaradas! Ou paciência, camaradas."
Alberto Gonçalves
1 Comments:
O Padrinho Carvalho dasilve da ordens aos lacaios! Pobres-
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