Barack Obama
"Das armas à imigração, sem esquecer uma carga fiscal moderadíssima, Obama e McCain são, hoje, praticamente indistinguíveis
Na passada semana, escrevi nesta mesma coluna que a Europa podia sonhar com o Príncipe Obama; mas, depois das eleições americanas, arriscava-se a acordar com o velho sapo a seu lado. Agora, restam poucas dúvidas: de regresso a casa, e na presença de seis mil jornalistas, o sapo Obama resolveu partilhar com a imprensa o que andou a aprender pelo mundo. E o que andou a aprender ele?
Nada que McCain não tivesse dito antes e que Obama diz agora para desespero dos analistas "liberais". Iraque? O aumento de efectivos, promovido por Bush, foi acertado e eficaz, disse Obama, o que naturalmente desaconselha as retiradas insensatas do passado. Afeganistão? Um antro de terroristas, que deve merecer a atenção dos Estados Unidos e o reforço generoso do seu contingente. Sem falar de assuntos "menores" - como, por exemplo, um Irão nuclear - que Obama tenciona tratar com a dureza da praxe.
Dito de outra forma: se Obama deseja ganhar as eleições americanas, ele sabe, como lembrou o jornalista Lucas Mendes na BBC, que o exemplo a seguir não é o de McGovern, Mondale ou Dukakis, personagens estimáveis que, nas suas coerências "liberais", conduziram os democratas para o abismo. O caminho é o centro porque as eleições americanas ganham-se ao centro. E se o centro aprecia líderes fortes, que não capitulam em momentos de guerra, o centro também aprecia outras qualidades: qualidades que, em contradição directa com a cartilha inicial, Obama já começa a mostrar. Do porte de armas ao controlo da imigração, sem esquecer uma carga fiscal moderadíssima, Obama e McCain são, hoje, praticamente indistinguíveis.
E a Europa? A Europa, sem ponta de ironia, devia torcer por McCain. Não apenas pela desfeita que Obama lhe fez. Mas porque, se for eleito, Obama não parece interessado em prolongar o "unilateralismo" americano. Uma boa notícia? Depende: eu, na minha preguiça, sempre gostei que os outros tratassem do lixo do mundo. Mas a Europa está cansada de férias e mortinha por marchar com Obama para o Afeganistão."
João Pereira Coutinho
Na passada semana, escrevi nesta mesma coluna que a Europa podia sonhar com o Príncipe Obama; mas, depois das eleições americanas, arriscava-se a acordar com o velho sapo a seu lado. Agora, restam poucas dúvidas: de regresso a casa, e na presença de seis mil jornalistas, o sapo Obama resolveu partilhar com a imprensa o que andou a aprender pelo mundo. E o que andou a aprender ele?
Nada que McCain não tivesse dito antes e que Obama diz agora para desespero dos analistas "liberais". Iraque? O aumento de efectivos, promovido por Bush, foi acertado e eficaz, disse Obama, o que naturalmente desaconselha as retiradas insensatas do passado. Afeganistão? Um antro de terroristas, que deve merecer a atenção dos Estados Unidos e o reforço generoso do seu contingente. Sem falar de assuntos "menores" - como, por exemplo, um Irão nuclear - que Obama tenciona tratar com a dureza da praxe.
Dito de outra forma: se Obama deseja ganhar as eleições americanas, ele sabe, como lembrou o jornalista Lucas Mendes na BBC, que o exemplo a seguir não é o de McGovern, Mondale ou Dukakis, personagens estimáveis que, nas suas coerências "liberais", conduziram os democratas para o abismo. O caminho é o centro porque as eleições americanas ganham-se ao centro. E se o centro aprecia líderes fortes, que não capitulam em momentos de guerra, o centro também aprecia outras qualidades: qualidades que, em contradição directa com a cartilha inicial, Obama já começa a mostrar. Do porte de armas ao controlo da imigração, sem esquecer uma carga fiscal moderadíssima, Obama e McCain são, hoje, praticamente indistinguíveis.
E a Europa? A Europa, sem ponta de ironia, devia torcer por McCain. Não apenas pela desfeita que Obama lhe fez. Mas porque, se for eleito, Obama não parece interessado em prolongar o "unilateralismo" americano. Uma boa notícia? Depende: eu, na minha preguiça, sempre gostei que os outros tratassem do lixo do mundo. Mas a Europa está cansada de férias e mortinha por marchar com Obama para o Afeganistão."
João Pereira Coutinho
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