O BE FAZ FALTA?
"O Bloco de Esquerda resumiu as suas mais fundas convicções num cartaz que pendurou por aí: "O Governo protege os banqueiros. E quem protege as pessoas?"
Com maior impacto público, outras organizações excêntricas teriam utilizado as palavras "estrangeiros", "pretos", "chineses" ou "judeus". Mas o racismo do BE é social, e nem seiscentas intervenções apoplécticas do dr. Louçã o exprimiriam com a clareza do outdoor. "Banqueiros", ali, é sinónimo de "ricos", e a riqueza, para a extrema-esquerda, é uma qualidade inata, que os homens "genuínos" ou não alcançam ou não alcançam sem recorrer à exploração e à traição da "classe". De qualquer maneira, não se é rico sem se abdicar da humanidade. Esta era também a opinião de Lenine, que se referia aos abonados como "vermes", "parasitas" ou "sanguessugas". Nunca como pessoas.
Lenine, porém, foi um alucinado feliz. Além da teoria que, ao "coisificar" as "sanguessugas", lhe legitimava o desprezo, o velho Vladimir beneficiava da prática, a qual, inspirada por Trotsky, lhe permitia enfiar os bichos em campos correctivos. O BE, coitado, apenas tem o desprezo, e uma notória inadequação à desgraçada democracia que não o deixa ir além. É por isso que as relações do BE com o regime não ultrapassam a resignação contrariada: embora, na ausência de alternativas, cumpra as suas regras básicas, guarda uma rigorosa distância a familiaridades adicionais.
Esta semana, na autarquia lisboeta, tivemos novo exemplo de que a motivação do BE na luta pelo poder é a luta, não o poder, sobretudo este poder partilhado e plural a que o repugnante "sistema" obriga. Idealmente, o BE gostaria de abolir o "sistema", o sr. Sá Fernandes aspira pragmaticamente a subir dentro dele, por isso a aliança entre a radicalidade e o vulgar oportunismo se revelou equívoca e inútil, mais ou menos à semelhança de cada voto no BE."
Alberto Gonçalves
Com maior impacto público, outras organizações excêntricas teriam utilizado as palavras "estrangeiros", "pretos", "chineses" ou "judeus". Mas o racismo do BE é social, e nem seiscentas intervenções apoplécticas do dr. Louçã o exprimiriam com a clareza do outdoor. "Banqueiros", ali, é sinónimo de "ricos", e a riqueza, para a extrema-esquerda, é uma qualidade inata, que os homens "genuínos" ou não alcançam ou não alcançam sem recorrer à exploração e à traição da "classe". De qualquer maneira, não se é rico sem se abdicar da humanidade. Esta era também a opinião de Lenine, que se referia aos abonados como "vermes", "parasitas" ou "sanguessugas". Nunca como pessoas.
Lenine, porém, foi um alucinado feliz. Além da teoria que, ao "coisificar" as "sanguessugas", lhe legitimava o desprezo, o velho Vladimir beneficiava da prática, a qual, inspirada por Trotsky, lhe permitia enfiar os bichos em campos correctivos. O BE, coitado, apenas tem o desprezo, e uma notória inadequação à desgraçada democracia que não o deixa ir além. É por isso que as relações do BE com o regime não ultrapassam a resignação contrariada: embora, na ausência de alternativas, cumpra as suas regras básicas, guarda uma rigorosa distância a familiaridades adicionais.
Esta semana, na autarquia lisboeta, tivemos novo exemplo de que a motivação do BE na luta pelo poder é a luta, não o poder, sobretudo este poder partilhado e plural a que o repugnante "sistema" obriga. Idealmente, o BE gostaria de abolir o "sistema", o sr. Sá Fernandes aspira pragmaticamente a subir dentro dele, por isso a aliança entre a radicalidade e o vulgar oportunismo se revelou equívoca e inútil, mais ou menos à semelhança de cada voto no BE."
Alberto Gonçalves
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