"Não-compro-hoje-porque-os-preços-vão-cair-amanhã"...
"Há muito boa gente alvoroçada com o comportamento do índice de preços no consumidor, que está a evoluir a taxas negativas.
A teoria é que se a inflação negativa se mantiver isso poderá influenciar os consumidores a adiarem decisões de compra, configurando um cenário de deflação.
Como os últimos meses mostraram, a Economia é uma ciência pouco exacta. Precisamente porque é muito difícil prever o comportamento dos sujeitos e agentes económicos, nomeadamente em momentos de instabilidade. Por isso, é de bom senso admitir que a deflação é possível. Mas não provável. Porquê? Uma espreitadela ao IPC de Março ajuda a perceber. A inflação subjacente, aquela que elimina os itens mais voláteis, como os preços da energia e da alimentação, cresceu a taxas próximas de 1%. Ora, isto mostra que os consumidores não pararam de consumir; abrandaram foi o ritmo a que adquiriam bens e serviços.
É verdade que, em alguns casos, esse abrandamento foi violento. Mas não há nada que sugira que a psicologia de "não-compro-hoje-porque--os-preços-vão-cair-amanhã" se tenha enraizado na psicologia das famílias. As coisas podem mudar, nomeadamente por influência externa? Sim. Mas o que os números sugerem é que, se a confiança começar a mudar, corremos o risco de ter a situação exactamente oposta: os preços podem recomeçar a subir (não apenas em Portugal) mais depressa do que se julga. É por isso que não se pode levar a mal a cautela do BCE."
Camilo Lourenço
A teoria é que se a inflação negativa se mantiver isso poderá influenciar os consumidores a adiarem decisões de compra, configurando um cenário de deflação.
Como os últimos meses mostraram, a Economia é uma ciência pouco exacta. Precisamente porque é muito difícil prever o comportamento dos sujeitos e agentes económicos, nomeadamente em momentos de instabilidade. Por isso, é de bom senso admitir que a deflação é possível. Mas não provável. Porquê? Uma espreitadela ao IPC de Março ajuda a perceber. A inflação subjacente, aquela que elimina os itens mais voláteis, como os preços da energia e da alimentação, cresceu a taxas próximas de 1%. Ora, isto mostra que os consumidores não pararam de consumir; abrandaram foi o ritmo a que adquiriam bens e serviços.
É verdade que, em alguns casos, esse abrandamento foi violento. Mas não há nada que sugira que a psicologia de "não-compro-hoje-porque--os-preços-vão-cair-amanhã" se tenha enraizado na psicologia das famílias. As coisas podem mudar, nomeadamente por influência externa? Sim. Mas o que os números sugerem é que, se a confiança começar a mudar, corremos o risco de ter a situação exactamente oposta: os preços podem recomeçar a subir (não apenas em Portugal) mais depressa do que se julga. É por isso que não se pode levar a mal a cautela do BCE."
Camilo Lourenço
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