segunda-feira, novembro 17, 2008

O Consenso de Washington revisitado

A cimeira dos países industrializados e emergentes (G20), que terminou ontem em Washington, decidiu em conformidade com os líderes da comunidade financeira - a reforma dos mercados deverá realizar-se sem excesso de regulação - e revelou falta de vontade política para resolver a crise sistémica de forma séria e sustentável.

Nada acontecerá até ao dia 30 de Abril, data da próxima cimeira, provavelmente no Reino Unido, país que assume a presidência do bloco, em 2009. A data acomoda os interesses da administração Obama, que tomará posse em 20 de Janeiro, e dos banqueiros de Wall Street que recusam a proposta europeia para a criação de novos organismos reguladores multilaterais e de regras internacionais de supervisão, mais apertadas e rigorosas.
“O excesso de regulação poria em perigo o crescimento económico e aumentaria a contracção dos fluxos de capital”, refere o comunicado final.

A liberdade dos mercados - leia-se o descontrolo da especulação financeira - continua a ser a vaca sagrada do sistema financeiro global.
Assim, as reformas acordadas em Washington vão respeitar “o mercado livre”, a “propriedade privada” e a “liberdade de comércio e de investimento”.

O comunicado, com uma dezena de páginas, está cheio de retórica - reforma das instituições, combate ao proteccionismo, transparência, cooperação, regulação “sadia” e defesa da ”integridade dos mercados”.
Os adjectivos suplantam claramente a substância.
Os objectivos são sinónimo de “wishful thinking”.

Senão vejamos:
- As negociações da ronda de Doha para a liberalização do comércio mundial, num impasse há mais de cinco anos, deverão terminar até ao fim de 2009, não podendo os 153 membros da Organização Mundial de Comércio (OMC) adoptar qualquer medida proteccionista nos próximos 12 meses;

- Fortalecimento da transparência e da regulação, a cargo das autoridades nacionais, cabendo a cada governo o combate à instabilidade dos mercados;

- As reformas nacionais devem assentar num consenso internacional sobre cinco pontos: aumento da responsabilidade e da transparência dos mercados, reforço da regulação, intensificação da vigilância, promoção da integridade ética e reforma do FMI e do BM;

- Os dirigentes do G20 concordaram reforçar o peso das economias emergentes no Fundo Monetário Internacional (FMI) e no Banco Mundial (BM).

Em conjunto, os membros do bloco - EUA, Canadá, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália, Japão, Rússia, União Europeia (UE) com os emergentes Argentina, Brasil e México (Américas), Turquia e Arábia Saudita (Médio Oriente), China, Coreia do Sul, Índia e Indonésia (Ásia), mais a Austrália e a África do Sul - representam 85% do PIB mundial e concentram 2/3 da população do planeta.

Porém, as regras dos jogos económicos e financeiros continuam a ser ditadas pelo eixo anglo-americano, a partir de Wall Street e da City.

O ”Consenso de Washington” privilegia a especulação financeira à criação e distribuição de riqueza tangível.
Ontem como hoje, ganharam os fundamentalistas do mercado.
Mais uma vez, perdeu-se uma boa oportunidade para acabar com a “casinização” das economias.
Pedimos desculpa por esta interrupção [a crise]. A especulação segue dentro de momentos.
MRA Dep. Data Mining
Pedro Varanda de Castro, Consultor
Trata-se da prova de quem manda no sistema, o Clube Bilderberg.
Mandando no sisema manda nos governos, na sua composição e na sua política e não há volta a dar.
Sejam democracias, ou regimes mais ou menos autoritários, ditaduras seculares ou religiosas.
Continua e vai ser assim.

1 Comments:

Blogger mfc said...

Lá toparam de novo na mesma pedra!

segunda-feira, novembro 17, 2008  

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