terça-feira, outubro 07, 2008

Enorme pedrada

"Cavaco Silva atirou a pedra certa no momento certo. Mas este sítio não tem emenda. A cultura salazarenta veio para ficar”.

Já tardava alguém falar claro e duro sobre o que se passa há anos e anos neste sítio manhoso, hipócrita, pobre e cada vez mais mal frequentado. É claro que as palavras do Presidente da República no fecho de uma jornada com jovens empresários deixaram muita gente perplexa. Tão perplexas ficaram que as fortes denúncias de Cavaco Silva foram o mais rapidamente possível atiradas para debaixo do tapete e nem sequer foram objecto do trabalho do costume, isto é, ouvir os comentários dos dirigentes partidários e das confederações patronais à intervenção presidencial.

É natural. Quando pela primeira vez um alto responsável do sítio afirma que o sucesso dos jovens empresários não depende do encosto ao Estado nem da permuta de favores com o poder político, muito boa gente, nos jornais, nos partidos, nas empresas e na Administração Pública deve ter sentido um arrepio na espinha e feito tudo o que estava ao seu alcance para que tudo fosse esquecido o mais rapidamente possível e o manto diáfano da cultura salazarenta voltasse a cobrir o pântano.

Quando um Presidente da República, em plena crise financeira internacional, diz que a falta de autonomia revelada por alguns dos empresários e a sua tendência para o encosto ao Estado têm sido muito nocivas para a economia, está, em poucas palavras, a pôr vários dedos na ferida e a dizer claramente que este sítio não teve, não tem e dificilmente terá uma verdadeira economia de mercado.

A liberdade, tantas e tantas vezes apregoada a propósito de tudo e de nada, não chegou à economia. É por isso que o sítio não cria riqueza, os indígenas vivem cada vez pior e diversos Estados recentemente chegados à União Europeia crescem mais e criam mais emprego. A liberdade, que enche a boca de tantos e tantos que nunca a quiseram e têm mesmo horror à palavra, ficou à porta do mercado e da concorrência e o sítio apenas adaptou aos tempos modernos o velho condicionamento industrial desse enorme estatista chamado António Oliveira Salazar.

É por isso que o discurso do Presidente da República aos jovens empresários é histórico e mostra que o capitalismo, o mercado e a livre concorrência não estão em decadência e não têm qualquer alternativa, ao contrário do que apregoam os defensores do Estado papá, do Estado mamã, do Estado patrão, do Estado polícia, do Estado omnipresente. Cavaco Silva atirou a pedra certa no momento certo. A intenção foi mesmo muito boa. Mas este sítio não tem emenda. A cultura salazarenta veio para ficar
."

António Ribeiro Ferreira

1 Comments:

Blogger Toupeira said...

O Senhor Ribeiro Ferreira tem má memória, pensando benignamente, que não tem má consciência.
Então esquece-se, doença muito em voga do mesmo que a pessoa que agroa defende, o Senhor Cavaco, no caso PR do sítio como gosta de chamar.
Lembra-se da valorização de 5% no escudo na altura em que era MF do governo AD?
Fez exactamente o contrário que o Presidente Zedillo fez no México só que ao contrário.
Por aqui a mando do FMI colocou este país de cócoras.
Um bom aluno da senhora Tatcher e da linha seguida depois pela Nova Direita e do Consenso de Washington.
O tio alemão é uma coisa tramada e sem soluçaõ.
Então isto é salazarento?
O encosto? Desde quando é que Salazar entrava nestes jogos?
Quando muito encostava os espertos, os da usura, e sabe o senhor na sua triste memória, que entalou um tipo muito conhecido que agora até tem uma fundação com o seu nome e que nunca deu nada a ninguém?
O senhor não sabe do que fala quando refere a lei que refere.
Isto não tem nada a ver hoje, antigamente Salazar defendia o Estado de um País e com um povo, hoje o sehor defende um indivíduo que se apoia num governo e num grupo que o elegeu para ser PR de um sítio como Vª Exª diz, como se fosse presidente de uma junta de freguesia que me desculpem os presidente de juntas, os honestos.
Lembra-se daas pontes?
Lembra-se da antena da RTP e da PT?
Lembra-se das privatizações pagas da forma escandalosa?
Dobre a língua quando fala de Salazar, ou ao menos fale claro e defina salazarento, se tal corresponder defender um patrão para atacar outro.
Mas ao dispor, nem sempre escreve mal mas desta vez acho que Vª Exª se tornou naquilo que critica a outros.
Por agora fica assim e já agora estou-me nas tintas para os que odeiam Salazar, como eles estarão nas tintas em relação ao bicho que sou, mas não me aquece nem me arrefece.
Passe bem.

terça-feira, outubro 07, 2008  

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