Gazetas
"A gazeta passou a ser uma das mais frequentes figuras extra-regimentais da prática parlamentar.
Segundo o Diário de Notícias de ontem, de Janeiro a meados de Julho, os deputados deram 1370 faltas. E a seguir partiram para dois meses de férias. E isto, note-se, são as faltas às 3 sessões parlamentares semanais, sendo que os deputados faltam muito mais frequentemente às sextas-feiras, antes do fim-de-semana, uma vez que às segundas e terças, depois do descanso semanal, deixou de haver reuniões plenárias. Diz o Diário de Notícias que a maioria das faltas são justificadas mas a justificação mais frequente é o “trabalho político”, o que pode ser tudo e é atestado pelo próprio.
Agora imagine-se que este regime, que os deputados decidem por si e para si próprios, era aplicável ao comum dos cidadãos: picavam o ponto três vezes por semana – quartas, quintas e sextas-feiras – e para faltarem, designadamente à sexta antecipando o fim-de-semana, bastava-lhes alegar uma balela não mensurável nem verificável. Mas a verdade é que sendo os deputados os representantes de todos os cidadãos portugueses, os representados deveriam ter iguais direitos, deveres, regalias, folganças e regabofes, sob pena do conjunto dos deputados, a Assembleia da República, o Parlamento, deixar de representar o todo nacional. E com ele a própria democracia perder o seu carácter representativo.
O Estado, no preciso momento em que assume o carácter ferrabrás de querer avaliar sobre tudo e todos, e das avaliações tirar consequências e desforços, deveria pensar num mecanismo de avaliação da classe política que não fosse apenas a eleição de deputados à lista, em pacote. Ou então os portugueses ficam autorizados a mandar a petulância pregar para outra freguesia."
João Paulo Guerra
Segundo o Diário de Notícias de ontem, de Janeiro a meados de Julho, os deputados deram 1370 faltas. E a seguir partiram para dois meses de férias. E isto, note-se, são as faltas às 3 sessões parlamentares semanais, sendo que os deputados faltam muito mais frequentemente às sextas-feiras, antes do fim-de-semana, uma vez que às segundas e terças, depois do descanso semanal, deixou de haver reuniões plenárias. Diz o Diário de Notícias que a maioria das faltas são justificadas mas a justificação mais frequente é o “trabalho político”, o que pode ser tudo e é atestado pelo próprio.
Agora imagine-se que este regime, que os deputados decidem por si e para si próprios, era aplicável ao comum dos cidadãos: picavam o ponto três vezes por semana – quartas, quintas e sextas-feiras – e para faltarem, designadamente à sexta antecipando o fim-de-semana, bastava-lhes alegar uma balela não mensurável nem verificável. Mas a verdade é que sendo os deputados os representantes de todos os cidadãos portugueses, os representados deveriam ter iguais direitos, deveres, regalias, folganças e regabofes, sob pena do conjunto dos deputados, a Assembleia da República, o Parlamento, deixar de representar o todo nacional. E com ele a própria democracia perder o seu carácter representativo.
O Estado, no preciso momento em que assume o carácter ferrabrás de querer avaliar sobre tudo e todos, e das avaliações tirar consequências e desforços, deveria pensar num mecanismo de avaliação da classe política que não fosse apenas a eleição de deputados à lista, em pacote. Ou então os portugueses ficam autorizados a mandar a petulância pregar para outra freguesia."
João Paulo Guerra
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