sábado, junho 13, 2009

O fim da esquerda moderna

"Mais do que castigar um partido, uma pessoa ou um estilo, as eleições de domingo derrotaram um projecto: o da "esquerda moderna". Com José Sócrates, o Partido Socialista quis representar à esquerda a consciência de que é preciso preparar o país para voltar a crescer através dos mercados mundiais.

A ideia era fazer da "esquerda moderna" o principal agente de reforma em Portugal. Em 2005, a operação resultou. Desde então, porém, nada correu bem. O país não mudou. Já antes da crise internacional do Outono de 2008, Sócrates pouco mais tinha para mostrar do que conflitos corporativos. Por outro lado, à esquerda, a influência dos modernizadores recuou perante a dos saudosistas do PREC. No domingo, PCP e BE dividiram com o PS o voto de esquerda em partes quase iguais. Sócrates enfrenta agora o terrível dilema dos socialistas franceses: se "vira à esquerda", espanta a opinião reformista para a direita; se insiste num "reformismo" rejeitado por demasiada gente à esquerda, reforça comunistas e neocomunistas.

A bola está no campo das direitas. Conseguirão PSD e CDS formular o projecto de uma nova maioria reformista, aberta e plural? Se sim, talvez possam captar os "modernizadores" que estão no PS – o equivalente dos reformadores que em 1979 saíram do PS para a AD – e deixar o resto das esquerdas entretido a reviver em minoria o sectarismo de 1975
."

Rui Ramos

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