Altas pressões
"Jornalista: "Acha que está em causa a credibilidade de Portugal no Eurojust?"
Cavaco Silva: "Essa sua pergunta não é justa, 'just' aqui na Turquia, mesmo quando o espírito é 'euro', ou seja, europeu."
Ainda que as certezas na matéria estejam dependentes das conclusões relativas a um processo relativo às averiguações relativas a um inquérito, parece haver indícios de que, durante um almoço, o procurador Lopes da Mota tentou convencer "velhos amigos" magistrados a arquivarem ou desleixarem o caso Freeport. Curiosamente, não há indícios de que o tenha feito a pedido. Pelos vistos, parte-se do princípio de que o director do Eurojust costuma interromper refeições com avisos despropositados aos restantes comensais.
Nada de especial. Até eu tenho o hábito de, entre as entradas e o cabrito, ameaçar os meus amigos com insinuações terríveis (principalmente se estamos quatro à mesa e o restaurante só dispõe de três doses). A vantagem é que os meus amigos não se queixam ao procurador-geral e ao presidente da República. Os amigos do dr. Lopes da Mota, que não observam a discrição maçónica do dr. António Arnaut, queixaram-se de "pressões", as quais, a ser verdade que surgiram de moto próprio, podem estragar a sobremesa mas não trazem mal ao mundo. A ser verdade.
A dúvida instala-se quando nos lembramos de que o caso Freeport é o mesmo que leva a justiça a constituir arguidos suspeitos de corrupção e não desconfia da existência de corrompidos. A coacção sem beneficiário junta-se então à situação de suborno consumado sem subornados, figura jurídica que o denso jargão do ramo designa por parvoíce.
Se o Freeport envolvesse outros crimes ou delitos, poderíamos esperar assistir a diversos e entusiasmantes tipos de divórcios litigiosos de pessoas solteiras e julgamentos de homicídios em que ninguém morreu. Assim como está, resta-nos esperar pela justiça, seja a portuguesa, a inglesa ou a instituição europeia que, por exemplo no Freeport, articula ambas. Falo, claro, do Eurojust dirigido pelo irremovível Lopes da Mota, uma garantia de isenção e de que a espera valerá a pena, isto dependendo da quantidade de piadas do prof. Cavaco que tivermos de aguentar entretanto."
Alberto Gonçalves
Cavaco Silva: "Essa sua pergunta não é justa, 'just' aqui na Turquia, mesmo quando o espírito é 'euro', ou seja, europeu."
Ainda que as certezas na matéria estejam dependentes das conclusões relativas a um processo relativo às averiguações relativas a um inquérito, parece haver indícios de que, durante um almoço, o procurador Lopes da Mota tentou convencer "velhos amigos" magistrados a arquivarem ou desleixarem o caso Freeport. Curiosamente, não há indícios de que o tenha feito a pedido. Pelos vistos, parte-se do princípio de que o director do Eurojust costuma interromper refeições com avisos despropositados aos restantes comensais.
Nada de especial. Até eu tenho o hábito de, entre as entradas e o cabrito, ameaçar os meus amigos com insinuações terríveis (principalmente se estamos quatro à mesa e o restaurante só dispõe de três doses). A vantagem é que os meus amigos não se queixam ao procurador-geral e ao presidente da República. Os amigos do dr. Lopes da Mota, que não observam a discrição maçónica do dr. António Arnaut, queixaram-se de "pressões", as quais, a ser verdade que surgiram de moto próprio, podem estragar a sobremesa mas não trazem mal ao mundo. A ser verdade.
A dúvida instala-se quando nos lembramos de que o caso Freeport é o mesmo que leva a justiça a constituir arguidos suspeitos de corrupção e não desconfia da existência de corrompidos. A coacção sem beneficiário junta-se então à situação de suborno consumado sem subornados, figura jurídica que o denso jargão do ramo designa por parvoíce.
Se o Freeport envolvesse outros crimes ou delitos, poderíamos esperar assistir a diversos e entusiasmantes tipos de divórcios litigiosos de pessoas solteiras e julgamentos de homicídios em que ninguém morreu. Assim como está, resta-nos esperar pela justiça, seja a portuguesa, a inglesa ou a instituição europeia que, por exemplo no Freeport, articula ambas. Falo, claro, do Eurojust dirigido pelo irremovível Lopes da Mota, uma garantia de isenção e de que a espera valerá a pena, isto dependendo da quantidade de piadas do prof. Cavaco que tivermos de aguentar entretanto."
Alberto Gonçalves
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Outro assunto:
"Há mudanças nas regras sobre o despejo de um inquilino em regime de arrendamento social. A lei agora publicada em Diário da República revogou um decreto do tempo de Salazar (1945), que previa o despejo por comportamentos morais e civis «indignos» ao direito à habitação."
Estes não são realmente tempos dados a moralidades...
Sá Morais
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