REGRESSAR A CASA ALHEIA
"Comparadas com a cobertura televisiva da tomada de posse de Obama, as cerimónias de Fátima parecem cerimónias pagãs. Em trinta e nove anos de vida, não me lembro de ver tantos repórteres tomados por tamanho fervor religioso, e não sabia existirem tantos sinónimos da palavra Messias. A alguns dos nossos correspondentes em Washington, por exemplo, pouco terá faltado para que abandonassem carreira, cônjuge e filhos e se dedicassem a espalhar a palavra de Obama, o profeta que, devidamente predestinado, fez História mal nasceu.
De resto, é positivo que milhões de criaturas festejem o "regresso" aos valores da "verdadeira" América, que o malvado George W. suspendeu durante oito anos de trevas. Apenas gostaria de ser informado de que valores e de que América falamos. A de Clinton? A de Reagan? A de Nixon? A de Johnson? É certo que Kennedy, inábil e de mandato breve, ainda excitou uma pequenina fracção dos marxistas europeus. Mas não recordo outro presidente americano que o imitasse na excitação. Recordo que todos, mais "intervencionistas" ou "isolacionistas", mereceram a repulsa generalizada da esquerda internacional, incluindo aquela que, entorpecida por Obama, imagina voltar, de braços abertos e coração saudoso, a um lugar onde nunca esteve.
Além de inaugurar um futuro mítico, a "mudança" de Obama é tão possante que inventou um passado mítico a inúmeras criaturas. Não convém acordá-las. Os factos, ou a gradual descoberta de que, no essencial, também a "mudança" é mítica e a América de Obama é a América de sempre, tratarão do assunto."
Alberto Gonçalves
De resto, é positivo que milhões de criaturas festejem o "regresso" aos valores da "verdadeira" América, que o malvado George W. suspendeu durante oito anos de trevas. Apenas gostaria de ser informado de que valores e de que América falamos. A de Clinton? A de Reagan? A de Nixon? A de Johnson? É certo que Kennedy, inábil e de mandato breve, ainda excitou uma pequenina fracção dos marxistas europeus. Mas não recordo outro presidente americano que o imitasse na excitação. Recordo que todos, mais "intervencionistas" ou "isolacionistas", mereceram a repulsa generalizada da esquerda internacional, incluindo aquela que, entorpecida por Obama, imagina voltar, de braços abertos e coração saudoso, a um lugar onde nunca esteve.
Além de inaugurar um futuro mítico, a "mudança" de Obama é tão possante que inventou um passado mítico a inúmeras criaturas. Não convém acordá-las. Os factos, ou a gradual descoberta de que, no essencial, também a "mudança" é mítica e a América de Obama é a América de sempre, tratarão do assunto."
Alberto Gonçalves
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