terça-feira, agosto 26, 2008

TODAS AS QUINTAS

"Enquanto os moradores da Quinta do Mocho, da Quinta da Fonte e das restantes quintas que embelezam o concelho de Loures trocam tiros, a autarquia local oportunamente inaugurou a Quinta das Mós. Trata-se de 210 fogos destinados a cidadãos inscritos no velhinho Programa Especial de Realojamento, que até agora viviam em condições impróprias e a partir de agora passam a viver em condições mais impróprias, pois toda a gente sabe que os bairros "sociais" do género gueto (uma redundância) obrigam pessoas pacatas a traficar drogas, a pegar em armas e a disparar sobre o semelhante como se não houvesse alternativa.

Curiosamente, há alternativa. Bastava, para isso, que as câmaras municipais não construíssem guetos, ou que os mitómanos da pobreza protestassem os guetos desde o seu início, ou que os pobres, com ou sem aspas, recusassem à partida as chaves de entrada nos guetos. E que, em última instância, a acção policial tivesse consequências. Por azar, as câmaras constroem, os autarcas brilham, os mitómanos calam e os pobres aceitam, todos contentinhos, a habitação gratuita. E a Justiça portuguesa é a Justiça portuguesa.

Não tarda que alguns dos moradores imponham na Quinta das Mós o quotidiano de pequeno crime ou grande vadiagem que define lugares assim, não tarda que os moradores sem cadastro se queixem à TVI do "clima de insegurança", não tarda que comentadores indignados surjam indignadíssimos a condenar a edificação do gueto em causa e a absolver os residentes, não tarda que a sociedade se consuma em dores.

Aliás, não tardou mesmo nada. Logo na cerimónia de inauguração do bairro, três dos presuntivos moradores estrearam uma sessão de pancadaria que levaria um polícia ao hospital e dois populares à esquadra. A pândega animou graças à participação de um grupo de descontentes com a renda das casas que lhes foram atribuídas. A renda, talvez valha a pena lembrar, é simbólica. Não vale a pena dizer que o episódio também
. "

Alberto Gonçalves

1 Comments:

Blogger Serviço Público said...

Não posso concordar consigo....o probema não é arquitectónico...o problema também não é juntá-los numa urbanização nova...pois separá-los, deslocalizá-los para diversos pontos do concelho não só não é viavél do ponto de vista logístico e financeiro (obrigava à construção/aquisição de casas dispersas, o que ao valor estipulado pela Portaria não seria exequível e mesmo que o fosse...seria moroso e mais dispendioso), como também seria de prever a recusa dos agregados a irem viver para outro sítio, separados dos primos, irmãos e amigos, mais longe de Lisboa do que actualmente...e fora do sítio onde sempre viveram...etc., etc.
A questão aqui prende-se essencialmente com integração e criminalidade...e a culpa não é da Câmara...pelo menos não será esta a maior responsável...
A PSP, as Finanças, a Segurança Social, o IEFP, o Centro de Saúde, a Educação, a Comissão de Protecção de Menores e as associações locais deveriam intervir....agregado a agregado, avaliando, enquadrando nas respostas adequadas a cada situação. É um trabalho moroso...que requer continuidade...mas que evita este tipo de situações: insegurança, desocupação, desemprego, recebimento indevido de ajudas do Estado...garantindo uma maior justiça social na atribuição destes apoios.

sábado, agosto 30, 2008  

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