terça-feira, abril 07, 2009

As forças visíveis

"Quem é Lopes da Mota, a nova e radiosa personagem do caso Freeport? A questão é duplamente pertinente, já que alguma imprensa, pouco versada no homem, começou por lhe chamar Lopes da Costa. Talvez "da Mota" seja alcunha, ao estilo de "Chico da
Carrinha" ou "José Diogo do Tractor".

Baptismo de lado, importa que o dr. da Mota é magistrado, passou pelo tribunal de
Felgueiras e pela secretaria de Estado da Justiça no primeiro executivo de António Guterres, chegou a secretário-geral da PGR e, desde 2002, preside ao organismo que combate a corrupção e o crime organizado na União Europeia. Noutra perspectiva, a que saiu nos jornais com imensas variações do substantivo "alegado", o dr. da Mota foi o amigo de Fátima Felgueiras sobre quem recaíram suspeitas de ter alertado previamente a senhora para a investigação que a visava. Foi o substituto "natural" de Cunha Rodrigues na PGR que, aparentemente graças às suspeitas (arquivadas) acima, não chegou a ser. E foi a sumidade que, há sete anos, correu para o Eurojust antes que o Governo mudasse de cor ou antes que o Eurojust fechasse as portas por não contar com os seus valiosíssimos préstimos.

Hoje, ainda de acordo com os jornais, adiciona ao posto em Haia alegadas funções de intermediário do Governo junto dos investigadores do Freeport. Os investigadores, alegadamente, admitem que a generosidade do dr. da Mota lhes permitiu a alegada escolha: ou arquivavam o processo ou teriam percalços na carreira. Confrontado com a alegação de pressões, o PGR garantiu não existirem pressões. A seguir, garantiu ir investigar a existência de pressões. Depois, tentou em vão convencer os investigadores e o dr. da Mota a declararem em uníssono a inexistência de pressões. Por fim, e por enquanto, criticou a procuradora adjunta por não o avisar das pressões.

A moral da história? Aqui, os dois termos parecem incompatíveis, mas sobretudo há que lamentar o azar do eng. Sócrates: além das forças ocultas, também as forças visíveis, e escancaradas, deram em conspirar contra ele
."

Alberto Gonçalves

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