O logro dos exames

"Dei-me ao trabalho de consultar o enunciado de exames do Ensino Básico e Secundário no sítio do GAVE do ME (ver aqui), depois de terem saído notícias sobre o aumento da facilidade de alguns deles. Em particular de Matemática.

Não podendo aqui reproduzir as perguntas, exortava os leitores interessados a visitar o sítio e ver algumas das provas destes exames “de fazer de conta”.

Inimaginável o que vi, p. ex., na prova de aferição de matemática do 4º ano do ensino básico! Pergunto-me como é possível no século XXI fazer perguntas que há 50 anos eram respondidas na 1ª ou 2ª classe, diminuindo assustadoramente a exigência intelectual dos alunos e quase os transformando em jovens imbecis que não se podem cansar com o estudo e adequados padrões de ensino! Uma tristeza!

Depois vem o ME anunciar candidamente melhorias substanciais e milagrosas nas avaliações, através de estatísticas incomparáveis não só quanto ao grau de exigência como quanto ao aumento de tempo de exames. Puro e perverso engano!

Por isso ninguém se admire que o país não vá para a frente, que se chegue à universidade sem saber redigir, cometendo-se erros que há anos envergonhariam um aluno razoável da 4ª classe, que não se saibam fazer as mais simples contas de aritmética ou ter a mínima ginástica matemática sem o auxílio de uma calculadora!
Ao mesmo tempo o Governo multiplica cerimónias de apoteose de entrega de computadores e fala de revolução tecnológica! De que servirá tudo isso se se desvaloriza tão brutalmente a exigência na formação de base?"

Bagão Félix