terça-feira, setembro 02, 2008

A segurança "reality show"

"Como acontece em todos os momentos em que as pessoas se sentem indefesas e o poder sente que isso pode representar uma alteração do sentido do voto no futuro, a questão da segurança transforma-se num "reality show". Acossado, o Governo mandou as polícias para as ruas, fazer rusgas atrás de rusgas (com amplo suporte televisivo, porque ninguém foi avisado com antecedência ), numa acção de "prevenção".

Cumpre-se a velha máxima da governação moderna: o que é preciso é tapar a superfície dos buracos agora; quem vier a seguir que resolva os problemas. Porque a questão central é outra e essa nem o PSD debate, esgotado a pedir a cabeça de Rui Pereira, o homem que ontem podia ser juiz constitucional, hoje ministro e amanhã outra coisa qualquer. Quando se alterou os Códigos Penal e de Processo Penal, por motivos políticos avulsos, abriu-se uma brecha judicial, que quando for analisada a sério, parecerá um "buraco negro". Por isso a alteração da Lei das Armas, forma expedita do Governo sacudir o problema para cima dos juízes, será mais uma forma de abrir outros buracos jurídicos. A criação do secretário-geral de segurança é apenas a última medida para descoordenar ainda mais a descoordenação entre polícias dependentes da Justiça e da Administração Interna. Com um único fito: colocar nas mãos de Sócrates um "Big Brother" policial que só coordenará o que verdadeiramente interessa em termos políticos. E aqui o inteligente silêncio de Sócrates percebe-se. O de Manuela Ferreira Leite, não
."

Fernando Sobral

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