A gasolina e o fogo
"Não vale a pena andar a tapar o Sol com a peneira. Não vale a pena andar por aí a chamar estúpidos aos indígenas. Não vale a pena tratar os cidadãos como atrasados mentais. Não vale a pena pensar que as pessoas reais deste sítio real se deixam enganar com discursos, bonitas palavras de esperança, sinais animadores.
A crise aí está, com o seu rol de desgraças. E muito provavelmente ainda não chegou ao fundo, isto é, provavelmente ainda chegará a casa de muito mais pessoas nos próximos tempos. As conversas fiadas do senhor governador do Banco de Portugal são isso mesmo. Conversas fiadas muito pouco fiáveis. Quando Vítor Constâncio admite que a economia lusa chegou ao fundo no último trimestre de 2008, é de temer o pior no primeiro trimestre de 2009.
Quando Manuel Pinho embandeirou em arco com os números do desemprego em 2008, a realidade do número de novos inscritos em Janeiro no Instituto de Emprego mostrou até que ponto se exige aos políticos prudência nas palavras e muito recato nos sinais exteriores, sejam eles quais forem. O mesmo se diga de José Sócrates, que aproveita qualquer previsão ou estatística para correr até ao espelho mais próximo para perguntar, vaidoso, se há no Mundo melhor primeiro--ministro do que ele.
Nestes tempos de angústia e desespero para milhares de famílias, todo o cuidado é pouco com o que se diz e com o que se faz. É evidente que quem assim fala nunca passou provavelmente por muitas dificuldades na vida. É evidente que andam por aí muitas almas condoídas com o sofrimento de alguns cidadãos que perderam milhões e milhões no mercado de capitais. É evidente que é muito difícil para a classe política e dirigente deste sítio deprimido, pobre, hipócrita, manhoso e cada vez mais mal frequentado perceber o que vai na alma e no corpo de quem está sem trabalho, sem dinheiro e sem qualquer perspectiva para o futuro.
Algumas palavras, alguns sorrisos, alguma arrogância, alguma ostentação, algum desprezo pela situação desesperada de muitos cidadãos podem ser gasolina deitada em cima de uma fogueira que, por enquanto, arde em lume brando. E, como a crise anda a uma velocidade estonteante e faz milhares de vítimas todos os dias, o melhor mesmo é prevenir. Os bombeiros de serviço e os seus eventuais substitutos sabem perfeitamente que não têm meios para combater um incêndio provocado por uma multidão de novos desesperados."
António Ribeiro Ferreira
A crise aí está, com o seu rol de desgraças. E muito provavelmente ainda não chegou ao fundo, isto é, provavelmente ainda chegará a casa de muito mais pessoas nos próximos tempos. As conversas fiadas do senhor governador do Banco de Portugal são isso mesmo. Conversas fiadas muito pouco fiáveis. Quando Vítor Constâncio admite que a economia lusa chegou ao fundo no último trimestre de 2008, é de temer o pior no primeiro trimestre de 2009.
Quando Manuel Pinho embandeirou em arco com os números do desemprego em 2008, a realidade do número de novos inscritos em Janeiro no Instituto de Emprego mostrou até que ponto se exige aos políticos prudência nas palavras e muito recato nos sinais exteriores, sejam eles quais forem. O mesmo se diga de José Sócrates, que aproveita qualquer previsão ou estatística para correr até ao espelho mais próximo para perguntar, vaidoso, se há no Mundo melhor primeiro--ministro do que ele.
Nestes tempos de angústia e desespero para milhares de famílias, todo o cuidado é pouco com o que se diz e com o que se faz. É evidente que quem assim fala nunca passou provavelmente por muitas dificuldades na vida. É evidente que andam por aí muitas almas condoídas com o sofrimento de alguns cidadãos que perderam milhões e milhões no mercado de capitais. É evidente que é muito difícil para a classe política e dirigente deste sítio deprimido, pobre, hipócrita, manhoso e cada vez mais mal frequentado perceber o que vai na alma e no corpo de quem está sem trabalho, sem dinheiro e sem qualquer perspectiva para o futuro.
Algumas palavras, alguns sorrisos, alguma arrogância, alguma ostentação, algum desprezo pela situação desesperada de muitos cidadãos podem ser gasolina deitada em cima de uma fogueira que, por enquanto, arde em lume brando. E, como a crise anda a uma velocidade estonteante e faz milhares de vítimas todos os dias, o melhor mesmo é prevenir. Os bombeiros de serviço e os seus eventuais substitutos sabem perfeitamente que não têm meios para combater um incêndio provocado por uma multidão de novos desesperados."
António Ribeiro Ferreira
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