domingo, dezembro 07, 2008

O BCE em pânico?

"O BCE baixou as taxas de juro em 0,75 pontos. Mau sinal. Quando os banqueiros centrais transmitem a urgência que uma baixa desta magnitude representa é porque estão aflitos com alguma coisa. Grave. No caso do BCE, o receio de que uma aterragem suave da economia se transforme num "crash landing".

A descida de ontem levanta duas interrogações: valeu a pena? Quais os efeitos a médio prazo? A primeira pergunta é "não". Descer agora 0,75 pontos ou descer 0,5 pontos e 0,25 daqui a um mês tem praticamente o mesmo efeito. E ainda se evitava transmitir a ideia de que o BCE está em pânico ou (pior ainda) a ceder a pressões políticas. A ideia é dar um "shot de confiança" na veia das famílias? Se é, o risco de estar a desperdiçar um tiro (que pode fazer falta em momentos de verdadeiro pânico de famílias e empresas) é grande.

Quanto à segunda questão, ela representa o maior desafio do BCE. A inflação cai porque está todo o mundo com medo e ninguém gasta dinheiro. No dia em que a confiança regressar, o consumo dá um salto. Porque a liquidez continua no sistema. A diferença é que ninguém (bancos, empresas e famílias) a está a movimentar. Ou seja, o BCE tem de estar preparado para começar a enxugar esse dinheiro (subindo as taxas de juro) logo que surjam os primeiros sinais de que a conjuntura está a inverter. Ainda que isso lhe custe um coro de assobios e insultos, vindos de Bruxelas e das capitais europeias do costume: Paris e Roma
."

Camilo Lourenço

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