Se ficar, o bicho come, se fugir, o bicho pega
"Os números do PIB referentes ao 3ª trimestre do ano não auguram nada de bom para 2009 e anos seguintes. Não pelo facto de o produto ter caído 0,1% e, se voltar a crescer a taxas negativas no 4º trimestre (uma quase certeza), ficarmos em recessão técnica. É que, bem vistas as coisas, a recessão, em si, não é nenhum papão (a menos que haja uma quebra do PIB superior a 1%).
O verdadeiro problema é que a economia só caiu 0,1% porque foi amparada pelo consumo. Boa notícia, dirão alguns. Não, péssima notícia. Uma economia como a nossa só pode alimentar o consumo por via de ganhos noutras áreas. Como as exportações. Ter o consumo a crescer nas actuais circunstâncias é criar as condições para mais endividamento (se não há ganhos na frente salarial, o dinheiro tem de vir de algum lado) e mais défice da balança de transacções correntes (já de si a nível exageradamente elevado).
É por esta razão que a actual crise é preocupante para a economia portuguesa. Em condições normais (orçamento e balança corrente equilibrada), a solução clássica (baixar impostos e/ou aumentar o investimento público) ajudaria a minimizar a recessão. Mas com um défice orçamental ainda elevado e um défice corrente quase sufocante, apostar nesta solução é estimular ainda mais o consumo. No curto prazo minimiza as dores da recessão. No médio e longo prazo é um erro que se paga com língua de palmo."
Camilo Lourenço
O verdadeiro problema é que a economia só caiu 0,1% porque foi amparada pelo consumo. Boa notícia, dirão alguns. Não, péssima notícia. Uma economia como a nossa só pode alimentar o consumo por via de ganhos noutras áreas. Como as exportações. Ter o consumo a crescer nas actuais circunstâncias é criar as condições para mais endividamento (se não há ganhos na frente salarial, o dinheiro tem de vir de algum lado) e mais défice da balança de transacções correntes (já de si a nível exageradamente elevado).
É por esta razão que a actual crise é preocupante para a economia portuguesa. Em condições normais (orçamento e balança corrente equilibrada), a solução clássica (baixar impostos e/ou aumentar o investimento público) ajudaria a minimizar a recessão. Mas com um défice orçamental ainda elevado e um défice corrente quase sufocante, apostar nesta solução é estimular ainda mais o consumo. No curto prazo minimiza as dores da recessão. No médio e longo prazo é um erro que se paga com língua de palmo."
Camilo Lourenço
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